O lipedema é uma doença crónica que se caracteriza por uma acumulação desproporcional de gordura nas extremidades, poupando pés e mãos. Frequentemente as pacientes queixam-se de dor, de hipersensibilidade, equimoses (nódoas negras/pisaduras) frequentes e fáceis e edema (inchaço).

Trata-se de uma doença com um componente inflamatório importante e o tratamento, em primeira instância, visa controlar a inflamação. Dieta anti- inflamatória, prática de exercício frequente e fisioterapia (focada na drenagem manual linfática e medidas de compressão) são os pilares do tratamento conservador.

Nos casos em que a resposta a estas medidas é insuficiente pode ainda ponderar-se a possibilidade de cirurgia de redução – uma cirurgia de lipoaspiração específica para o lipedema.

Tipicamente a doença surge ou agrava em momentos de grandes alterações hormonais: puberdade, início de toma de pílula, gravidez. Também grandes ganhos ponderais podem levar ao agravamento da doença.

Para atenuar a sintomatologia, é crucial controlar o componente inflamatório da doença. Para tal, adotar uma dieta anti-inflamatória (que é muito individual e específica a cada caso), praticar exercício e cumprir medidas de drenagem são cuidados que não poderão ser descurados. É também importante manter uma composição corporal adequada.

As implicações na qualidade de vida e na autoestima

As pacientes com lipedema veem-se limitadas em atividades tão banais como escolha de calças porque os números não encaixam nas medidas desproporcionais; vêem-se incapazes de calçar botas ou botins. A vergonha limita a atividade social e familiar. A qualidade de vida é, no geral, muito prejudicada e a auto-estima, particularmente, muito reduzida.

Esta doença afeta quase exclusivamente as mulheres. Ainda que a sua causa não esteja completamente esclarecida sabe-se que a hereditariedade e o ambiente hormonal feminino são dos principais fatores de risco.

Outros problemas de saúde

O lipedema é uma doença crónica e, na ausência de tratamento, potencialmente progressiva. Em estadios mais avançados pode cursar com linfedema que pode predispor a maior risco de infeções. Alterações articulares graves que podem levar a dificuldade da marcha são também frequentes, além do impacto cada vez mais negativo na qualidade de vida geral.

Um artigo da médica Joana de Carvalho, cirurgiã vascular na Allure Clinic, no Porto.