É entre os animais e as árvores de fruto que a família de Mónica Ferreira, de 41 anos, tem passado os últimos dias, numa pequena aldeia do concelho da Sertã, no distrito de Castelo Branco.

Assim que o surto de Covid-19 começou a ganhar proporções mais preocupantes, Mónica Ferreira suspendeu a sua atividade e deixou a sua casa de Cascais, no distrito de Lisboa, para se mudar com o marido e os dois filhos, de 4 e 9 anos, para o interior.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

“Achámos que, se era para ficar fechados em casa, aqui temos mais liberdade. Temos uma horta, temos pinheiros, eucaliptos, um poço. Há sempre atividades para todos”, conta à agência Lusa.

Mónica Ferreira refere que, desde que está em isolamento, só foi uma vez às compras, à vila da Sertã, e que ficou surpreendida com o “à vontade” com que a população está a encarar o surto.

“Eu fui de máscara e luvas, mas fez-me confusão como eles estão a lidar com o problema. Acham mesmo que isto é uma coisa das grandes cidades e que não chega lá. Continuam a cumprimentar-se e a fazer a sua vida normal como se nada fosse”, observa.

Também para o interior do país, mais concretamente para o concelho de Abrantes, no distrito de Santarém, rumou Joana Brandão, o marido e os dois filhos, uma vez que na família há duas pessoas que sofrem de problemas respiratórios.

“Tivemos autorização para trabalhar em casa e viemos para aqui. Estamos mais descansados e as crianças podem brincar na rua, pois isto é uma aldeia com pouca gente”, justifica.

Henriqueta Mota, de 75 anos, também procurou com o marido, de 80 anos, “fugir” do vírus e refugiou-se numa pequena quinta situada no concelho de Azambuja.

Em declarações à Lusa, esta antiga enfermeira conta que o plano inicial era sair de Lisboa com toda a família, mas que tal acabou por não acontecer.

“Tenho uma família grande (15 pessoas) e sete netinhos. Andei a comprar comida a pensar que vínhamos todos para aqui, mas eles acabaram por ficar em Lisboa. O que mais me custa é estar longe deles”, conta.

A antiga enfermeira, que vai passando agora os dias com o marido entre as lides domésticas e horta, confidencia que está muito preocupada com a família e com os profissionais de saúde.

“Estou muito preocupada. Sabe, tenho muita pena de não ter mais energia para poder ajudar os meus colegas. Eles têm de se proteger”, apela.

Com o “coração nas mãos” está também a cabeleira Marisa Alves, que, por questões de saúde, teve de enviar a sua filha de 11 anos para uma quinta em Lamego, no distrito de Viseu, para estar em “isolamento total”.

“A minha filha tem problemas respiratórios e o médico recomendou que ela ficasse isolada. Então, comprei mantimentos e enviei-a, de carro, para lá. Nem eu a visito, pois tenho medo de a infetar”, lamenta.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.

Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

O boletim divulgado pela DGS assinala 4.030 casos suspeitos até hoje, dos quais 323 aguardavam resultado laboratorial.

Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

De acordo com o boletim, há 6.852 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Atualmente, há 19 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais uma do que no domingo.

Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora

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