20 de junho de 2014 - 13h22

A líder da Ordem dos Enfermeiros (OE) na Região Centro, Isabel Oliveira, enalteceu hoje a evolução da saúde em Portugal dos últimos 30 anos, mas alertou também que o acesso dos cidadãos aos cuidados pode “retornar ao passado”.

“De que nos serve termos os melhores cuidados de saúde que a ciência e tecnologia podem oferecer à população? De que nos serve termos dos melhores profissionais de saúde do mundo, se não existem em número suficiente e se a população não tem acesso a eles?”, questiona Isabel Oliveira, numa publicação gratuita que a Secção Regional do Centro da OE distribui hoje aos cidadãos.

Numa nota para divulgar a revista “Enfermagem e o Cidadão”, a estrutura regional da OE afirma que “Portugal presta dos melhores cuidados de saúde da Europa – e porventura do mundo – mas corre o risco de regredir décadas, com as medidas em curso e pela ausência das adequadas”.

“Temos consciência de que efetivamente prestamos excelentes cuidados de saúde”, refere Isabel Oliveira no editorial da publicação, comparando a realidade portuguesa com a da Europa e do mundo em geral.

Ressalva, no entanto, que “resta saber o que fica por prestar”, já que os profissionais de saúde “existem nos serviços em número cada vez menor, com exigências técnicas, científicas e burocráticas cada vez maiores e pouco ou nenhum reconhecimento do valor que desempenham para a construção e crescimento de uma sociedade saudável e produtiva”, segundo a nota divulgada pelo conselho diretivo regional da Ordem dos Enfermeiros.

“Temos qualidade… E acesso aos cuidados de saúde, temos?”, pergunta a presidente do conselho diretivo.

A título de exemplo, Isabel Oliveira refere uma visita que realizou a um agrupamento de centros de saúde da região, onde verificou que “cerca de 38 mil utentes” não têm um enfermeiro de família.

“Profissionais que se reformam e não são substituídos, dificuldades (quase impossibilidades, diria) na contratação de novos profissionais, concursos que abrem para a admissão de novos profissionais, mas que não fecham, nem andam para lado nenhum”, acentua.

Com uma tiragem de 14 mil exemplares, o número 38 da revista “Enfermagem e o Cidadão” começou hoje a ser distribuído gratuitamente na Região Centro.

Por Lusa