19 de julho de 2013 - 15h05
Especialistas em oceanos não encontraram alterações anómalas, biológicas ou de poluição, que expliquem as queixas de alergias nalgumas praias e continuam a seguir os casos com atenção, disse hoje o presidente do Instituto do Mar e Atmosfera.
"Não vemos alterações do meio natural nem do meio intervencionado pelo homem que justifiquem a existência de um perigo acrescido para a população", disse à agência Lusa o responsável do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), chamando a atenção para o facto de que "tudo o que tem sido revelado até agora apresenta níveis de perigosidade aparentemente muito baixos".
Registaram-se vários casos de irritação cutânea em pessoas que estiveram na água de algumas praias, de Lisboa ao Algarve, e as autoridades já tinham listado 165 queixas de irritação cutânea na Costa de Caparica e linha de Cascais, desde o dia 10 de julho.
"Aparentemente, há um número significativo de queixas, mas o número de pessoas que realmente precisou de apoio junto do sistema de saúde é muito reduzido e não há qualquer descrição objetiva de um sindroma que possa ser caracterizado de forma clara", disse Jorge Miranda.
Quanto ao meio natural, "todas as análises realizadas vão no sentido de que tanto as espécies plantónicas, como a sua concentração, apresentam valores normais para a época, e não vemos qualquer alteração do meio natural" que possa ser a causa de qualquer irritação acrescida da pele.
"Não estamos a dizer que não há, estamos a dizer que não fomos capazes de encontrar e desenvolvemos até agora todos os esforços nesse sentido, os nossos serviços não detetaram [qualquer anomalia] nem no fitoplâncton nem no zooplâncton, a água está razoavelmente transparente, existem valores elevados, mas é normal no mês de julho", especificou o presidente do IPMA.
Acerca da hipótese de poluição, Jorge Miranda frisou que "a maioria dos produtos químicos que poderia gerar toxicidade acrescida não poderiam afetar uma extensão da costa que fosse de Lisboa ao Algarve" e as análises feitas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) "mostram o cumprimento de todas as normas de boa qualidade da água".
No entanto, o responsável garantiu que qualquer relato de um cidadão que remeta para uma relação com problemas de pele (alergias ou simples comichão) "é imediatamente tratado nos laboratórios".
O presidente do IPMA recordou que a situação oceanográfica deste ano "não é muito vulgar", principalmente nas variações de temperatura da água, mas "a circulação tanto atmosférica como oceânica está a repor a normalidade de verão".
"Até pode ter havido um agente oceânico que tenha entrada mais perto da costa e que desapareça sem que nós sejamos capazes de o localizar", acrescentou.
"Não acreditamos que todas as descrições sejam um produto da psiciologia social, existe algum padrão nas observações que tem alguma regularidade espacial e estamos alerta para a identificação de agente qualquer que possa estar na base dos sintomas referidos", garantiu Jorge Miranda.
Lusa