“Sou muito ligado ao Senegal, em África, e durante muitos anos […] tive de apresentar um certificado para demonstrar que estava vacinado contra doenças como a febre amarela e a malária. Claro que este certificado foi importante para assegurar a confiança e a livre circulação”, diz Thierry Breton, em entrevista à agência Lusa e outros meios de comunicação social europeus, em Bruxelas.
Ainda assim, “isso não é suficiente e não podemos depender apenas disso”, sustenta o responsável.
Por essa razão, Thierry Breton defende que a UE deve “continuar a trabalhar em questões como os testes” rápidos, os chamados testes de antigénio.
“Talvez se adotássemos testes fáceis e rápidos, para os quais houvesse um resultado bastante fiável em cinco minutos, mesmo sem vacinação, seria uma boa ideia para quem quer apanhar um avião”, propõe o responsável.
“Não estou a dizer que isso será o que vai acontecer, mas penso que é importante haver mais do que uma opção em cima da mesa”, acrescenta.
Na UE discute-se a criação de certificados de vacinação digitais para permitir assegurar a retoma da livre circulação no espaço comunitário apesar de a pandemia ainda não estar controlada, o que evitaria questões como a obrigação de fazer quarentena ou de fazer testes de diagnóstico PCR antes de viajar para determinados países.
Esta medida, já apoiada pelo primeiro-ministro português, António Costa, estará em cima da mesa na cimeira virtual de líderes europeus na próxima quinta-feira, tendo o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, solicitado já uma abordagem comum para tal certificação.
Hoje, a Comissão Europeia propôs que os Estados-membros cheguem a uma posição comum sobre certificados de vacinação mutuamente reconhecidos até ao final deste mês, de maneira a que estes possam ser rapidamente usados nos sistemas de saúde na UE.
“Não há apenas uma resposta”, insiste Thierry Breton, reiterando a sugestão da aposta em “testes rápidos e baratos”.
Já quanto ao processo de vacinação, que decorre na UE desde final de dezembro passado, a posição do comissário, “enquanto responsável político, é que teremos capacidade suficiente de vacinação no mercado único, recorrendo a diferentes tecnologias”, assegura.
“Sairemos desta crise graças à solidariedade, à ciência e à organização e logística. A ciência vai ter um importante papel, mas a ciência, no que toca aos testes, é bastante complexa”, adianta Thierry Breton.
Desde o final de dezembro está em curso na União Europeia o processo de vacinação na UE com o fármaco da Pfizer/BioNTech e, em meados deste mês, começou também a ser usada a vacina da Moderna.
Até final do mês, a Agência Europeia de Medicamentos deverá dar ‘luz verde’ à vacina da farmacêutica AstraZeneca com a universidade de Oxford contra a covid-19.
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