Há palavras que se colam a períodos específicos do ano. Uma delas, passou a definir aquele momento que faz a fronteira entre o fim da pausa para as férias de verão e o reencontro com as atividades anuais, aquelas a que convencionámos chamar rotinas. A palavra é rentrée, o que transposto para o nosso português nos transmite a definição de regresso, de reentrada ou, se preferirmos, de reencontro. De facto, este também é um período de transição no ciclo anual das estações. Transitamos do verão para o outono. Neste contexto, que bem sabe reencontrar alguns dos alimentos que definem a nova estação. À mesa procuramos cozinha de conforto, embora ainda com alguns laivos dos pratos que associamos às temperaturas mais amenas. Pratos de forno, alguns guisados, também saladas mais robustas, ainda alguns grelhados, assim como a apetência para o consumo de queijos e enchidos, marcam o elenco da mesa outonal.

Se o verão é território de vinhos frutados e refrescantes, o outono pede-nos néctares mais intensos e encorpados, quer nos tintos, quer nos brancos. É chegado o momento de escolher vinhos um pouco mais “quentes”, com um carácter mais suave, taninos equilibrados e maciez. Néctares com aromas bem definidos, com especiarias, madeira, chocolate e fruta madura. Bebidas que envolvem o palato, que nele perduram e casam na perfeição com carnes vermelhas, peixes de forno, mas também com ecléticas mesas de queijos e enchidos.

Pretexto para aqui lhe trazermos 12 sugestões de vinhos para a rentrée. Vai encontrar tintos e brancos com perfis bem marcados, de diferentes regiões do país, distintos métodos de produção, tempos de maturação e patamares de preços. Uma seleção que inclui três licorosos, com duas incursões nacionais, no Porto e Moscatel, e uma agradável surpresa transalpina.

Vinho Branco

Palácio da Brejoeira Alvarinho 2023

Monção e Melgaço

A origem: A Quinta da Brejoeira, situa-se em Monção e é uma propriedade com 30 hectares, dos quais 18 de vinha exclusivamente plantada com a casta Alvarinho. O ex-libris da quinta e da região é o seu palácio, uma grandiosa construção em estilo neoclássico, do final do século Séc. XIX, Património Nacional desde 1910. Quanto a este icónico vinho Palácio da Brejoeira Alvarinho 2023, estagia em garrafa de seis a oito meses antes de ir para o mercado.

A prova: Um vinho que nos oferece uma cor citrina. No que toca ao aroma, este surge-nos num misto de aromas cítricos, tropicais, flores e algumas ervas secas. Tendo um caráter frutado e floral, apresenta, também, uma vincada mineralidade. No sabor revela-se igualmente complexo, equilibrado, com corpo, mas simultaneamente elegante e fresco. Apresenta um final de boca muito agradável, longo e persistente.

Veredito à mesa: Acompanha bem carnes brancas, peixe e marisco, e ou como aperitivo.

Preço de venda recomendado: 27,99€

Palácio da Brejoeira Alvarinho 2023
Palácio da Brejoeira Alvarinho 2023 Foto - Daniela Sousa

Vinho Branco

Serra Mãe Reserva 2022

Península de Setúbal

A origem:  Um vinho que nasce num território de carácter singular, com as vinhas que lhe dão origem ao abrigo da influência climática da Serra da Arrábida, barreira à presença atlântica. O resultado é uma maturação equilibrada das uvas. Quanto a este Serra Mãe Reserva 2022, provém da casta Arinto, com um envelhecimento de 12 meses em barricas de carvalho francês.

A prova: Um néctar elegante e equilibrado, com notas minerais citrinas e de frutos secos.

Veredito à mesa: Considere este vinho a acompanhar peixes no forno, bacalhau e polvo à lagareiro.

Preço de venda recomendado: 10,99€

Serra Mãe
Serra Mãe Foto - Serra Mãe

Vinho Branco

XXVI Talhas – Branco do Tareco 2023

Alentejo – DOC Talha

A origem: O projeto XXVI Talhas presta homenagem à tradição milenar da produção de vinho de talha em Vila Alva, típica aldeia alentejana. O saber fazer tem passado de geração em geração, o que permitiu que esta técnica de produção seja uma realidade naquela localidade até aos dias de hoje. O vinho é produzido por métodos tradicionais e com castas típicas da região como Antão Vaz, Perrum, Roupeiro.

A prova: À vista, este vinho revela uma bela cor citrina. Ao olfato denuncia notas de frutos tropicais, ananás em calda e excelente mineralidade. Na boca é seco, o que corresponde ao encontrado no aroma.

Veredito à mesa: Para refeições de carnes brancas, peixe grelhado, saladas estruturadas e entradas frias.

