Logo depois de ter dedicado um episódio do programa “Culinary Journeys” aos sabores tradicionais dos santos populares tendo José Avillez como guia, a CNN voltou ao tema e apresentou uma reportagem sobre “Portugal: o segredo ‘foodie’ mais bem guardado da Europa”.

O jornalista Paul Ames começa por constatar que o mundo está repleto de trattorias italianas, bistrôs franceses e bares de tapas espanhóis, mas que os restaurantes portugueses no estrangeiro atraem geralmente apenas os emigrantes que querem matar saudades da comida da terra natal. Uma realidade que está prestes a mudar, diz o autor da reportagem. O sucesso de chefes de cozinha portugueses fora do país, onde se destacam George Mendes em Nova Iorque e Nuno Mendes em Londres (apesar do mesmo apelido, não são aparentados) está a dar que falar entre os apreciadores de comida em geral.

Paul Ames dá nada menos do que 20 razões para incluir Portugal na lista de viagens de qualquer foodie. E não se fica por Lisboa e Porto, apontando mesmo diversos restaurantes onde se pode apreciar a cozinha nacional. A qualidade do peixe (que o próprio Ferran Adria disse ser o melhor do mundo); o azeite, “ouro líquido”; o cozido à portuguesa e as suas variantes regionais; o despertar de uma nova geração de chefes, com José Avillez em destaque; as 365 receitas de bacalhau; os estranhamente quase desconhecidos queijos (Serra, Amarelo da Beira Baixa, Terrincho, São Jorge); a história das tripas à moda do Porto e as francesinhas; os pratos de arroz de marisco, arroz de pato, arroz de cabidela e arroz doce, “injustamente negligenciados”; o porco preto do Alentejo e os presuntos que dele resultam; os restaurantes que defendem a cozinha regional e que estão em todas as cidades de província; o estaladiço leitão da Bairrada e a surpreendente variedade dos vinhos, dos verdes ao Alentejo, passando pelo Douro e Porto, Dão, Bairrada, Carcavelos, Setúbal, Madeira e Pico.

A reportagem continua com a herança deixada pelos portugueses pelo mundo, como o vindaloo indiano, descendente da vinha d’alhos, o tempura japonês similar aos peixinhos da horta ou o frango picante tão popular no sul da África. Estes sabores estão hoje bem presentes em Lisboa, como a cachupa cabo-verdiana, a muamba angolana, a moqueca e feijoada brasileira, exemplifica o repórter.

Também as frutas merecem a atenção da CNN, e a lista é extensa. A banana da Madeira, o ananás dos Açores, as cerejas da Gardunha, as laranjas, amêndoas e figos do Algarve, os melões do Ribatejo, as peras do Oeste, as maçãs Bravo de Esmolfe e as riscadinhas de Palmela, as ameixas de Elvas e outros frutos beneficiam do clima português.

Em pleno verão, o guia não podia deixar de mencionar as sardinhas e o seu papel nas festas dos santos populares, mas adianta que a partir de outubro só se come sardinha em conserva.

Entrando numa área mais “extravagante”, a CNN destaca as lampreias, os percebes, as línguas de bacalhau, cabeças de porco, moelas de galinha e, nas sobremesas, a morcela doce e o Pudim Abade de Priscos.

Os mercados são também recomendados neste artigo, pela frescura e genuinidade dos produtos. Os Mercados de Olhão, Funchal, Bolhão (Porto) e Ribeira (Lisboa) são locais a visitar.

Os pastéis de nata, já bem conhecidos, podem dar lugar a outras especialidades da doçaria nacional como o bolo de mel madeirense, as especialidades algarvias de amêndoa e figo, os pastéis de Tentúgal e os doces de origem conventual como as barrigas de freira.

A carne não foi esquecida na lista da CNN. Merecem referência os populares pregos e bifanas, o cabrito, a vaca maronesa e barrosã e os pratos de caça de javali, veado e lebre.

Leia aqui a reportagem completa.