Esta é uma narrativa de amores e de encontros em vários capítulos e que arrebanha diferentes geografias: Alemanha, Suíça, Portugal, Japão. Uma história que tem como fio condutor dois saudáveis “fanáticos” apreciadores de chá. Ela, Nina Gruntkowski, alemã, jornalista de profissão. Ele, Dirk Niepoort, figura mais comumente associada, em Portugal, a inconformismo e irreverência na produção de vinhos durienses. Juntos, há alguns anos e numa visita a um produtor de chá suíço, contactaram com a planta que há milénios é sinónimo de celebração e culto. Nina e Dirk apaixonaram-se pela delicada Camellia Sinensis. A planta que mais prosaicamente designamos como chá.
O roteiro sentimental vai desembocar mais tarde no litoral Norte de Portugal. Nina e Dirk acabam por se estabelecer no Porto, clima propício para a frágil Camellia Sinensis vingar. Hoje, volvidos alguns anos sobre o primeiro encontro com o chá, Nina e Dirk cultivam centenas de plantas. Esforçam-se por produzir um chá verde de alta qualidade em Portugal continental. Enquanto não atinge o chá perfeito, o casal comercializa no nosso país, através da iniciativa “Chá Camélia”, algumas das mais marcantes referências da delicada bebida japonesa. As folhinhas nascidas no extremo Oriente chegaram há alguns anos a Nina e Dirk através de amigos alemães. Uma vez mais foi amor à primeira vista traduzido, mais tarde, na importação de chás de produções de cariz familiar no sul do Japão.
A conversa faz-se com Nina. Uma troca de palavras compreensivelmente acompanhada por algumas das qualidades de chá do “país do sol nascente”. “Bancha”, o chá mais maduro, produzido a partir das folhas mais desenvolvidas;“Kukicha”, composto por 90% de caules que praticamente não têm cafeina; “Sencha”, ou seja, “preparado com água quente”, produzido a partir de folhas novas e pouco desenvolvidas. Designações que se traduzem em sabores exigentes para um iniciado: pedem aprendizagem do palato e treino para discernir algumas variações. Claro que podemos, simplesmente, apenas apreciar.
O percurso de aprendizagem iniciou-o Nina há cinco anos. Hoje, a responsável pelo “Chá Camélia” fala com o à vontade de quem traz muitas horas de prazer degustativo e estudo em torno do chá verde japonês. Nina tece-lhe as virtudes e desfia-nos o rol de benefícios para a saúde, “atenua dores de estômago, previne o colesterol alto, evita as cáries dentárias, contribui para aumentar a concentração”. Em poucas palavras: “beber chá verde dá energia, saúde e uma vida longa”, sublinha a alemã. Um saber ao qual não eram alheios os monges budistas do século XII. Consumiam “Matcha”, o chá sagrado, muito raro e de altíssima qualidade, produzido a partir das folhas mais jovens, cultivadas à sombra e depois moídas até atingirem uma textura extremamente fina.
Embalada por estas estórias, Nina prepara-nos um chá “Mizudashi”. A fórmula é muito simples: “uma saqueta de cinco gramas equivale a dois litros de chá. Pode preparar-se a frio e permite sucessivas infusões”, como refere Nina. Rapidamente, a água ganha verdes remoinhos libertados pela saqueta produzida no sul do Japão, a 15 mil quilómetros de terras lusas. Uma distância que Nina vai percorrer em 2013 para, in loco, acompanhar a colheita e produção do chá. Um processo que nos sintetiza desta forma: “As folhas do chá, depois da apanha, são vaporizadas alguns segundos. Depois, são arejadas para reduzir a humidade. Finalmente, as folhas são enroladas e secas”.
Uma produção atenta aos pormenores (por exemplo, a própria estética das folhas) que, de acordo com Nina, exige um tratamento a preceito na hora de servir: “água sempre filtrada ou engarrafada. Isto porque a água da torneira contém cloro, calcário e minerais”. Depois, controlo na temperatura. Ou seja, chás de folhas mais maduras (como o “Bancha” e o “Kukicha”) podem ser preparados com água a 80ºC. Já o “Sencha”, “Mizudashi”, “Gyokuro” e “Matcha”, carecem de água menos quente. Cuidados extensivos aos bules, às quantidades de produto por chávena, à filtragem. Afinal de contas “estamos perante uma bebida de culto e celebração”, frisa Nina.
Jorge Andrade
Fotos: "Chá Camélia"
“Chá Camélia”
Telefone: 931 704 803
E-mail: camelia@chacamelia.com
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AVEIRO
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LEÇA DE PALMEIRA
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Restaurante e Gourmet
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