O PNF-Chi é um exercício que pode ser feito por toda a família e que, através dos ensinamentos milenares do tai-chi e da coordenação dos padrões neurofisiológicos do movimento normal, aumenta a coordenação, o equilíbrio, a força e a consciência corporal.

Há quatro anos, Margarida Ponte decidiu experimentar o PNF-Chi. «Queria praticar exercício físico com uma modalidade que trabalhasse todo o corpo, mas não queria malhar como tinha feito no passado», conta.

Foi amor à primeira vista. «O PNF-Chi respondeu positivamente a todos os meus requisitos e corrigiu um problema de postura que tinha e que sabia que deveria ser tratado», afirma. Hoje, aos 51 anos, pratica a modalidade duas a quatro vezes por semana «conforme a disponibilidade» e diz «que toda a gente deveria experimentar mais do que uma vez para interiorizar e perceber totalmente o que é».

Made in Portugal

O PNF-Chi é uma abordagem global ao exercício físico e foi desenvolvido, em 2001, por dois fisioterapeutas portugueses, Paulo Araújo e Eva Albuquerque. A modalidade caracteriza-se pelos movimentos lentos e contínuos do
tai-chi, executados na diagonal e a explicação para essa associação é muito simples. «Ao observarmos a execução das formas do tai-chi, verificámos alguns paralelismos com os padrões de movimento em diagonal do PNF (Proprioceptive Neuromuscular Facilitation) e optámos por criar algo baseado em princípios neurofisiológicos, mais adaptado à realidade ocidental e mais respeitador das capacidade individuais», explica Paulo Araújo.

Para todos

Como é um exercício de baixo impacto, pode ser praticado desde a infância até à idade sénior, mesmo por pessoas com necessidades especiais, sem o perigo de desenvolver gonalgias, tão comuns no tai-chi. «Gostamos de o considerar como exercício para a vida, como parte integrante de um estilo de vida saudável», realça o fisioterapeuta.

Durante a sua prática, uma das principais recomendações é escutar o que o corpo diz. «Seguindo o conforto e considerando a lentidão do movimento há tempo para perceber o que se está a passar em cada momento e, como tal, a possibilidade de lesão é quase nula», acrescenta Paulo Araújo.

Segredos do PNF-Chi

O PNF-Chi utiliza movimentos lentos, contínuos e em espiral, de modo a promover a adaptação progressiva das estruturas mio-fasciais e articulares que induzem ao relaxamento e bem-estar.

Durante as sessões, cada movimento é repetido três vezes para que, como explica Paulo Araújo, «na primeira, aconteça a perceção do que está a suceder no corpo, na segunda, a compreensão e, na terceira, a pessoa possa integrar e desfrutar do movimento realizado».

Não é, contudo, muito diferente de outras modalidades.

«Para ocorrer a integração de qualquer tipo de aprendizagem é necessário repetir o processo muitas vezes», lembra o fisioterapeuta.

Respirar bem

Outro aspeto muito importante nesta modalidade é a respiração. Tal como acontece em alguns tipos de meditação ou ioga, o PNF-Chi traz benefícios adicionais à respiração. «Pedimos respirações mais lentas e profundas que causam uma diminuição da frequência respiratória, mesmo durante o exercício. A eficácia de cada ciclo torna-se assim maior, melhorando a oxigenação e proporcionando, simultaneamente, uma sensação de relaxamento», explica Paulo Araújo.

Vantagens da modalidade

Mas os benefícios não se ficam pela respiração, as vantagens «são muito globais e cada exercício trabalha vários segmentos corporais, visando melhorar o todo e não só as partes», refere o fisioterapeuta.

A prática do PNF-Chi promove o relaxamento, a consciencialização corporal, a integração de movimento, o equilíbrio e a coordenação, para além de melhorar a flexibilidade, a força e a resistência ao esforço e ao treino proprioceptivo posicionamento articular e equilíbrio).

«Já foram efetuados estudos na área do equilíbrio, qualidade de vida, impacto cardiorespiratório e resistência em pessoas idosas com resultados extremamente promissores», realça Paulo Araújo.

Mulheres mastectomizadas

Nos Açores, o PNF-Chi está também a ser usado na recuperação de mulheres mastectomizadas.

«Estas mulheres vêem a sua vida condicionada de muitas formas e o exercício físico é uma delas. Depois do período de recuperação inicial, o movimento é fundamental e o PNF-Chi permite começar uma atividade precocemente, por serem movimentos lentos e
auto-resistidos, permitindo que cada mulher esteja a exercitar-se segundo as suas capacidades individuais», esclarece  o fisioterapeuta Paulo Araújo.

O Wellness Island e o Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa contra Cancro terminaram recentemente um primeiro estudo com resultados promissores. Segundo Paulo Araújo, notaram-se «melhorias fundamentais nas amplitudes de movimento do braço afetado e diminuição do edema, assim como na diminuição das alterações da sensibilidade (sensação de queimadura) provocadas nomeadamente pela radioterapia».

Onde praticar

Angra do Heroísmo (Ilha Terceira, Açores)

Wellness Center do Hotel do Caracol
Telefone: 295 402 600
Internet: http://pt.hoteldocaracol.com

Lisboa

Ginásio Clube Português
Telefone: 213 841 580
Internet: www.gcp.pt

Castelo Branco

ALBI - JIM - Aquafitness Health Center, Lda
Telefone: 272 181 544
Internet: www.aquadrenalina.com

Praticar PNF-Chi em casa

Siga os conselhos de Paulo Araújo antes de experimentar esta modalidade:

- Comece por espreguiçar-se e bocejar. Repita estes gestos durante uns minutos.

Estas são as estratégias inatas e automáticas do alívio de tensão por alongamento global, acompanhado de um aumento de afluxo de oxigénio ao cérebro e músculos.

- Com os pés afastados um pouco mais que a largura dos ombros e os joelhos ligeiramente fletidos, coloque a bacia em posição neutra, mantendo a curvatura normal lombar e cresça a sua coluna, visualizando o espaço entre as vértebras a aumentar.

- Coloque os membros superiores na posição inicial e execute de modo lento e suave o movimento até atingir a posição número dois e depois retome a posição inicial. Encha o peito de ar quando vai para cima e despeje quando vier para baixo. Para cima, abra energicamente as mãos e, para baixo, feche as mão com força.

Texto: Rita Caetano