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Greve vai afetar serviços em hospitais e centros de saúde, como consultas e cirurgias
9 de julho de 2013 - 06h15
Os enfermeiros iniciam hoje uma greve de dois dias em protesto contra a degradação das condições de trabalho, mas para o Ministério da Saúde trata-se de uma “estratégia de intimidação” do sindicato, que preferiu “a via do não diálogo”.
A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Guadalupe Simões, explicou que a greve marcada para terça e quarta-feira vai afetar vários serviços em hospitais e centros de saúde, designadamente as consultas e as cirurgias.
Guadalupe Simões disse à Lusa que o sindicato decidiu avançar com dois dias de greve, porque o ministro Paulo Macedo se comprometeu a agendar uma reunião com os enfermeiros para discutir matérias urgentes e não cumpriu.
“O ministro comprometeu-se a agendar uma reunião entre o dia 17 e 25 de junho para abordar matérias que estão inseridas dentro de um caderno reivindicativo. Como a reunião não se concretizou não nos deixaram outra hipótese senão levar a cabo a greve terça e quarta-feira”, sublinhou.
Segundo Guadalupe Simões, os enfermeiros estão revoltados com “a degradação das condições de trabalho”, nomeadamente o aumento do horário de trabalho para as 40 horas semanais sem remuneração e os cortes no setor da saúde, que permitem que existam enfermeiros a ganhar 3,4 euros/hora, e a situação dos profissionais a Contrato Individual de Trabalho.
“O Ministério da Saúde empurrou-nos para esta greve sabendo da importância das matérias que precisavam ser abordadas. Não agendou a reunião apesar dos nossos contactos diários”, disse a dirigente.
No entanto, o Ministério da Saúde rejeita as acusações, afirmando que o seu diálogo com os sindicatos tem sido “sistemático”.
Segundo fonte do gabinete do ministro, a tutela reuniu-se quatro vezes com o SEP, desde dezembro de 2012 e “outras tantas” com os restantes sindicatos, tendo a última reunião com o SEP ocorrido a 6 de junho e estando mais uma marcada para o final desta semana.
“O SEP remeteu um caderno reivindicativo a 24 de junho, encontrando-se o mesmo na ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] para análise desde 27 de junho. Por ter o SEP apresentado um caderno reivindicativo há duas semanas, não se afigura razoável imputar à falta de reuniões a necessidade de qualquer paralisação”, afirmou a mesma fonte.
O Ministério da Saúde sublinha ainda que o SEP fez publicar na imprensa o aviso prévio de greve exatamente no mesmo dia em que enviou o caderno reivindicativo para o Ministério da Saúde.
Fica assim “claro que se trata de uma estratégia de ‘intimidação’, exatamente o contrário da via de diálogo que o SEP afirma prosseguir. A via do não diálogo foi a que o sindicato preferiu”, acrescentou.
O sindicato dos enfermeiros espera uma “adesão à greve massiva, o que irá causar vários transtornos nos serviços nomeadamente nas consultas externas, cirurgias e nos centros de saúde”, tendo publicado uma carta aberta nos jornais de hoje, alertando os utentes para a “degradação dos cuidados de saúde” e a “diminuição das condições de trabalho”.
Apesar de “não encontrar quaisquer motivos para a convocação da greve”, o Ministério reafirma “a confiança que deposita no profissionalismo dos enfermeiros para que os serviços mínimos sejam assegurados, reduzindo-se assim potenciais danos aos cidadãos”.
SAPO Saúde com Lusa
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