Preço de venda recomendado: 13,99€

XXVI Talhas – Branco do Tareco 2023
XXVI Talhas – Branco do Tareco 2023 Foto - XXVI Talhas

Vinho Tinto

Adega Ponte da Barca Vinhão Reserva 2022

Vinho Verde

A origem: Um néctar nascido num território de verdes opulentos, de encontro entre as águas atlânticas e os maciços montanhosos do noroeste português. O vinho da casta Vinhão, com origem inegavelmente minhota, finaliza a fermentação em barricas de carvalho francês, onde permanece por um período mínimo de dois a três meses. O vinho permanece em bâtonnage, até ao momento do seu engarrafamento, por um período nunca inferior a seis meses.

A prova: À vista, este vinho enaltece a cor rubi e dá-nos, no que respeita aos aromas, a riqueza de bagas maduras com nuances de especiarias. Na boca revela-se refrescante, macio e elegante.

Veredito à mesa: Tenha em conta este vinho como a escolha ideal para acompanhar massas, pizzas, peixes assados e carnes grelhadas. Deve ser consumido a uma temperatura entre os 14 e os 16º C.

Preço de venda recomendado: 6,99€

Adega Ponte da Barca Vinhão Reserva 2022
Adega Ponte da Barca Vinhão Reserva 2022 Foto - Barcos Wines

Vinho Tinto

Xisto Preto Reserva 2022

Douro

A origem: Assim como o Xisto Preto marca a paisagem do Douro e desafia as videiras a rasgarem a rocha e a perfurarem a terra à procura de vida, estes vinhos do Douro enaltecem a superior resistência e perseverança dos vinhos daquela região. Este é um néctar nascido no planalto de Alijó, trabalhado a partir de castas autóctones (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca), a expressar fielmente o terroir dos ‘Altos’ do Douro.  Fermenta com maceração e contacto com as massas durante dois meses em talhas de barro.

A prova: Aroma intenso a fruta vermelha, esteva e especiarias. Na boca é estruturado, complexo e com boa frescura. Final longo e sedutor.

Veredito à mesa: Pode ser apreciado com carnes vermelhas ou queijos de sua preferência.
Preço de venda recomendado: 10,99€

Xisto Preto Reserva 2022
Xisto Preto Reserva 2022 Foto - Daniela Sousa

Vinho Tinto

Marquês de Marialva Baga Reserva 2019

Bairrada

A origem: Um vinho com berço numa região com caraterísticas geológicas privilegiadas; uma terra de grandes néctares desde a época dos Romanos. O território vitícola em apreço espraia-se desde as faldas das serras do Buçaco e Caramulo até ao Atlântico. O vinho Marquês de Marialva Baga Reserva 2019, nascido da icónica casta Baga, contou com nove meses de estágio em barricas de carvalho francês.

A prova: Apresenta-se de tonalidade granada bem marcada e oferece-nos um aroma predominante em frutos de polpa vermelha maduros e geleia dos mesmos. À vista, apresenta nuances tostadas e de moca.

Veredito à mesa: Conte com este vinho no acompanhamento de carnes vermelhas assadas ou guisadas, também caça e queijos de meia cura.

Preço de venda recomendado: 9,99€

Marquês de Marialva Baga Reserva 2019
Marquês de Marialva Baga Reserva 2019 Foto - Sara Falcão

Vinho Tinto

Quinta do Monte d’Oiro Colheita 2020

Lisboa

A origem: Um vinho proveniente de uma quinta que conta histórias. O empresário e gastrónomo José Bento dos Santos adquiriu a Quinta do Monte d’Oiro, em Alenquer, em 1990. No século XIX, a propriedade tinha pertencido ao Visconde de Chanceleiros, figura ímpar da vitivinicultura portuguesa. No presente, aquele território oferece-nos vinhos que demonstram garra, caráter, boa aptidão para envelhecer e balanço ideal para se apresentarem à mesa. Um néctar da casta Syrah que fermentou em cubas de inox com reprodução da pisa a pé e controlo de temperatura.

A prova: Versátil e gastronómico, este tinto jovem representa o equilíbrio harmonioso entre a casta (Syrah), a fruta e o terroir.

Veredito à mesa: Revela as suas qualidades e ecletismo ao acompanhar patés de pato, javali ou pombo, pratos de bacalhau ou peixes bem elaborados e condimentados, ou o clássico bife com pimenta, porco preto, vitela, cabrito assado, alheira e pratos de caça.

Preço de venda recomendado: 10,99€

Quinta do Monte D’Oiro Colheita 2020
Quinta do Monte D’Oiro Colheita 2020 Foto - Quinta do Monte d’Oiro

Vinho Tinto

Cabeça de Burro Reserva 2021

Douro

A origem: A marca Cabeça de Burro, das Caves Vale do Rodo (que reuniu as Adegas Cooperativas da Régua, Tabuaço e Armamar), do Douro tem uma história rica que remonta a 1959. O seu nome peculiar, "Cabeça de Burro", tem origem na lenda de um burro teimoso que recusava subir a íngreme encosta das vinhas, simbolizando a persistência e determinação necessárias para cultivar uvas de qualidade excecional nesta região montanhosa. Produzido com as tradicionais castas do Douro, como Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca, este néctar estagia 12 meses em barricas de madeira e, no mínimo, seis meses em garrafa. É um Douro com perfil clássico.

