Num debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas, os comissários da Saúde, Stella Kyriakides, e da Gestão de Crises, Janez Lenarcic, fizeram um ponto da situação do surto de Covid-19, numa altura em que já há casos confirmados em todos os 27 Estados-membros, e deram conta da resposta que está a ser dada de forma coordenada ao nível europeu, destacando que “a complacência não é uma opção” e que mesmo as medidas mais duras decretadas pelas autoridades devem ser escrupulosamente respeitadas.

“O Covid-19 tornou-se uma emergência de saúde pública grave crescente que está a afetar os nossos cidadãos, as nossas sociedades e as nossas economias. Desde ontem [segunda-feira], temos casos confirmados em todos os Estados-membros, ainda que com muitas variações, mas sabemos que o panorama está a mudar exponencialmente e a cada hora. Desnecessário será dizer que os dias e semanas pela frente são críticos”, afirmou a comissária da Saúde. 

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Stella Kyriakides insistiu que “os Estados-membros devem concentrar-se nos esforços para conter de forma agressiva o vírus” e “ganhar tempo”, de forma a que os sistemas de saúde possam preparar-se e prosseguir os trabalhos de investigação em torno de tratamentos e vacinas.

A comissária admitiu que esta “não é uma situação fácil de viver”, mas realçou que “as decisões tomadas pelos Governos não são tomadas de ânimo leve” e, “quando necessárias e justificadas, apesar de duras, estas decisões devem ser levadas à letra”.

Por seu lado, o comissário europeu responsável pela Gestão de Crises reiterou que “não podem restar dúvidas de que esta situação exige uma resposta coerente, e a solidariedade e cooperação são essenciais”, saudando o facto de os Estados-membros estarem a perceber isto e a colaborar de perto com a ‘task force’ (equipa de resposta) ao Covid-19 criada pelo executivo comunitário.

“Estamos cientes de que tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias, e vivemos esses tempos”, apontou.

O debate no Parlamento Europeu sobre a resposta da UE ao surto de Covid-19 marca a sessão plenária de março, que foi ‘transferida’ de Estrasburgo para Bruxelas e reduzida a um só dia precisamente devido à epidemia do novo coronavírus.

Na segunda-feira, dia em que era suposto ter início a sessão plenária, a Conferência de Presidentes do PE decidiu reduzir os trabalhos, previstos até quinta-feira, para uma só jornada, e sem votações no hemiciclo, como medida sanitária de prevenção.

“O Parlamento Europeu quer permanecer aberto e dar continuidade aos seus trabalhos, mas temos de tomar todas as precauções necessárias e reduzir ao mínimo as atividades”, justificou o presidente da assembleia, David Sassoli, ao anunciar as alterações à agenda da sessão plenária.

Além do adiamento de todas as votações previstas, serão realizados apenas os debates que o presidente do PE e os líderes dos diferentes grupos políticos consideraram “prioritários”, incluindo aquele sobre o Covid-19.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 3.900 mortos.

Cerca de 113 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 62 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

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