Grant Shapps disse hoje à BBC que o critério privilegiado foi o número de casos que testaram positivo, considerado "muito importante porque não queremos excluir países por fazerem o que está certo e fazerem muitos testes”.

Segundo o ministro, quando o Reino Unido incluiu Portugal nos ‘corredores de viagem’, há duas semanas atrás, o país tinha uma taxa de positividade de 1.8% e esta semana foi de 1,6%, uma tendência positiva.

Até agora, o Reino Unido tem privilegiado um outro indicador, o do número de casos positivos por 100 mil habitantes, acionando as restrições e entrada para a lista de países obrigados a cumprir quarentena de 14 dias quando o valor sobe acima dos 20 casos por 100 mil habitantes, o que terá acontecido em Portugal esta semana.

Porém, admitiu que existe um “grande número de testes a ser realizado em Portugal e isso tende a aumentar os números”.

"Temos de olhar para a taxa de positividade, senão acabamos por castigar países que estão a fazer o que é correto”, vincou.

Já para o ministro da Saúde galês, Vaughan Gething, a situação em Portugal "é clara” pois existe um aumento na taxa [de infeção] em Portugal, em particular em áreas que as pessoas têm de atravessar para viajar, como Lisboa, cidade que muitos turistas também visitam. 

"Tem um nível de risco em que normalmente tomamos decisões para introduzir quarentena e não penso que seria consistente não fazê-lo”, afirmou, também à BBC.

A razão para excluir Açores e Madeira, continuando a estar isentos de quarentena, "é porque têm uma classificação diferente e porque têm testes à entrada”, explicou.

O Reino Unido introduziu a necessidade de auto-isolamento por 14 dias a todas as pessoas que cheguem do estrangeiro ao Reino Unido em 08 de junho para evitar a importação de infeções com covid-19, mas um mês depois isentou cerca de 70 países e territórios, considerados de baixo risco.

Portugal foi adicionado à lista dos países com ‘corredores de viagem’ para o Reino Unido a 22 de agosto.

Na quinta-feira, País de Gales e Escócia decidiram voltar a incluir Portugal na lista de países cujos passageiros têm de fazer quarentena à chegada dos respetivos países, com efeito desde as 04:00 de hoje no primeiro e a partir das 04:00 de sábado no segundo.

O governo galês decidiu também aplicar restrições a seis ilhas gregas e à Polinésia Francesa e Gibraltar, enquanto que a Escócia exige quarentena sobre quem chega de qualquer parte da Grécia e Polinésia Francesa, mas não sobre Gibraltar.

Já o governo britânico decidiu manter inalterada a lista que se aplica apenas, pelo que Portugal, Grécia, Polinésia Francesa ou Gibraltar continuam na lista de países dos ‘corredores de viagem’, isentos de quarentena na chegada a Inglaterra, opção replicada pela Irlanda do Norte.

Consciente do risco de confusão sobre o conselho dado aos viajantes, o ministro dos Transportes britânico admitiu ser “preferível” uma coordenação entre as diferentes nações do Reino Unido, mas lembrou que regras diferentes também foram aplicadas durante o confinamento.

“As administrações autónomas têm as suas próprias leis e as suas próprias regras e aplicam-nas. (…) Estou muito determinado e tento coordenar-me, umas semanas com mais sucesso do que noutras, com as restantes administrações para que possamos anunciar ao mesmo tempo e, idealmente, anunciar a mesma coisa”, disse Grant Shapps.