Entre o medo, a ansiedade e o dia a dia, passamos demasiado tempo sem prestarmos a devida atenção ao nosso corpo e à nossa sensibilidade. Enquanto o fazemos, vamos acumulando dentro de nós emoções que não se expressam e resíduos de ansiedade que, mais cedo ou mais tarde, vão ter de sair de dentro de nós.

E, de repente, como que por surpresa, surgem os ataques de pânico. Regra geral, os ataques de pânico aparecem quando aparentemente está tudo bem. Subitamente sentimo-nos a colapsar, como se o nosso corpo começasse a entrar numa espiral crescente de destruição que nos impede de agir. A experiência de um ataque de pânico é muitas vezes descrita como uma experiência de morte eminente, com sensações físicas, emocionais e mentais absolutamente extremas.

Se queremos combater os ataques de pânico, é preciso tomar consciência de que estas manifestações, ao contrário daquilo que na maioria das vezes pensamos, não aparecem de surpresa. Aparecem como uma manifestação extrema de um pedido de ajuda do nosso corpo. São o limite do medo e da ansiedade.

O ataque de pânico representa a libertação emocional desequilibrada, o medo do próprio medo e o medo da sensação de destruição interna.

Por muito que um ataque de pânico seja relativamente rápido, a verdade é tem uma dimensão assustadora e, se repetido, é absolutamente condicionante do dia a dia e do bem-estar.

Por isso, sempre que os ataques de pânico, assumem um papel no nosso dia a dia, devemos:

            1. Consciencializarmo-nos do ataque de pânico

Um ataque de pânico gera uma resposta de “luta-fuga” do organismo. Quanto mais lutarmos contra ele, mais ele vai ter tendência a crescer. Por isso, no momento em que se iniciam os sinais de ataque de pânico, devemos estar conscientes do ataque de pânico - quando o aceitamos, enviamos a mensagem ao nosso corpo de que está tudo bem, e o nosso corpo tenderá a relaxar e a tranquilizar-se mais rapidamente.

            2. Adquirir estratégias para relaxar em tempo real

Depois de consciencializar o ataque de pânico, podemos conduzir o nosso corpo ao relaxamento, como, por exemplo, utilizando a respiração como fator de auto-regulação corporal. Pode também recuperar o controlo do próprio corpo, contraindo e relaxando os músculos de forma alternada, por exemplo, cerrando e descerrando os punhos.

            3. Identificar os nossos medos

Devemos fazer um check-list de quais são os medos a que não temos dado atenção e que nos têm provocado ansiedade no nosso dia a dia. E, posteriormente, devemos desconstruir esses medos, isto é, quais são as causas e o que temos sentido no corpo quando nos confrontamos com esse medo.

Os ataques de pânico acabam por contaminar o dia a dia de quem os tem, por isso, a melhor solução será sempre preveni-los.

Como são o resultado do acumular de medos, ansiedades e de tudo aquilo que é atirado para debaixo do “tapete” e que não identificamos ou expressamos em tempo real, o mais importante é existir um trabalho de introspeção para dar significado às experiências, de modo a evitá-los.

No fundo, os ataques de pânico tenderão a extinguir-se quando o corpo não precisar de “gritar” por ajuda e quando formos capazes de, em tempo real, ouvir os nossos apelos internos.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.