De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, a taxa de incidência da doença no país aumentou para 217 mortes e 7.776 casos por 100 mil habitantes. Já a taxa de letalidade permanece em 2,8% há várias semanas consecutivas.
Em números absolutos, o Brasil, com 212 milhões de habitantes, é o segundo país com mais mortos em todo o mundo, superado pelos Estados Unidos, e o terceiro com mais casos, antecedido pelos norte-americanos e pela Índia.
São Paulo, o Estado mais rico e populoso do país, com 46 milhões de habitantes, continua a ser o foco da pandemia em solo brasileiro, totalizando 3.239.657 diagnósticos positivos da doença e 109.850 vítimas mortais.
Até ao momento, quatro das 27 unidades federativas do Brasil já ultrapassaram um milhão de infeções pelo novo coronavírus, cada, e 15 concentram mais de 10 mil óbitos cada uma.
Especialistas brasileiros preveem uma terceira vaga da pandemia no país, tendo em conta o aumento de novos casos nos últimos dias e o ritmo lento com que o Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 tem avançado, muito devido à escassez de doses.
Nesse sentido, o Senado brasileiro criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar responsabilidades e investigar alegadas falhas na gestão da pandemia por parte do Governo, presidido por Jair Bolsonaro.
Ao longo de quase sete horas, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, depôs na quinta-feira na CPI, na condição de testemunha, e atribuiu a Bolsonaro a responsabilidade pelos atrasos na aquisição da Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, após o chefe de Estado ter feito reiterados ataques a Pequim e ao imunizante.
Covas declarou que uma oferta de 100 milhões de doses da vacina não foi fechada em outubro passado devido a entraves políticos e burocráticos.
“O Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação, não fossem os percalços que tivemos que enfrentar”, declarou Covas, citando a falta de apoio do Governo Federal ao imunizante.
O diretor do Butantan, instituto que produz no Brasil a Coronavac, afirmou que o executivo de Bolsonaro “não colocou um real” para a produção do imunizante chinês, ao contrário do que ocorreu com a vacinada da AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a brasileira Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que teve um aporte milionário de verbas.
“Colocou quase dois mil milhões de reais (310 milhões de euros) para uma vacina que ainda não estava aprovada pela Anvisa [órgão regulador do Brasil], mas não coloca um real, porque era uma vacina chinesa, que, graças à Coronavac, milhões de brasileiros estão sendo vacinados”, criticou o presidente da CPI, Omar Aziz.
No depoimento, Covas relatou ainda que, após os ataques e críticas feitas por Bolsonaro e pelos seus apoiantes à Coronavac, o instituto passou a ter dificuldades em encontrar voluntários para a fase de estudos clínicos.
Segundo um cálculo feito pelo professor Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil, o país sul-americano teria evitado pelo menos 80.300 mortes até maio deste ano se o Governo tivesse fechado em outubro o contrato com o Butantan para a compra de 100 milhões doses da Coronavac.
Questionado pelo relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros, sobre a vacina Butanvac, a primeira produzida no Brasil, Covas informou ainda que aquela já está em produção e abrange novas variantes do vírus.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.500.321 mortos no mundo, resultantes de mais de 168,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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