Começou dar os primeiros passos em Portugal no início da década de 2000. Quase duas décadas depois, esta terapia proporciona um relaxamento profundo através da abstração de qualquer estímulo exterior. Feche os olhos, respire fundo e imagine-se a flutuar no meio do oceano, alheado de todo e qualquer estímulo. O seu corpo funde-se com a água quente e não pesa um quilo que seja. A sensação de relaxamento é indescritível!

Foi assim que sentimos a flutuação, uma terapia que promete libertar-nos do stresse e das tensões do dia a dia, para além de melhorar os sintomas de muitas patologias físicas. Um estudo publicado pelo International Journal of Stress Management, em 2006, concluiu que os voluntários que se submeteram a 12 sessões desta terapia tinham, no final, menos dores, menos stresse e menos ansiedade, correndo menor risco de depressão.

Como nasceu a flutuação?

Oficialmente designada por Terapia de Flutuação de Restrição de Estímulos Sensoriais, REST na sigla inglesa, a flutuação num espaço quente com sal Epson teve a sua origem nos anos 50 do século pas­sado quando John Lilly, neurocientista norte-americano, procurava um meio de privação sensorial que permitisse isolar, tanto quanto possível, o cérebro humano de estímulos exteriores.

John Lilly descobriu, através dos relatos das pessoas que participaram nas suas experiências, que a flutuação lhes permitia atingir níveis de relaxamento e bem-estar que apenas haviam sido alcançados, até então, na meditação profunda. Estes relatos tiveram um grande impacto na comunidade ame­ricana, levando ao fabrico e comerciali­zação de flutuários mais adequados à experiência de relaxamento.

Nos últimos anos, os flutuários têm sido utilizados em todo o mundo para inúmeros fins, incluindo lúdicos, médicos, de relaxamento, de investigação, de meditação, psicoterapêuticos ou fisio­terapêuticos, de ciência desportiva e por aí fora... Esqueça tudo aquilo que experimentou até agora. Esqueça as massagens, as terapias alternativas orientais, ocidentais, modernas ou antigas...

Uma experiência avassaladora

A experiência da flutuação não tem equiparação possível e chega a ser difícil transpô-la para o papel. Depois de nos explicarem no que consiste a terapia e quais os seus benefícios, somos encaminhados para a sala onde se encontra o tanque de flutuação, vulgo flutuário. A sala tem uma luz ténue e encontra-se à mesma temperatura da água do flutuário, para que não exista qualquer desconforto ou estímulo que perturbe o relaxamento.

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O que acontece quando entramos no flutuário

Ao entrarmos no flutuário, sentimos imediatamente o conforto e a sensação de frescura do toque da água na pele. Os 300 quilos de sal Epson que contém conferem-lhe a densidade necessária para flutuarmos sem qualquer esforço. O corpo, livre da força da gravidade, deixa de conseguir distinguir as temperaturas da água e do ar, e a ausência de estímulos permite-nos atingir um estado de repouso, paz e tranquilidade absolutos.

Tal como explicam os responsáveis pela Float in, o espaço onde experi­mentámos flutuar, «os pensamentos e preocupações vão desaparecendo e o cérebro entra num registo de ondas teta. É esta a frequência cerebral que os monges budistas conseguem alcançar após vários anos de treino e meditação. Todos os músculos relaxam e as tensões desaparecem», asseguram, durante a demonstração.

«A fadiga física e mental é substituída pelo restabelecimento da energia e o stresse dá lugar ao bem-estar», garantem ainda. Terminada a sessão, hesitámos em levantar-nos repentinamente. Afinal de contas, o nosso corpo esteve cerca de 50 minutos liberto de gravidade, pelo que não sabemos até que ponto consegue manter o equilíbrio!

Seguiu-se um duche quente, com direito a champô e gel de banho. Só assim é possível remover completa­mente o sal Epson do corpo. Debaixo do chuveiro começam a sentir-se os benefícios da flutuação. O corpo ficou completamente relaxado, as tensões que se acumularam nas costas ao longo do dia de trabalho tinham desaparecido e estávamos, de facto, envoltos numa áurea de paz e de tranqui­lidade absoluta.

Os efeitos e os benefícios da flutuação

A flutuação tem inúmeros benefí­cios comprovados não só por quem experimenta como por vários estudos científicos. Flutuar estimula a circu­lação sanguínea, promovendo uma melhor distribuição de oxigénio e de nutrientes pelo organismo. Além disso, reduz a pressão arterial e a pulsação. A libido, o potencial criativo, a capacidade de concentração, a aprendizagem e a resolução de problemas são também estimulados.

Para além destas utilizações a flutua­ção é benéfica em casos de:

- Insónias

Uma hora de flutuação equivale a entre quatro a seis horas de sono.

- Jet lag

A compensação do sono e a redução da fadiga também é bastante útil para quem viaja frequentemente de avião.

- Gravidez

Reduz o mal-estar próprio deste período, sobretudo nos meses de maior calor, altura em que as grávidas tendem a acumular mais líquidos e a inchar mais.

- Problemas musculares e articula­res

Pessoas com dores musculares e nas articulações encontram na flutuação resultados rápidos para os seus problemas.

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As características do sal que é utilizado

O sal Epson, utilizado na maioria dos tanques de flutuação do mundo, é composto por sulfato de magnésio, combinado com carbono e oxigénio, o que lhe confere propriedades terapêuti­cas de relevo, ao contrário do sal co­mum, que contém cloreto de sódio, uma substância prejudicial para a saúde. Além de revitali­zar e rejuvenescer a pele, o sal Epson favorece ainda a hi­giene da água, eliminando todas as bactérias que possam existir.

Texto: Madalena Alçada Baptista com Float in (fotografia)