Em qualquer projeto no final devemos sempre fazer uma avaliação e este não será diferente.
É isso que faço hoje aqui convosco. Uma avaliação do processo de preparação, do culminar desse processo em palco, das expectativas futuras, o que espero e posso alcançar. E, claro todos os justos agradecimentos às pessoas que estiveram sempre por perto.
Quando me propus a preparar para uma prova internacional sabia de antemão das dificuldades que se avizinhavam.
Uma preparação longa, uma competitividade acérrima e, com isto tudo o aumento dos níveis de ansiedade e insegurança por estar na minha primeira prova internacional, podendo afetar as pessoas que me rodeiam.
Apesar de ter levado ao campeonato nacional uma boa condição física sabia que tinha muito que melhorar. Muito organizado e consistente teria de ser o meu offseason para conseguir os ganhos que pretendia.
Em 2014 subi ao palco com 72 kg, meço 172cm, perspetivava agora apresentar-me perto dos 80kg. Uma subida grande, mas falávamos de um ano entre as duas provas, o que me dava margem de progressão.
Agora que chegamos ao fim não só da rúbrica mas da preparação, vejo que apesar de ter conseguido pôr uns bons quilos de massa muscular tive de sacrificar condição.
Esta é uma das partes mais confusas!
Iniciei esta preparação com um nível de gordura corporal mais baixo que no ano anterior, com mais massa muscular, uma condição melhor, no entanto não atingi em palco a condição tão afinada como no ano anterior.
Se já sabia disto? Sim, já calculava, até porque o meu treinador, o Carlos Anhuka Silva já me tinha avisado que isto ia acontecer, pela quantidade de massa muscular que estava a aumentar.
Quando não me classifiquei para as finais da minha categoria, e esse era um dos objetivos, fiquei triste claro, desiludido sem dúvida, mas em momento algum pus todo o trabalho desenvolvido e preparação em causa. Até porque esse era um dos objetivos e reforço, UM DOS, entre outros, portanto para mim, e quem me conhece sabe que foi uma experiência muito positiva, motivadora e que me fez evoluir muito enquanto atleta e pessoa.
Já falei disto num episódio anterior. A categoria Men´s Physique ainda mais subjetiva de avaliar é que uma prova de culturismo puro.
Sei perfeitamente que a melhor condição pode não vencer uma prova, uma carinha laroca pode fazer a diferença, um conjunto de juízes que não se identificam com aquele modelo de corpo (independente da excelente forma)podem penalizar, alguns parâmetros menos claros de avaliação, enfim toda uma panóplia de pontos de avaliação que acabamos por não controlar, que já não dependem de nós! E se já não depende de mim, se já não consigo controlar, não me apego e não dou relevância.
Mas afinal o que consigo eu controlar?
A forma como me apresento, a forma como eu me preparo, todo o trabalho que fiz durante a preparação.
Tudo isso eu consigo! O resto? O resto é apenas algo que pode chegar hoje, amanhã, ou até nunca chegar, porque não são os primeiros lugares que me movem neste desporto!
Faço a ressalva, para não pensarem que sou hipócrita – Trabalho sempre com o foco no melhor e no primeiro lugar, mas tenho a noção que pode não chegar, e não é isso que me desmotiva.
Enquanto competidor tenho uma ideia deste desporto a médio longo prazo.
Não encaro isto a uma época, nem a uma ou duas preparações.
É engraçado que quando entrei no caracter competitivo do culturismo não me sentia assim, mas à medida que fui avançando, preparando, conhecendo, fui-me apaixonando!
Hoje sinto que quero continuar a competir, seja na categoria Men´s Physique, seja no culturismo clássico, até quem sabe no crossfit!
Porque o que me apaixona mesmo é todo o processo de preparação, o foco, o compromisso, o quebrar limites, o fortalecimento psicológico e acima de tudo a evolução como um todo.
Importante transmitir-vos também que também existem outras coisas na minha vida que merecem tal respeito, motivação e dedicação, como é o caso da minha carreira profissional (que ainda não é esta) e da minha vida familiar.
Sem essas áreas bem sustentadas, resolvidas e que sirvam de suporte, tenho a certeza que serei um atleta mais fraco.
Sei que por vezes “sacrifi
co” alguma destas vertentes em prol desta paixão, e aqui sim reside um dos pontos onde mais quero evoluir.
A conciliação de todas estas prioridades na minha vida. Sei que assim fará mais sentido.
Com toda esta conversa já perceberam que novas provas se avizinham, resta decidir quais. Neste momento não é essa a decisão que interessa fazer. Neste momento é tempo de relaxar, de deixar o corpo recuperar, o psicológico estar à vontade, de estar mais presente para os amigos e família e especialmente de bom humor.
Quero agradecer a todas as pessoas que me rodeiam e, que tem o seu espaço na minha vida, todos eles foram e são importantes para o meu desenvolvimento. Ao meu mais que parceiro de treino, um amigo um irmão Marco Costa, porque juntos somos mais fortes. Ao meu treinador Carlos Anhuka Silva porque sei que sem ele não teria sido possível iniciar esta caminhada ao César Matadinho por todo o apoio dado, especialmente em Santa Susanna nos últimos dias
A toda a minha família que por vezes não entende este modo de vida, esta obsessão como lhe chamam e que têm de me aturar nos dias menos bons.
A todos os meus colegas e amigos que fazem questão de estar a meu lado, SEMPRE!
Ao Nuno Silva do ginásio XL pelo apoio diário e por ajudar a vestir os 2 atletas que participaram no Campeonato Europeu.
Ao Cybergym por me receberem sempre de braços abertos e terem o solário sempre disponível
A todos aqueles que não referi especificamente mas que de perto acompanharam a preparação, e um ESPECIAL OBRIGADO A VOCÊS, por me irem acompanhando neste espaço.
Estamos no último episódio desta minha rúbrica na inShape, mas não vou desaparecer totalmente.
Caso queiram seguir o meu dia-a-dia deixo-vos o meu facebook e instragram para seguirem e partilharem.
Muito obrigado !
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