Que doenças podem ser transmitidas aos donos?

Os pets vivem constantemente em contacto com microorganismos como vírus, bactérias e parasitas, seja no contacto com o chão como com o ambiente externo, e acontece esporadicamente a transmissão de patologias aos tutores, quer por contacto com os agentes causadores (carraças, fungos, bactérias) ou por inoculação (através de mordida).

Distinguem-se doenças como a Raiva (oficialmente erradicada em Portugal, mas presente em Espanha e Marrocos, por exemplo), a doença de Lyme (febre da carraça), infeções dérmicas fúngicas (por contacto com pele/pêlo do animal com fungos patogénicos), sarna (contacto com ácaros). 

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A raiva humana é transmitida através da saliva dos cães e por uma mordida de gato. Esta patologia afeta o sistema nervoso e gera espasmos musculares e salivação intensa. A Doença de Lyme caracteriza-se pelo desenvolvimento de febre, dor muscular e articular, e numa fase mais avançada por alterações nos nervos e cérebro.

Para evitar a transmissão destas doenças, para além dos cuidados básicos de higiene e vacinas, é sempre recomendado o respeito pelos protocolos de desparasitação, quer interna quer externa.

Se um cão ou gato estiverem doentes, quais os sinais de alerta?

Há certos sinais que os nossos animais dão e aos quais devemos estar alerta pois demonstram que algo não está bem. Os cães e os gatos são diferentes e revelam o que sentem de maneira distinta, sendo a percepção e o conhecimento dos comportamentos normais por parte do tutor o maior aliado na deteção precoce de doença.

Em momentos de mau-estar e dor, os gatos põem em prática o seu tão bem conhecido temperamento no que toca à subtileza. Caso se sinta frágil e doente, estes felinos ocultam o que sentem e escondem-se em qualquer lugar, tanto debaixo de um sofá ou cama, num quintal vizinho ou dentro de um armário.

Já os cães são mais expressivos e exteriorizam mais facilmente o que sentem. Caso esteja sem energia, com dificuldade locomotora, triste, algo não está bem e o melhor é levar o animal ao veterinário.

Outros indicadores comuns a estes dois animais são o aumento da quantidade de água ingerida, mudanças na quantidade de urina produzidas, mudança na cor da urina, emagrecimento sem restrição calórica, diarreia repetida, vómitos repetidos acompanhados de perda de apetite, alterações comportamentais, mudanças de hábitos de rotina, alterações dermatológicas, entre outros.

Quais as vacinas administradas nos animais de carácter obrigatório e facultativo?

A vacinação é fundamental para a saúde e bem-estar dos nossos animais, assim como dos seus tutores e o calendário de vacinas deve ser estritamente respeitado. O protocolo vacinal engloba vacinas obrigatórias e vacinas facultativas, mas recomendadas. A única vacina de carácter obrigatório por lei, em Portugal, é a vacina anti-rábica, efetuada em cães com mais de 3 meses.

No que diz respeito aos cães, as vacinas facultativas mas altamente recomendadas incluem a imunização contra a esgana, hepatite infecciosa, parvovirose, parainfluenza e leptospirose, esta última de carácter zoonótico. Algumas destas patologias são potencialmente fatais, sobretudo em cachorros, como o caso da parvovirose e esgana. Outras vacinas recomendadas incluem a vacina contra a tosse do canil (sobretudo em cães que convivam com outros cães na rua, fiquem alojados em hóteis ou tenham alterações respiratórias crónicas), leishmaniose e febre da carraça.

Para os gatos residentes em Portugal não existe obrigatoriedade da vacina anti-rábica e as vacinas recomendadas incluem a imunização contra a panleucopenia felina, a rinotraqueíte, calicivirose e clamidiose (estas últimas responsáveis por sinais oculares e respiratórios). Destaca-se ainda a vacina para a Leucemia, que deverá ser usada em gatos negativos para Leucemia e que contactem com gatos de exterior.

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Qual a importância das idas ao veterinário?

A ida ao veterinário é um ato de extrema importância na saúde do animal e representa, assim como as brincadeiras, um gesto de preocupação e carinho do dono para com o animal, tratando-se ainda do método mais assertivo para garantir o bem-estar e saúde do mesmo.

De acordo com um estudo realizado no Brasil, pelo IBOPE Inteligência em parceria com o Centro de Pesquisa WALTHAM, os tutores levam os seus cães ao veterinário uma média de 2,8 vezes por ano e os gatos uma média de 2,3 anual. Os cuidados veterinários preventivos são essenciais não só numa primeira fase de crescimento e desenvolvimento do animal, mas também na fase adulta e geriátrica, identificando desta forma possíveis alterações que serão resolvidas mais precocemente. Não basta levá-los apenas quando estão doentes.

Os check-ups devem ser feitos no mínimo a cada ano e numa fase sénior duas vezes por ano. Nestas idades assume especial importância a monitorização frequente por parte do proprietário e veterinário, pois tal como nós é quando surgem as principais doenças (doença cardíaca, renal, problemas osteoarticulares, entre outras).

O que inclui uma ida ao veterinário?

Todas as consultas veterinárias começam com uma breve conversa sobre o passado do animal (anamnese e história pregressa), incluindo como foi adquirido, que hábitos alimentares tem, que tipo de passeios/exercício faz, se alguma vez ficou doente ou se teve de fazer medicação específica. Após a anamnese, o veterinário realiza um exame físico minucioso, com a dificuldade acrescida de que os patudos não dizem exatamente que sintomas apresentam. Para isso é explorado todo o corpo do animal, da ponta do focinho à ponta da cauda, de forma a averiguar a saúde dos diferentes sistemas (olhos, ouvidos, dentes, coração e pulmão, membros, coluna, abdómen, etc). O veterinário faz uso de instrumentos como o estetoscópio, otoscópio, termómetro e balança digital.

Após o exame minucioso, e se detetar alguma anomalia, o veterinário poderá recomendar a realização de exames complementares de diagnóstico, como é o caso de análises sanguíneas, análise à urina, ecografia, RX, endoscopia, TAC ou mesmo Ressonância Magnética, todos eles disponíveis, tal como sucede em medicina humana. Alguns destes exames, como o caso das análises sanguíneas e à urina podem ser efetuados em check ups rotineiros, sem haver a presença de doenças associadas.

Estes exames tornam a perceção e o diagnóstico do que está a acontecer  mais eficaz, como é o caso, por exemplo, dos TACs, que permitem o diagnóstico de patologias de coluna (como hérnias discais) e patologias abdominais (como a presença de anomalias nos vasos sanguíneos, presença de tumores). 

Se se tratar de uma consulta rotineira, o médico veterinário irá ainda atualizar o protocolo de desparasitação e vacinação.

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Que cuidados alimentares são essenciais? 

A alimentação dos cães e gatos deve ser equilibrada e adaptada à sua idade e necessidades fisiológicas, sendo fundamental garantir as necessidades nutricionais. Para isso, é importante a seleção da dieta segundo indicações do médico veterinário, que poderá recomendar distintas alimentações segundo as diferentes etapas de vida do animal, e de acordo com doenças que possam existir.

A correta alimentação é meio caminho andado para uma boa saúde e esta deverá ser dada em medida com as necessidades nutricionais de cada animal, para não haver o risco de sobredosagem e desenvolvimento de obesidade. As potenciais consequências associadas ao excesso de peso e obesidade incluem esperança de vida reduzida, osteoartrite, intolerância ao exercício, colapso da traqueia, hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus, hiperlipidémia, paralisia da laringe, cancro da mama, intolerância ao calor e maior risco anestésico.