"Parece muito boa", comenta Roberta Ribeiro, coordenadora do Laboratório Municipal de Saúde Pública do Rio de Janeiro, enquanto olhava para um monte de carne vermelha.

Roberta Ribeiro diz, entretanto, que os inspetores deram início a uma campanha para avaliar os vendedores de carne em toda a cidade, em resposta às alegações de que grandes frigoríficos estariam a falsificar os certificados de saúde e a mascarar a carne estragada para exportação. "Com todas as notícias nos média, com tudo o que aconteceu, decidimos intensificar a operação", disse Ribeiro.

Mas os cientistas, que trabalham numa instalação de alta tecnologia, não esperam encontrar grandes problemas. A higiene da produção brasileira de alimentos "é boa, acho que geralmente isso não é uma preocupação. Então, quando há uma operação policial como esta, torna-se um escândalo", avalia Roberta Ribeiro.

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Quando lhe perguntaram se as revelações tinham feito com que ela pensasse duas vezes antes de comer carne produzida no Brasil, Roberta Ribeiro, de 34 anos, sorriu. "Eu sou carnívora", ripostou de forma irónica.

Exportação de carne imprópria

A polícia alega que a gigante do setor BRF e outras empresas exportaram carnes aprovadas por inspetores subornados para deixar passar produtos estragados ou alterados. As práticas incluíam até misturar papel e cartão com carne de frango.

O Laboratório Municipal de Saúde Pública do Rio de Janeiro, equipado com um dispositivo de captura de imagens em 3D e outros aparelhos complexos, testa a comida vendida localmente.

"Estamos à procura de corpos estranhos e se o produto foi alterado ou mascarado com uma substância ilegal", disse Ribeiro.  O objetivo para os inspetores é tranquilizar o público, acrescenta a inspetora-chefe.

Segundo o Presidente do Brasil, Michel Temer, as vendas de carne má são uma exceção à regra. "Temos mais ou menos 4.850 fábricas de processamento, apenas três foram fechadas e 18 ou 19 serão investigadas", disse Temer na segunda-feira. O agronegócio brasileiro não pode ser desacreditado por causa de "um pequeno grupo", acrescentou.

Os cientistas do laboratório do Rio não têm certeza de se a carne é particularmente perigosa quando se trata de riscos para a saúde. "Eu acho que o peixe é a área mais problemática, porque se deteriora muito rapidamente", disse Julia Simões, colega de Roberta Ribeiro, citando as feiras ao ar livre da cidade, onde o produto fica exposto ao sol tropical.