Segundo recomendações hoje apresentadas na reunião de avaliação da pandemia realizada no Infarmed, é proposta uma linha vermelha nos 70% de camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos e um Rt acima de 1, contabilizando uma média a cinco dias, para, por exemplo, voltar ao teletrabalho quando possível, reduzir as lotações em espaços laborais, públicos e em convívios familiares, usar o certificado e os testes para acesso a espaços públicos e proibir o consumo de bebidas alcoólicas na via pública.
Os peritos propõem igualmente uma aposta na autoavaliação de risco, responsabilizando mais a população, e nos autotestes, defendendo que estes devem ser gratuitos.
As recomendações, apresentadas por Raquel Duarte, da ARS Norte, Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, indicam que, se a linha vermelha for atingida, os restaurantes voltarão a ter um limite de seis pessoas por mesa no interior e a ter de privilegiar os espaços exteriores, os espetáculos em espaço delimitado voltam a ter uma lotação de 75%, assim como os centros comerciais.
Neste caso, os peritos sugerem igualmente que o convívio familiar se restrinja a grupos inferiores a 10 pessoas, com uso de máscara fora do período da refeição e testagem prévia, e nas celebrações (casamentos, batizados) deve evitar-se grupos com mais de 100 pessoas, com autoavaliação de risco e testagem.
Na proposta apresentada, os peritos apontam as ameaças e os fatores protetores da população e defendem que, mantendo-se a atual situação epidemiológica, devem manter-se as recomendações de vacinação, controlo de fronteiras, qualidade do ar interior e atenção às populações mais vulneráveis.
Defendem também a responsabilização da população para fazer a autoavaliação de risco e autotestes, recomendando que seja assegurado o fácil acesso aos métodos de diagnóstico perante uma suspeita e sugerem mesmo a promoção de testes rápidos no momento da consulta médica.
Os especialistas querem ainda que seja incentivada a realização participada de inquérito epidemiológico (via digital) com o utente, em caso de resultado positivo no teste, identificar os contactos de risco, e propõem a redução da carga da plataforma Trace Covid (sistema de vigilância de contactos) na atividade dos médicos de Medicina Geral e Familiar, para que se dediquem aos doentes de maior risco que estão em isolamento e aos não covid-19.
Defendem igualmente que deve ser garantida a “existência de planos de contingência que ofereçam aos serviços de saúde a flexibilidade para se adaptarem devidamente, e em tempo útil, a necessidades emergentes (como a do aumento da capacidade das Unidades de Cuidados Intensivos)”.
No âmbito da comunicação, sugerem uma estratégia clara que envolva e esclareça a população sobre o possível efeito a curto e médio prazo no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na mortalidade decorrentes da incidência elevada, mesmo numa população protegida pela vacinação e perante uma variante que causa doença menos grave.
Na estratégia de comunicação, os peritos insistem igualmente na necessidade de apostar no reforço da vacinação e na vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos, de combinar medidas protetoras (testes, vacina, distanciamento físico, ventilação, máscara e desinfeção de mãos) e de usar a máscara corretamente, preferindo as cirúrgicas ou as FFP2, em vez das de tecido, “com menor capacidade protetora”.
Face à situação epidemiológica atual, os peritos recomendam a manutenção de medidas gerais transversais, como o cumprimento da proibição de bebidas alcoólicas na via pública, o uso de certificado digital e teste por rotina nos espaços públicos, a aceleração da vacinação, a autoavaliação de risco e testagem prévia nos convívios familiares.
“Nesta proposta, continuamos a apostar na saúde a par do bem-estar económico, social e psicológico; na preservação do quotidiano balanceada com a responsabilização de cidadãos e instituições”, afirmou Raquel Duarte.
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