“Se muitos dos problemas encontrados na distribuição de vacinas aos países mais pobres estão a ser compensados pela generosidade de alguns – como os Estados Unidos e a […] União Europeia, onde será justo destacar a França e a Alemanha, que têm partilhado muitas das doses que tinham em excesso, para além de contribuições financeiras realmente importantes – também é verdade que persiste um problema fundamental de iniquidade e injustiça na distribuição global das vacinas”, salientou Durão Barroso, em declarações à agência Lusa.
No dia em que publica no jornal europeu Político uma tomada de posição defendendo que o mecanismo de acesso global às vacinas contra a covid-19 Covax “pode ter êxito, mas apenas se os governos se comprometerem”, Durão Barroso afirma à Lusa que esta iniciativa “já demonstrou que pode ajudar a resolver este problema”.
“Já recolhemos mais de 10 mil milhões de dólares [cerca de 8,5 mil milhões de euros] e distribuímos mais de 310 milhões de doses a 143 países e muito mais poderia ter sido feito se não houvesse restrições às exportações por parte dos países produtores – algumas das quais ainda permanecem -, acumulação excessiva de doses nos países mais ricos e prioridade dada por alguns fabricantes àqueles que pagavam mais caro”, elenca o antigo presidente da Comissão Europeia.
Assinalando que “muitos destes problemas estão em vias de solução”, Durão Barroso adianta à Lusa esperar “que agora, com a entrega de doses a entrar num ritmo mais acelerado, a comunidade internacional se una, de forma solidária e responsável, em torno da visão de um mundo todo ele protegido pelas vacinas contra a pandemia”.
“Se tal não acontecesse, poderíamos ter a ilusão de a pandemia estar controlada, mas na realidade pode ressurgir e intensificar-se a qualquer momento, possivelmente com novas variantes, aumentando ainda mais a terrível perda de vidas humanas e o desastre económico e social que tem causado”, alerta o antigo primeiro-ministro português.
Nestas declarações à Lusa, Durão Barroso indica ainda ter-se reunido esta semana, em Roma, com o primeiro-ministro italiano, Mário Draghi, que também exerce atualmente a presidência do G20, o grupo das maiores economias do mundo que realizará a sua cimeira no final do mês de outubro.
“Tive ocasião de explicar a alguém que conheci bem durante a luta contra a grande crise financeira aquilo que, na minha opinião, a comunidade internacional pode fazer para acabar com a terrível pandemia de covid-19 e também para a criação de instrumentos de preparação ao combate de futuras pandemias”, precisa o responsável português.
Além disso, “agradeci naturalmente o muito que a Itália e a União Europeia já têm feito – o mesmo transmiti à presidente da Comissão Europeia, Von der Leyen – e apelei a que todas as maiores economias do mundo se unissem na resposta global a este problema global”, conclui Durão Barroso.
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