“A expansão do novo coronavírus covid-19 tem deixado muitas mulheres e casais com problemas de fertilidade, que estão em tratamento, perante a incerteza do que fazer neste momento”, refere a associação em comunicado. Perante esta situação, a associação considera que é essencial procurar respostas nas equipas médicas que estão a acompanhar estes casos.

“De forma a tranquilizar quem se encontra em tratamento de fertilidade”, o diretor de laboratório de Procriação Medicamente Assistida (PMA) da Ferticentro e consultor da Direção-Geral de Saúde, Vladimiro Silva, afirma na nota que “não existem evidências fortes de quaisquer efeitos negativos da infeção covid-19 na gravidez, especialmente na sua fase inicial”.

Vladimiro Silva adianta que “existem alguns casos de mulheres que testaram positivo para a infeção covid-19 que deram à luz crianças saudáveis, não portadoras da doença".

"Até à data não está documentado qualquer caso em que tenha ocorrido transmissão vertical do vírus. Também não temos dados científicos que nos permitam dizer que a realização de tratamentos de infertilidade no contexto atual esteja associada a qualquer risco”, defende o especialista.

Ressalva, no entanto, que é importante esclarecer que “cada caso é um caso e depende muito de cada casal e até das circunstâncias em que trabalha o centro de Procriação Medicamente Assistida e a equipa médica e científica que o compõem”.

“Um centro de PMA que esteja incluído num hospital que está na primeira linha do combate ao covid-19 não pode atuar da mesma forma que outro que esteja num local completamente independente e que permita a adoção de medidas preventivas do contágio”, exemplificou.

O especialista adianta que “não faz sentido a realização de tratamentos em pessoas que cumprem os critérios para estar em quarentena ou isolamento profilático, sendo aliás até aconselhável interromper os processos clínicos nestas situações”.

Por outro lado, “doentes que não estejam nestas circunstâncias e tenham os tratamentos planeados para uma data específica após longos processos de preparação, com impossibilidade logística de o fazer noutra altura ou perante o risco de diminuição da reserva ovárica, podem ser tratados desde que garantidas as condições de segurança do processo”.

A presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade, Cláudia Vieira, defende, por seu turno, que “é importante que os casais confiem no aconselhamento da sua equipa médica e manter a calma, apesar da situação atípica” que se vive atualmente.

A responsável assegura que a associação está a acompanhar a situação da PMA desde que foram registadas as primeiras alterações no funcionamento dos centros, indicando que têm sido dadas garantias às mulheres e casais que os procedimentos já agendados irão decorrer sob as condições necessárias e obrigatórias de segurança e proteção.

O Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) e a Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução já tinham alertado que têm de ser acautelados os direitos das mulheres cujos tratamentos de infertilidades foram adiados devido à pandemia covid-19 e que estão próximas do limite de idade (40 anos).