Rita Salgado e Douglas Gilman foram (muito) visionários quando, há 15 anos, fundaram a marca Sonatural. "Já nessa altura havia uma tendência de apetência para o consumo de produtos frescos", recorda o empresário. "Nós conhecemos logo a tecnologia de alta pressão a frio, denominada HPP [sigla de High Pressure Processing], que tinha acabado de ser lançada nos EUA e arriscámos. Mas foi muito difícil porque o preço era o dobro de um sumo de fruta pasteurizado", confidencia agora.

"Demorou muito tempo a convencer os distribuidores a porem o produto nos supermercados. Tivemos a sorte de, um ano mais tarde, uns holandeses apostarem na mesma tecnologia. De repente, haviam duas empresas, uma portuguesa e uma holandesa, a ir Europa fora bater à porta dos supermercados a oferecer um sumo fresco, igual àquele que que se faz em casa, que podia ser consumido, sem perder as qualidades nutricionais, durante 70 dias", relembra Douglas Gilman.

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"A GL [empresa que detém a marca] sempre teve duas matrizes muito fortes, a inovação e a diferenciação. Fizemos sempre uma aposta em produtos inovadores e diferenciados. Tivemos sempre a pretensão de introduzir coisas novas que nos distinguissem. O lançamento do Benecol [o primeiro iogurte lançado em Portugal com ação comprovada na redução do colesterol no início da década de 2000] foi completamente arrojado. Na altura, até fomos um bocadinho gozados mas, depois, veio a revelar-se um mercado importante", recorda Rita Salgado.

"Nos sumos frescos, não havida nada disto. Estivemos um bocado à frente do mercado. O consumidor não estava sensibilizado para a importância do consumo de frutas e vegetais como hoje está. Hoje, a nossa luta é diferente. Há muitas marcas que não são de produtos frescos que usam os mesmos códigos para estar à venda no mesmo lugar dos nossos sumos", critica a coadministradora da empresa, que no início do ano reformulou o rótulo das embalagens das bebidas frescas da Sonatural.

"O rebranding que fizemos da marca é uma forma de sublinhar isso mesmo. Adicionámos as palavras Under Pressure ao nome para que as pessoas percebam que se tratam de produtos frescos", justifica Douglas Gilman. "Escolhemos os ingredientes mais frescos e usamos técnicas que mantêm os nutrientes e o sabor, sem açúcares nem conservantes nem mesmo água. Não é por acaso que os nossos produtos têm a cor, o aroma e todo o sabor das frutas e dos vegetais", garante o empresário.

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Em 15 anos de marca, foram muitos os desafios. "Quando lançámos o nosso sumo verde, também fomos gozados. A distribuição só queria sumos de fruta. Nós insistimos nos sumos com fruta e vegetais, que eram tendência na Europa e nos EUA, e a verdade é que a receção foi bestial", recorda Rita Salgado. "A introdução do gengibre também foi vista como uma estupidez e a realidade é que é a nossa referência número 1 no mercado europeu e no norte-americano", sublinha a gestora.

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"É imbebível, diziam-nos os distribuidores", recorda Douglas Gilman. "Nos EUA, estamos a fazer um caminho muito grande e seguro", intervém Rita Salgado. "Temos uma fábrica nossa lá, na Pensilvânia, construída com investimento português. É um orgulho", assume o empresário. "Na Europa, estamos em 10 países. Exportamos para Espanha, França, Islândia, Reino Unido, Finlândia, Suíça, Estónia, Lituânia e Ucrânia. Nós vivemos muito as dores dos nossos parceiros e está a ser muito difícil assistir a esta guerra. A Ucrânia era uma mercado extraordinário", desabafa.

"Ainda não vendemos na Polónia nem na Alemanha, mas são mercados onde queremos estar", assume a empresária. Mais de 80% da fruta e dos vegetais usados na produção de sumos da Sonatural, que nos EUA se chama Sofresco, é portuguesa. "A manga ainda não é mas vai passar a ser e o gengibre tem de ser sempre importado porque não temos cá clima para o cultivar. A laranja, o ananás, a romã e a maçã, que é a nossa base, são 100% nacionais", esclarece Rita Salgado.

Para além dos sumos, a Sonatural também produz e comercializa kefir, smoothies, shots probióticos, wraps, sandes, papas de aveia, saladas, snacks e pastas para barrar de origem animal e vegetal. "A maior parte dos húmus à venda no mercado está cheia de conservantes. Devido à tecnologia de alta pressão, os nossos não têm nenhuns", regozija-se Douglas Gilman. "Temos grandes novidades para este ano mas ainda não as podemos revelar", adverte ainda a empresária.