A incidência do Cancro do Pâncreas tem vindo a aumentar, surgindo atualmente cerca de 280.000 novos casos por ano a nível mundial. Corresponde à quinta causa mais frequente de morte por cancro.

"O risco de cancro do pâncreas aumenta com a idade, sendo a idade média no momento do diagnóstico 71 anos. Afeta ambos os sexos, com ligeiro predomínio do sexo masculino", explica a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) em comunicado.

O organismo defende que deve ser promovida a inclusão de instituições portuguesas em ensaios clínicos com tratamentos inovadores, que englobem os vários estadios da doença. "O cancro do pâncreas tem aumentado de incidência nas últimas décadas, apresenta um comportamento biológico agressivo e o diagnóstico é habitualmente tardio, geralmente numa fase avançada da doença", explicam os especialistas.

"São urgentes medidas preventivas eficazes com controlo de fatores de risco, identificação de subgrupos de risco e otimização de estratégias de rastreio e diagnóstico precoce que passam pela identificação e validação de biomarcadores específicos para este tumor", refere o Gastrenterologista Castro Poças, um responsável da SPG.

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"A ecoendoscopia digestiva, pela sua elevada acuidade diagnóstica e pela sua capacidade interventiva, possibilitando a biópsia de tecido tumoral e a injeção direta de agentes anti-tumorais, terá cada vez mais um papel central na abordagem desta doença", acrescenta.

1400 novos casos de cancro do sistema digestivo

O cancro do pâncreas é o terceiro tipo de cancro do sistema digestivo mais frequente em Portugal, logo após o cancro do cólon e do estômago. Estima-se que surjam anualmente em Portugal cerca de 1400 novos casos.

Existe uma predisposição familiar para o cancro do pâncreas, mas apenas uma pequena proporção dos casos, menos de 5%, estão associados a síndromes genéticos hereditários.

Castro Poças considera que é "no cancro do pâncreas é fundamental uma abordagem multidisciplinar, tendo a Gastrenterologia um papel crucial nas várias etapas do diagnóstico, estadiamento e tratamento desta doença. A abordagem terapêutica deve ser individualizada, tendo em consideração as características do doente e do próprio tumor".

Para este responsável, "no momento do diagnóstico apenas é possível realizar cirurgia com potencial curativo em 15 a 20% dos doentes e, mesmo nestes casos, a sobrevivência aos 5 anos é de apenas 10 a 20%".

Na maioria dos doentes o tratamento passa pela realização de quimioterapia, muitas vezes isoladamente, ou em combinação com radioterapia. A inclusão em ensaios clínicos deve ser, sempre que possível, equacionada em qualquer fase da doença, o que já é possível em várias instituições portuguesas.

Sintomas mais frequentes

O cancro do pâncreas é habitualmente silencioso até uma fase avançada da doença e os sintomas variam com a localização do tumor no próprio órgão.

Os sintomas são relativamente inespecíficos, como dor abdominal, perda de apetite, emagrecimento e cansaço. Dependendo da localização do tumor no pâncreas, pode surgir icterícia (coloração amarelada dos olhos e pele), indica a SPG.