Depois da restauração, Luís Suspiro aventura-se no mundo editorial com “Uma Cozinha com raízes – Memórias de um rural refinado” (Gradiva, €25,00). Um livro que, muito mais que uma colectânea de receitas, ”é um romance de uma vida riquíssima”, nas palavras do editor, Guilherme Valente. “Toda a gente devia ler, até os jovens. É uma lição de vida, de criatividade, de luta contra a adversidade”, define o responsável.
O presidente da Associação dos Cozinheiros Profissionais de Portugal (ACPP), Fausto Airoldi, confirma o colega de profissão como homem “autodidacta, afável, amigo, que passou por uma fase difícil mas teve a garra de ultrapassar isso”. Ou, como acrescenta José Manuel Esteves, secretário-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Luís Suspiro é alguém que “sabe pegar o touro pelos cornos, mas também sabe chorar com emoção”. Toda esta alma está presente no livro, com fotografias do próprio e de Carlos Sargedas.
O livro percorre as vivências de infância e juventude no Ribatejo, a experiência como forcado e a vida das tabernas. Dá um salto ao Sul, em homenagem ao Alentejo e Algarve; e muda de rumo com a vida de empresário. Fala na doença e nos amigos, conta histórias vividas e conclui com artísticos pratos genuinamente portugueses.
Uma nota para explicar o subtítulo: Para Luís Suspiro, há os urbano-deprimidos e os rurais-refinados; há os charlatães e os genuínos. E ele, apesar de cada vez mais urbano (já com três restaurantes em Lisboa), não perde o bom gosto e a impulsividade, nem o entusiasmo dos novos projectos.
Dono do mítico “Condestável”, em Ereira, Cartaxo, encarregou-se há dois anos do espaço de restauração da Ordem dos Médicos, baptizando-o de “Na Ordem Com… Luís Suspiro”. Já em 2009, apostou na abertura de dois projectos no Campo Pequeno: o “Torricado”, em Janeiro, e o “Portucalidades”, em Abril, ambos com preços mais acessíveis e sempre muito concorridos.
Orgulhoso dos seus espaços, não deixa de reconhecer a importância dos “companheiros restauradores e cozinheiros”, Na apresentação do livro, Luís Suspiro confessou-se um “devorador de restaurantes”. Quando está farto da sua própria comida gosta de ir a restaurantes para se divertir, de partilhar experiências e do convívio à mesa.