A iniciativa partiu de um grupo de enfermeiros do Norte, mas, entre os cerca de 30 sócios fundadores do SITEU, “há profissionais do Algarve ao Minho”, garantiu, em declarações à agência Lusa, a presidente Gorete Pimentel, sublinhando que este sindicato terá “abrangência nacional”.
“Entendemos que um sindicato tem de ser completamente independente e não pode estar preso a amarras políticas nem de federações como CGTP [Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses] ou UGT [União Geral de Trabalhadores]. Temos de ser completamente independentes para podermos lutar pelas nossas causas. Achamos que os sindicatos existentes estão muito presos politicamente e não conseguem defender a classe laboral”, descreveu a responsável.
Gorete Pimentel contou que o SITEU “está constituído com uma comissão instaladora e tem uma direção a funcionar”, acrescentando que atualmente está em curso um programa de ações que visa a divulgação do sindicato.
“Ainda não estamos a representar pessoas, porque estamos na fase de constituição. Vamos começar a angariação de sócios. Quem entender que se revê na nossa missão, na nossa vontade de fazer as coisas, é muito bem-vindo. Os nossos colegas enfermeiros que estão descontentes com o que se tem passado, têm de perceber ao que vimos e livremente associarem-se”, referiu Gorete Pimentel.
A presidente do SITEU apontou que a ideia de criar um novo sindicato prende-se com o facto de a classe estar “inconformada com o estado atual do setor da enfermagem, do Serviço Nacional de Saúde, da carreira e das políticas existentes”.
Já num comunicado de apresentação, o SITEU refere que a constituição desta nova estrutura sindical “resulta da iniciativa de um conjunto alargado de enfermeiros descontentes com o atual panorama da profissão em Portugal”.
De acordo com o SITEU “existem 76.000 enfermeiros em Portugal, mas apenas cerca de 10.000 são sindicalizados”.
O SITEU considera, conforme se lê na nota, “essencial que sejam cumpridos os rácios enfermeiro/doente, com dotações seguras”, pelo que pretende “exigir a contratação de profissionais para suprir as necessidades”.
“É a saúde dos doentes e dos enfermeiros que está em causa. Portugal conquistou ganhos em saúde nas últimas décadas que não podemos perder, não queremos um retrocesso civilizacional e é isso que está em causa”, lê-se no documento.
Já no que diz respeito a reivindicações para os profissionais, o SITEU promete “lutar por melhores condições salariais, nomeadamente pelo cumprimento do descongelamento das carreiras negociado para o Orçamento de Estado de 2018”.
Outra reivindicação é que a idade da reforma dos enfermeiros passe para os 60 anos e que a profissão seja reconhecida como uma profissão de desgaste rápido e de risco acrescido.
Por fim, questionada sobre a forma de financiamento desta nova estrutura, Gorete Pimentel avançou que o SITEU é financiado “neste momento principalmente” por si e por colegas que fazem parte da direção.
“Cada um dá o que pode para serem pagas as despesas inicialmente. Quando tivermos sócios, será financiado pelas quotas dos sócios. Estamos a fazer voluntariado, a dar do nosso tempo para lutarmos por todos. Quem se revir nas nossas causas vai-se associar ao SITEU. Quanto maior formos, mas voz teremos e com certeza vamos falar com Governo e com as bancadas parlamentares”, terminou.
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