“O prato nacional é, como o romanceiro nacional, um produto do génio coletivo: ninguém o inventou e inventaram-nos todos”. A citação anterior chega-nos com direitos de autor. o do jornalista e escritor Fialho de Almeida. Expressão com mais de cem anos que, nas próximas semanas, dá mote a que seis figuras do presente, de chefes de cozinha a gastrónomos e estudiosos do ato alimentar corram o país à cata das nossas raízes à mesa.

A História da Gastronomia Portuguesa”, transmitida pela RTP1, é um périplo por séculos de legados cultural, social, económico, fruto das muitas viagens e contactos em outras latitudes dos nossos antepassados, mas também dos microcosmos regionais e das condicionantes geográficas e limitações de acesso a produtos. O resultado é uma grande diversidade culinária num país de dimensões pouco generosas como Portugal.

A deslindar todas estas características, revelando historias, singularidades e segredos da cozinha portuguesa estão chefes como Ljubomir Stanisic, Kiko Martins, Nuno Bergonse, Marlene Vieira, Diogo Noronha e Susana Felicidade.

Uma viagem gastronómica que se faz do XVI e o século XX e que conta com o contributo de inúmeros estudiosos do fenómeno alimentar. A saber, entre outros, Fátima Moura, Alexandra Prado Coelho, Guida Cândido, Maria Manuela Azevedo Santos, Ana Marques Pereira, Paulo Drumond Braga, Graça Pericão e Fortunato da Câmara.

No novo programa dos sábados à noite (22h00) na RTP1 em cada episódio é analisado um século da história de Portugal através da gastronomia e hábitos da época. A protagonizar cada um dos séculos está um dos chefes de cozinha, que explora um livro de receitas na época. Os estudiosos e especialistas na matéria fazem, por seu turno, o enquadramento histórico e revelam factos e curiosidades.

“Gourmet, de tão usado, banalizou-se e hoje traduz muitas realidades sem qualquer interesse”
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No final do episódio, o chefe de cozinha escolhe uma receita do livro para recriar, respeitando os métodos e utilizando os respetivos ingredientes das cozinhas da época.

Desta forma, a abrir a série Ljubomir Stanisic aborda o século XX e espreita, desta forma, a história mais recente. No segundo capítulo desta viagem no tempo, a chefe de cozinha Susana Felicidade, viaja aos petiscos literários do século XIX.

Por seu turno, o chefe Diogo Noronha detém-se no século XVIII e vai à procura do que se cozinhava e como se cozinhava há três séculos, a partir da obra de Lucas Rigaud “O Cozinheiro Moderno ou Nova Arte de Cozinha”.

Recuando um século, Nuno Bergonse, relata-nos a centúria de XVII, tendo como ponto de partida o livro “Arte de Cozinha”, de Domingos Rodrigues.

Já o Chef Kiko Martins leva-nos até ao século XVI, através do mais antigo livro de cozinha português, o livro de receitas da Infanta D. Maria.

Por seu turno a chefe de cozinha Marlene Vieira, traça-nos a rota da doçaria conventual.