Quando falamos de Doença de Crohn e de Colite Ulcerosa somos quase que levados automaticamente pelo nosso cérebro a pensar em problemas intestinais.
No entanto, as complicações que decorrem da Doença Inflamatória do Intestino (DII) estende-se a outros sistemas e órgãos que não o intestino, nomeadamente às articulações, à pele e aos olhos, num primeiro plano, bem como à boca, aos rins e ao fígado. Quer isto dizer que tanto a Doença de Crohn quanto a Colite não são doenças só do intestino, mas doenças sistémicas.
Estas manifestações, designadas extraintestinais, podem assumir um curso independente ou simultâneo às DII e têm um impacto profundo na diminuição da qualidade de vida de quem vive com a doença.
Entre as manifestações extraintestinais mais frequentes estão as articulares. A artropatia periférica é a mais habitual e é uma forma autolimitada, assimétrica e que, frequentemente, tem relação com a atividade da doença intestinal.
É importante referir que estas manifestações não contemplam somente o atingimento das articulações periféricas, mas também axiais.
Ainda neste âmbito, urge sublinhar que alguns sinais e sintomas a que devemos estar atentos não são exclusivos das DII, podendo surgir noutros contextos.
Respeitante à pele, o segundo grupo mais afetado, o eritema nodoso assume-se como o mais frequente. Mais raro, mas igualmente importante, é o pioderma gangrenoso, cuja manifestação surge por meio de úlceras.
A uveíte, se não diagnosticada e tratada atempadamente, pode dar perda da equidade visual. Esta é a manifestação mais comum nos olhos e os sintomas mais frequentes são a dor ocular, as cefaleias e a visão turva.
No fígado, a principal manifestação é a colangite esclerosante primária. Apesar de rara, é uma doença crónica e progressiva. Tem a particularidade de, em 90% dos casos, se associar às DII.
Quando os sinais nos dizem que algo não está bem e que há problemas para além da DII, o que fazer?” é uma das várias questões que são respondidas no episódio da rubrica "Dar a Volta à DII". Estar atento aos sinais e falar deles à equipa de saúde onde somos seguidos é essencial.
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