Paulo Teixeira tornou-se em poucos dias um autêntico fenómeno de popularidade no Instagram, com a aula ao vivo de atividade física mais vista desta rede social. Depois de ter chegado a diretor técnico de uma das mais populares cadeias de 'health clubs' em Portugal, este licenciado em Educação Física e Desporto decidiu enveredar por uma carreira a solo. Adepto da prática de desporto ao ar livre, Paulo Teixeira foi surpreendido pela declaração de quarentena e decidiu apostar no contacto online. O resultado foi melhor do que alguma vez imaginara.

"Ter algo nas redes sociais era uma ideia em que já tinha, mas que nunca tinha executado. As circunstâncias atuais incentivaram a que isso acontecesse e hoje tenho a 'live' de exercício físico mais vista do momento no Instagram, com 40 mil pessoas a ver e 100 mil durante as 24 horas em que o vídeo está disponível", revela surpreendido o 'personal trainer'.

Paulo reconhece que estes são "tempos diferentes" e explica que a ideia é "chegar a todos os portugueses que estão em casa e não podem fazer exercício físico, ou até aos que não faziam". No fundo, explica em entrevista à agência Lusa, "são exercícios simples e funcionais, adequados a 98% da população, e como são só 16 minutos qualquer um aguenta".

Apesar do sucesso da emissão ao vivo, que vai para o ar todos os dias a partir das 19:30, Paulo Teixeira admite que não é deste modo que mais gosta de trabalhar.

"Diariamente recebia mensagens de pessoas a perguntar se fazia acompanhamento à distância. Como não tinha tempo e é algo que não me agrada a 100%, pois acho que o treino requer a presença física para uma avaliação constante de padrões motores e o desenvolvimento progressivo em termos de volume e intensidade, nunca foi algo que explorasse muito. A quarentena serviu para testar e ver se é uma situação válida para futuro", assume, adiantando que depois da passagem dos efeitos da pandemia provocada pelo novo coronavírus "é possível" que o projeto continue.

Esta abertura a "um novo mundo", diz Paulo Teixeira, é também uma forma de fazer face aos constrangimentos económicos que a classe de treinadores de ginásio está a sofrer com esta pandemia.

"A grande maioria de nós trabalha a recibos verdes e ganhamos apenas o que fazemos e os treinos que damos. Neste momento estou em casa, sem trabalho e sem salário, daí este projeto poder vir a ser um futuro, com moldes diferentes", termina.

Samuel Castela, 'personal trainer' de outra cadeia de ginásios e também neste momento a explorar ferramentas online para estar mais perto dos seus alunos, não acredita que este modelo de negócio à distância possa vingar no futuro, embora assuma que no momento é uma tábua de salvação.

"É uma forma de me reajustar ao que está para vir, mas não acho que venha a ser uma reformulação do mundo do 'fitness', porque não há nada melhor do que o contacto direto e o compromisso que geramos com as pessoas com quem trabalhamos. É uma alternativa para as limitações que temos atualmente, mas não me parece a melhor forma de trabalhar numa situação normal", diz o treinador, que lembra que "o ginásio é o espaço onde a pessoa vai para estar focado, além de poder usufruir de toda a correção técnica que os profissionais podem dar".

Ainda assim, numa altura em que é aconselhado a todos os portugueses que fiquem em casa, Samuel Castela pôs em marcha um plano para manter a fidelização dos seus alunos e revela que neste momento já seguem o seu plano pessoas com as quais nunca tinha tido contacto.

"O que fiz foi montar um mini projeto para tentar manter as pessoas motivadas, um compromisso diário de ambas as partes. Toda a gente tem acesso ao tipo de treinos de que estamos a falar, mas aqui procuramos criar um compromisso com as pessoas", explica o também atleta de corridas de obstáculos, que resume que os inscritos pagam um "valor simbólico" para ter acesso a um plano de treino que recebem diariamente e cujos resultados podem, e devem, depois partilhar com o treinador e restante comunidade.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde, e o país encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

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