“O Desafio de Lisboa” foi inspirado na mais célebre prova de vinhos da história, o “Julgamento de Paris”, que em 1976 abalou o entendimento generalizado ao colocar, às cegas, vinhos franceses e californianos com resultados surpreendentes.
Em Portugal, o desafio pôs em prova três rondas de vinhos brancos, seis de vinhos tintos e uma de vinhos de sobremesa. Em todos, um vinho português esteve em confronto direto com um vinho internacional. Os jurados tinham de pontuar cada vinho numa escala de 0 a 20 pontos em rigorosa prova cega, isto é, sem conhecimento prévio do país, denominação de origem ou casta.
Os vinhos portugueses alcançaram dois primeiros lugares em três possíveis. Por entre os vinhos brancos, o vencedor foi o Vinha dos Utras 2019, elaborado na ilha do Pico, Açores, pela Azores Wine Company. Elaborado a partir de uma vinha antiga da Criação Velha, na quase totalidade Arinto dos Açores, primeira linha de mar.
Na segunda posição entre os brancos ficou o Riesling Cuvée 2013 de Frédéric Émile Trimbach (Alsácia, França) e o terceiro foi o Rene et Vincent Dauvissat Chablis 2014 (Borgonha, França).
Provavelmente a maior surpresa da prova foi o resultado obtido pelo vinho português Falcoaria Colheita Tardia 2016, elaborado na Quinta do Casal Branco, no Tejo, a partir das castas Viognier e Fernão Pires. Em confronto direto com o Château Rieussec 2017, um reputado vinho francês de Sauternes, o Falcoaria ganhou por larga margem o flight dos vinhos de sobremesa.
Por fim, nos tintos, o vencedor foi o Veja Sicília Valbuena 5º 2013, icónico vinho espanhol da Ribera del Duero, em que predomina a casta Tempranillo. Na segunda posição ficou o alentejano Mouchão Tonel 3-4 2013 e os terceiros melhores tintos, ex-aequo, foram dois vinhos do Dão: Textura da Estrela Jaen 2019 (Textura Wines) e Quinta da Pellada Carrocel 2014 (Álvaro de Castro).
“´O Desafio de Lisboa´ comprovou a tese que defendíamos à partida. Portugal tem grandes vinhos, que em nada ficam a dever a outros grandes vinhos do mundo. Não há que ter medo em compará-los ou apresentá-los perante painéis de especialistas, incluindo neste tipo de confrontação direta, porque os resultados serão sempre muitos positivos”, entende Nuno Guedes Vaz Pires, diretor da “Revista de Vinhos”, organizadora do evento.
Paolo Basso, “Best Sommelier of the World 2013”, e Guilherme Corrêa (DipWset) conduziram a prova que contou a participação de um painel de jurados constituído por 18 especialistas (críticos de vinhos, sommeliers, importadores e compradores), de Portugal e do Brasil.
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