Em Portugal, embora não existam estudos concretos, sabe-se que a baixa adesão ao tratamento é responsável por um inadequado controlo da pressão arterial nos doentes hipertensos. De acordo com o presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, "é crucial promover terapêuticas e posologias simples e, simultaneamente eficazes, para aumentar a taxa de adesão". "Cada vez mais temos de pugnar por associações de várias substâncias activas reunidas num só comprimido. Simples e eficaz traduz-se num acréscimo de adesão", acrescenta.

A baixa adesão à terapêutica tem também consequências a nível económico. Os investigadores afirmam que cerca de 8% das despesas globais de saúde poderiam ser evitadas pela adesão à terapêutica.

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Por que motivo os doentes abandonam o tratamento da hipertensão?

Não se pode dizer que haja só uma razão. Esquecendo as involuntárias atitudes dos doentes, como o esquecimento, eu diria que as que mais contribuem para a baixa adesão são o facto de ainda não se fazer por hábito terapêuticas simples (várias substâncias ativas num só comprimido), eficazes e cómodas (toma de uma vez por dia). Por outro lado, como a hipertensão não dá queixas, a tendência é para abandonar o tratamento. Numa dor de cabeça ou num cancro ninguém se esquece.

Nada em Portugal mata mais do que a hipertensão

É possível combater esse comportamento? Como?

É uma tarefa que cabe a todos: profissionais de saúde - que precisam de tempo e motivação - e doentes a quem se tem de pedir um compromisso. Para tal, os doentes têm de estar conscientes do risco que correm e isso precisa de tempo e disponibilidade de quem pede esse compromisso.

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Que implicações tem o abandono do tratamento da hipertensão?

Sendo uma doença que mata de forma direta ou indireta, o abandono ou o mau cumprimento colocam o doente nesse patamar de risco.

Nada em Portugal mata mais do que a hipertensão. Um em cada três portugueses ainda morrem em virtude das consequências desta doença.

Manuel Carvalho Rodrigues, médico cardiologista
Manuel Carvalho Rodrigues, médico cardiologista Manuel Carvalho Rodrigues, médico cardiologista créditos: DR

O que é que um hipertenso deve evitar?

Comportamentos de risco como o sedentarismo, consumo excessivo de sal, ingestão de álcool, tabaco... Acima de tudo, o doente deve perceber que tem uma doença que mata, que não é para um dia, mas para uma vida.

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A hipertensão pode provocar insuficiência cardíaca?

Sim, sem dúvida. Uma hipertensão não controlada ou mal controlada (os riscos são semelhantes) conduz ao que designamos por lesão de órgão alvo e, um desses órgãos, é o coração. Como tal, a deterioração do coração conduz à insuficiência cardíaca

Quais são os grupos de risco da hipertensão?

Embora pudéssemos estar aqui a discutir esse aspecto e, porque ele só vai criar, desnecessariamente, “ruído e confusão”, diria de uma forma simples e séria que todos nós pertencemos a esse grupo. Daí dizermos e, não nos cansarmos de afirmar: só há uma maneira de saber se somos, ou não, hipertensos: é medir a nossa tensão arterial.