Numa conferência de imprensa em Bruxelas, a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, apontou que, “nas últimas horas, tem-se assistido à implementação de proibições de viagens e outros controlos em vários Estados-membros”.

Admitindo que “alguns controlos podem ser justificados”, sustentou que proibições de viagens generalizadas não são consideradas a medida mais adequada pela Organização Mundial de Saúde” (OMS).

Von der Leyen assumiu discordar da “reintrodução das fronteiras internas [na UE], numa altura em que é necessária a solidariedade entre os Estados-membros”.

“Claro que todos queremos proteger os nossos cidadãos da propagação do vírus, mas vamos ver em conjunto como podemos fazê-lo da forma mais eficaz”, disse, insistindo que a generalização da proibição de viagens “tem grandes impactos sociais e económicos e provoca disrupções nas vidas das pessoas e das empresas”.

Von der Leyen reiterou que “cada medida tomada deve ser proporcional” à situação e que, “para cada medida ser eficaz, precisa de ser coordenada a nível europeu”, sendo imperioso que os Estados-membros, “sobretudo os países vizinhos, trabalhem muito de perto”.

Adiantou então que a Comissão vai apresentar hoje uma proposta aos 27, no Conselho de ministros do Interior que decorre em Bruxelas (apenas com alguns ministros presentes).

“O que podemos fazer e devemos fazer é proceder a rastreios médicos, que podem ser efetuados nas fronteiras externas, nas fronteiras internas ou dentro do território dos Estados-membros. Por isso é que propomos ter diretrizes a nível da UE para rastreios médicos nas fronteiras. A comissária [dos Assuntos Internos, Ylva] Johansson vai apresentar esta ideia aos ministros”, disse.

Von der Leyen falava numa conferência de imprensa que decorre na sede do executivo comunitário, para apresentação de medidas de resposta da UE à crise relacionada com o novo coronavírus, sobretudo no plano económico.

Falando em termos mais gerais, a presidente da Comissão observou que a atual pandemia é um “teste a todos, instituições, governos, sistemas de saúde e economias, mas acima de tudo um teste às pessoas”, e apelou à solidariedade e coordenação no seio da União.

A presidente da Comissão reforçou também o apelo para que todos os Estados-membros combatam da forma mais determinada possível a propagação do surto, para a atrasar.

“Estamos só no princípio. Cada Estado-membro, mesmo aqueles que têm hoje muito poucos casos, todos nós temos de saber e entender que não é possível travar o vírus, mas é possível e da maior importância abrandar a propagação do vírus, e isso pode-se fazer”, disse, salientando a necessidade de dar aos sistemas de saúde europeus “o tempo e espaço de que necessitam para lidar com o surgimento de novos casos à medida que o vírus se propaga”.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

O número de infetados ultrapassou as 131 mil pessoas, com casos registados em mais de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 112 casos confirmados.

O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia na quarta-feira. O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios.

Portugal ordenou o encerramento de todas as escolas a partir de segunda-feira, bem como outras medidas. Esta semana já tinha sido anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália.

DGS fez na quinta-feira novas recomendações à população.

Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins-de-infância e outras instituições de ensino.

Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo em Roma decidiu na segunda-feira alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.

Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.

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