Num relatório divulgado esta semana, o grupo Bioversity International, com sede em Itália, alerta que das estimadas 7 mil espécies vegetais comestíveis 30 são usadas para alimentar o mundo inteiro, o que aumenta exponencialmente o seu risco de extinção assim como a saturação das culturas e solos.

O documento com 200 páginas mostra que o investimento em biodiversidade agrícola pode desempenhar um papel-chave na redução da fome, da desnutrição, da degradação ambiental e das mudanças climáticas.

Num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Guardian, Ann Tutwiler, diretora-geral da Bioversity International e coautora do relatório, destaca que até 22% das espécies de batatas existentes devem entrar em extinção até 2055 devido às mudanças climáticas.

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Já alguns tipos de cacaueiros do Gana e da Costa do Marfim, que garantem 70% da produção de chocolate mundial, podem não sobreviver a um aumento da temperatura global de 2 °C. E na Tanzânia, as plantações de café já produzem metade do que produziam em 1960.

Em todo o mundo, apenas três culturas agrícolas – arroz, milho e trigo – fornecem cerca de 50% do total de calorias consumidas. Por outro lado, sabe-se que a agricultura é responsável por 24% das emissões de gases do efeito estufa mundo.

Em quase 80% das áreas dedicadas ao cultivo de cereais, são plantadas apenas essas três variedades vegetais. Qualquer ameaça a esses alimentos provocada pelas mudanças climáticas poderia ser devastadora, alerta o grupo de pesquisadores. A solução seria parar de colocar todos os ovos na mesma cesta e cultivar diferentes tipos de alimentos. "A biodiversidade precisa ser integrada à agricultura", afirma Tutwiler.