Em todo o mundo, estima-se que existam 23 milhões de praticantes de surf em todo o mundo, segundo dados avançados em 2019, pela International Surfing Association (ISA), num relatório enviado para o Comité Olímpico Internacional (COI). Contudo, este número não expressa verdadeiramente o número de praticantes regulares, já que se trata de uma modalidade recém-olímpica e que ainda necessita de mais trabalho por parte das entidades organizadoras e legisladoras para termos dados mais concretos.

O que é certo e não deixa margem para dúvidas é o impacto altamente positivo que o surf tem para a saúde. É a modalidade mais sexy do momento e todos a querem praticar, mesmo que tantas vezes tenham tão pouca aptidão para uma prática tão exigente. Contudo, com a ajuda de escolas e treinadores, que facilitam o acesso a esta prática, até pessoas que não sabem nadar e que possam nunca ter tido contacto com mar ou com as ondas podem praticar.

Comecemos pelo benefício de contribuir para um maior bem-estar geral, já que é um poderoso regulador dos nossos neurotransmissores e hormonas, com a capacidade de transformar o nosso corpo numa máquina de produção de adrenalina, dopamina e serotonina, algo que está associado a sensação de bem-estar e boa disposição. Além disso, é possível encontrar, de forma abundante, micropartículas de iões negativos na rebentação das ondas do mar e em cascatas e florestas, que contribuem para estimular o sistema imunitário e equilibrar os níveis de serotonina.

O surf contribui também com efeitos terapêuticos em situações de Transtorno de Stress Pós-Traumático ou em projetos de reabilitação, com pessoas com doenças variadas, como quadros de ansiedade e depressão, bem como situações relacionadas com o suporte para a exclusão social, entre outras. Pode, ainda, ajudar a reduzir o stress, já que, quando surfamos, conseguimos uma mistura ideal entre a frequência mais baixa (Delta), que nos proporciona um sentimento de calma, relaxamento, e foco e, ao mesmo tempo, as ondas cerebrais podem derivar para as altas frequências (Beta). Estas transições entre diferentes frequências ajudam a reduzir os níveis de stress e aumentam a sensação de bem-estar.

Com a prática do surf, verifica-se uma melhoria do estado de saúde físico e mental geral, contribuindo para a redução de estados de ansiedade e de depressão, o aumento da autoconfiança e a melhoria de laços sociais dos praticantes. Falamos de uma modalidade que já apaixona muitos portugueses e com um grande potencial de crescimento no nosso país, que deve fomentar as condições necessárias para a sua prática.

Um artigo de Inês Tralha, CEO da Good Surf Good Love.