O primeiro-ministro afirmou hoje que Portugal autorizou a compra de 6,9 milhões de vacinas contra a COVID-19, uma medida que resulta de uma coordenação entre países da União Europeia e à qual o Estado alocará 20 milhões de euros.
"A União Europeia (UE) coordenou uma aquisição conjunta para os diferentes países. Hoje, num Conselho de Ministros eletrónico, autorizámos a aquisição do primeiro lote de seis milhões e 900 mil vacinas. A UE selecionou seis das diversas vacinas que estão em desenvolvimento a nível mundial como as seis onde valia a pena investir", disse António Costa, que falava em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, numa visita ao centro hospitalar local.
Também o comunicado do Conselho de Ministros Extraordinário entretanto divulgado refere que a autorização para o investimento é de 20 milhões de euros e que desta forma "o Estado português se associa assim à aquisição de vacinas contra a COVID-19 no âmbito do procedimento europeu centralizado".
"A resolução do Conselho de Ministros hoje aprovada corresponde à primeira fase dos procedimentos aquisitivos, a realizar em 2020, assegurando a aquisição de 6,9 milhões de doses e assumindo como referência a estratégia nacional e correspondentes populações-alvo a definir pela Direção-Geral da Saúde (DGS)", lê-se no comunicado.
Em Gaia, António Costa, que esteve ao lado da ministra da Saúde, Marta Temido, visitou as obras do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, empreitada que integra o Plano de Reabilitação Integrado e está dividida por fases sendo que neste momento está em conclusão a fase B que representa um investimento de 13 milhões de euros em infraestruturas e dois milhões de euros em equipamentos - descreveu o dia como "muito importante".
"Hoje é um dia importante porque demos um passo fundamental para podermos acreditar que está ao nosso alcance aquele dia fundamental sem o qual não podemos dar esta crise por ultrapassada que é o dia em que há uma vacina desenvolvida pela ciência e produzida pela indústria, mas devidamente comercializada, distribuída e acessível à população", disse o primeiro-ministro.
António Costa recordou, no entanto, que "até haver uma imunização geral da população ou um tratamento" é preciso estar preparado.
"Os otimistas acreditam no final deste ano haverá os primeiros lotes. Os realistas têm de acreditar que os otimistas têm razão, mas temos de nos preparar para que assim possa não ser. Até haver uma imunização geral da população ou um tratamento para esta doença, temos de estar preparados para o pior para que o melhor se consiga fazer", referiu.
António Costa ainda fez uma referência em forma de apelo à DGS, apontando confiar no trabalho das autoridades de saúde na preparação da distribuição da vacina.
"Confiamos que a DGS defina os critérios a que devem obedecer à vacinação progressiva, universal e gratuita da população portuguesa para assegurar a imunização", disse o primeiro-ministro, que falava junto a um mural de homenagem a profissionais de saúde que foi hoje inaugurado no CHVNG/E, centro hospitalar que quer ter pronta em novembro uma nova unidade de cuidados intensivos orçada em 3,3 milhões de euros.
"Hoje testemunhamos o arranque [das obras] da unidade de cuidados intensivos. É muito importante porque se acontecer o pior vamos estar melhor preparados (…). Este vosso exemplo ilustra bem o que tem de ser a atitude. Temos sempre de desejar o melhor e estar sempre preparados para o pior", disse António Costa, lembrando que o outono e o inverno estão a chegar e que o país tem de estar preparado.
António Costa reiterou a ideia de que Portugal não poderá passar por uma nova fase de confinamento, referiu-se à reabertura de escolas e disse que o futuro tem de ser encarado com "cautela e cuidados" perante "essa realidade nova, essa coisa nova que é a COVID-19".
"O vírus é muito novo e não se sabe verdadeiramente como se comporta. Há uma coisa que sabemos - a experiência da vida mostrou-nos isso - as pessoas adoecem mais no outono e no inverno. Temos de nos preparar com a consciência de que não vamos poder ter no próximo ano a capacidade de resposta que tivemos em março quando decidimos encerrar as escolas. Não vamos poder voltar a encerrar totalmente empresas, atividades empresariais, porque isso significa milhares de postos de trabalho em risco e uma destruição coletiva da riqueza do nosso país e do funcionamento da nossa sociedade", concluiu.
A pandemia de COVID-19 já provocou mais de 787 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.786 em Portugal.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
Em Portugal, morreram 1.788 pessoas das 54.992 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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