
Afinal, as batatas fritas não são mais saudáveis do que as cozidas, como sugere um estudo espanhol levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidade de Granada, em Espanha, em 2015, que nos últimos dias se tornou viral. "É um disparate do ponto de vista da saúde pública", assegura o especialista português Pedro Graça, diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.
Divulgado pela revista científica Food Chemistry há quatro anos, o estudo foi novamente noticiado agora internacionalmente, dando a entender, para felicidade de muitos, que as batatas fritas em azeite extravirgem fazem melhor do que as cozidas. Mas, afinal, não é bem assim. "Dizer que a batata frita é mais saudável que a cozida simplesmente não é verdade", assegura o especialista. "A batata, se frita em condições muito especiais, no final da fritura permite reter alguns compostos fenólicos que de facto se perdem na cozedura", confirma Pedro Graça, que assegura, contudo, que "o ganho é ínfimo".
"Nas condições em que os portugueses a fritam, a batata tem um tipo de gordura muito maior e, no caso de uma fritura mal conduzida, pode ter substâncias tóxicas", alerta o diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. "A batata frita implica mais calorias, mais riscos com a fritura, até há pessoas que o fazem duas vezes no mesmo óleo", sublinha. "Implica também mais sal", adverte.
Apesar dos alertas dos especialistas, como a notícia se tornou rapidamente viral, são muitos os que nunca irão ler os desmentidos que entretanto foram sendo publicados. "Discutíamos isso ao almoço entre colegas ainda hoje. A quantidade de gente que vai aprofundar o estudo é ínfima. A quantidade de gente que leu os títulos que têm saído e que se vai sentir mais à vontade para fritar batatas é enorme", lamentou ao Expresso Pedro Graça.
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