Uma psicóloga que apoia doentes oncológicos alertou hoje para o impacto de notícias sobre alegados cortes na despesa com medicamentos, que se seguiram ao parecer do Conselho de Ética, que podem proporcionar sentimentos de abandono.

Num parecer sobre o custo dos medicamentos, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) considera que existe fundamento ético para que o Serviço Nacional de Saúde promova medidas para conter custos com medicamentos, tentando assegurar uma “justa e equilibrada distribuição dos recursos”.

Este órgão consultivo recomenda que as decisões sobre racionalização de custos sejam baseadas “entre os mais baratos dos melhores” [fármacos de comprovada efetividade] e não sobre “os melhores dos mais baratos”.

Perante esta posição, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou inadmissível que o CNECV venha defender "a passagem de um racionamento implícito para um racionamento explícito”, na área dos medicamentos.

“Não podemos tolerar qualquer racionamento. O que tem de haver é racionalização dos recursos”, afirmou José Manuel Silva.

Para Cecília Pinto, psicóloga da Linha Cancro (808255255), da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), toda a discussão que se seguiu à notícia sobre o parecer “pode ter um impacto psicológico, criando a ideia de que não vai haver tratamento e de que as pessoas vão ficar à margem”.

Estas notícias “podem ter um impacto psicológico, criando a ideia de que não vai haver tratamento, de que as pessoas vão ficar à margem”, disse à Lusa.

Ressalvando que “cada caso é um caso”, a psicóloga sublinhou que “há doentes que são muito suscetíveis a este tipo de notícia”, podendo questionar se ainda estão a apostar neles ou se já desistiram de lhes dar as melhores condições”.

28 de setembro de 2012
@Lusa