Os trabalhadores migrantes que vêm do campo para trabalhar na cidade, um verdadeiro motor da indústria e dos serviços na China, costumam voltar para suas regiões de origem no feriado do Ano Novo Lunar.

O período de festas, prolongado devido ao vírus, terminou teoricamente há três semanas, mas num país paralisado pela epidemia muitos não conseguiram reintegrar-se nas suas empresas, comprometendo a retomada da atividade.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Hu Aihua, de 39 anos, já não pode deixar a sua cidade natal, em Hubei, província do epicentro da epidemia e que está confinada, desde o final de janeiro, devido a um severo cordão sanitário.

A família de Hu, sujeita a um confinamento draconiano, só pode comprar artigos de primeira necessidade através de pedidos telefónicos ao representante do bairro, segundo relatou à AFP.

"Continuo a receber o meu salário integral, mas isso não vai durar. Se o nosso chefe não tiver rendimentos a entrar, não poderá pagar tantos trabalhadores", teme Hu.

Impossível viajar

Vários colegas de Hu estão na mesma situação. Dos 600 funcionários do Jiangxi Jieneng Group, produtor de produtos sanitários em Jiangxi (centro), apenas a metade regressou ao trabalho.

"E temos que continuar a pagar os custos fixos, a água, a eletricidade, os salários", disse à AFP seu diretor-geral, Xu Hang. A empresa assinou um empréstimo de 10 milhões de yuans (1,28 milhão de euros) para melhorar a tesouraria.

Além das administrações públicas e dos setores financeiro, de saúde e comunitários, apenas 45% das outras atividades retomaram as suas atividades, diz Lu Ting, economista da Nomura.

Liu Zhishuang, um trabalhador de 28 anos, está bloqueado há um mês com a sua família na cidade de Anhui (leste). "É impossível viajar! Os transportes não funcionam, os comboios estão suspensos", conta.

Desde o início de fevereiro, apenas um membro da sua família está autorizado a sair de casa, mas apenas por duas horas e a cada dois dias.

O mesmo acontece com Zhang Hongwu, 29 anos, que foi visitar a família em Henan (centro) e não pode regressar a Xangai. "Não poderei mais voltar", lamenta à AFP. Agora tem procurado trabalho numa cidade próxima.

"Impotente"

As empresas, com escassez total de mão de obra, procuram soluções: a gigante eletrónica Foxconn, fornecedora da Apple, propõe aos novos funcionários de Sichuan (sudoeste) um prémio de 3.750 yuan (480 euros), segundo um anúncio consultado pela AFP.

Uma zona industrial de Tianjin (leste) alugou 150 autocarros para ir buscar alguns dos seus funcionários fora do município, segundo a agência Xinhua.

Outros viram-se sozinhos: de acordo com Shi Minxin, chefe de uma empresa de moldagem industrial, perto de Xangai, um dos seus funcionários percorreu 1.600 quilómetros de carro para regressar ao trabalho... antes de ser colocado em quarentena forçada na chegada.

A empresa agora opera com 80% das suas capacidades, mas as vendas caíram.

Na região de Anhui, o jovem Liu está cada vez mais impaciente: "Sinto-me impotente, quero ir embora e não posso. Não tenho nada para fazer em casa, exceto engordar", reclama Liu.

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