"Há também enfermeiros que ali trabalham há anos e nunca assinaram qualquer contrato", constatou o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), numa recente visita que efetuou à instituição.
"É péssimo um hospital como o da Guarda ter tantos enfermeiros com vínculos precários, quando a sua necessidade permanente está mais do que comprovada; afinal, estamos a falar do interior do país, onde não existem assim tantos profissionais e é preciso criar aliciantes para a sua fixação", refere Nuno Couceiro, coordenador da região Centro do SINDEPOR.
"Mas o que mais nos espantou no Hospital da Guarda é existirem enfermeiros ao serviço que nunca assinaram nenhum contrato. Como é que isto é possível? Estamos habituados a grandes diferenças no tratamento dos enfermeiros nas várias instituições do SNS, mas isto ultrapassa todos os limites", lamenta Nuno Couceiro.
Nesta recente visita ao Hospital da Guarda, o SINDEPOR identificou, nos serviços por onde passou, um acumulado superior a 24 mil horas extra feitas por enfermeiros. Trata-se de horas que nem são pagas, nem são gozadas como tempo de descanso.
"Estes milhares de horas extra acumuladas em vários serviços mostram bem a ‘gestão’ que neste momento vigora no Hospital da Guarda. Os enfermeiros são, mais uma vez, os prejudicados, porque são obrigados ou aliciados a trabalhar um número de horas claramente excessivo e não vêem qualquer compensação por isso", critica Nuno Couceiro, para quem este é mais um exemplo de que o SNS "está, na generalidade, cada vez pior, apesar das pseudo melhorias que o Governo constantemente anuncia".
Com todos estes problemas, o Hospital da Guarda ainda opta por não renovar contratos de alguns dos enfermeiros com vínculos precários, lançando-os no desemprego. "São situações muito tristes e lamentáveis as que encontrámos nos serviços que visitámos e só podemos exigir que a administração do Hospital da Guarda tome medidas para resolver estes problemas", apelou Nuno Couceiro.
Já após a visita do SINDEPOR, foram dispensados três enfermeiros que tinham contratos precários e fechadas 8 camas em Medicina B no final da semana passada. Decisões prejudiciais para os profissionais dispensados, mas também para os utentes, que assim vêem reduzida a capacidade de assistência oferecida pelo Hospital da Guarda.
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