A prova: Com uma intensidade aromática dominada pela fruta fresca, madeira com nuances de cravinho, madeira muito bem integrada com frescura, taninos aveludados e balsâmicos.

Veredito à mesa: Acompanha de forma excecional cozinha tipicamente portuguesa, como carnes assadas e queijos de pasta mole.

Preço de venda recomendado: 11,49€

Cabeça de Burro Reserva 2021
Cabeça de Burro Reserva 2021 Foto - Carlos Figueiredo

Vinho Colheita Tardia

Casa de Santar – Outono de Santar 2018

Dão

A origem: A Casa de Santar, com mais de 200 anos de história, é um ícone do Dão e está historicamente ligada à produção de vinho.  Fundada no final do século XVIII, é uma das adegas mais emblemáticas desta região vinícola, pela história, dimensão e fama dos seus vinhos, reconhecidos pela tradição, autenticidade e nobreza. Os verões são quentes e secos e os invernos frios e chuvosos, condições que são condicionadas pelas serras, protegendo a vila de Santar dos ventos marítimos. Quanto a este Casa de Santar – Outono de Santar 2018, das castas Encruzado e Furmint, conta com seis meses de bâttonage e com 12 meses em barrica de segundo uso.

A prova: Apresenta uma cor palha aberta. No palato, não esconde nuances de manteiga, frutos secos levemente tostados, alperce seco e flores cítricas.

Veredito à mesa:  Um vinho que acompanha na perfeição sobremesas com cremes e natas ou com fruta, mas igualmente queijos, como cabra curado, São Jorge ou Roquefort.

Preço de venda recomendado: 39,99€

Casa de Santar – Outono de Santar 2018
Casa de Santar – Outono de Santar 2018 Foto - Casa de Santar

Vinho do Porto

Réccua Porto Tawny 10 Anos

Porto e Douro

A origem: “Uma família de famílias”, é o espírito que orienta a Porto Réccua Vinhos, criada a partir da reconversão das Caves Vale do Rodo, na Régua.  Estamos perante um néctar que fermentou com forte maceração, interrompida pela adição de aguardente vínica. Um vinho desenhado a partir das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca e outras.

A prova: De cor âmbar com reflexos vermelhos. De aroma intenso e complexo, dominado pela uva passa, frutos secos e canela.

Veredito à mesa: Acompanha com sobremesas doces, queijo da serra, queijo roquefort e frutos secos.

Preço de venda recomendado: 29,99€

Réccua Porto Twany 10 Anos
Réccua Porto Twany 10 Anos Foto - Carlos Figueiredo

Vinho Moscatel

Terras do Sado Moscatel de Setúbal Bombom

Península de Setúbal

A origem:  Este vinho espelha o caráter de um território situado entre o rio, a serra e o mar. Um vinho produzido a partir da casta Moscatel de Alexandria que revela equilíbrio entre os diferentes terroirs que lhe servem de berço. Um néctar elaborado em depósitos, em que o mosto sofre uma ligeira fermentação, sendo seguidamente adicionada aguardente vínica de qualidade.

A prova: Estamos perante um vinho de cor âmbar, com reflexos dourados, bastante intenso no nariz, denotando a tipicidade aromática do Moscatel. É um vinho equilibrado, fresco e com muito boa persistência.

Veredito à mesa: O Moscatel de Setúbal é ideal para acompanhar doces diversos, queijos intensos, como o Serra da Estrela ou o Azeitão, e chocolate com alto teor de cacau, que, neste caso, já vem a acompanhar a garrafa. É só deitar nos copinhos e desfrutar.

Preço de venda recomendado: 16,99€

Terras do Sado Moscatel de Setúbal Bombom
Terras do Sado Moscatel de Setúbal Bombom Foto - Vinalda

Amaro

Vecchio Amaro del Capo

Itália/Calábria

A origem: É da mistura equilibrada de 29 ervas que nasce este licor que mescla diferentes razões para o seu consumo. A primeira é o sabor, ao reunir numa mesma bebida flores, frutos e raízes da Calábria, região italiana. Cada um dos ingredientes é colhido ao longo do ano, sendo as macerações e infusões feitas imediatamente após a colheita para captar os aromas mais frescos e manter intactas as propriedades organoléticas de cada ingrediente. O resultado é uma bebida capaz de agradar a diferentes perfis de consumo. Uma opção que se situa entre o clássico amaro italiano e um licor tradicional.

A prova: O sabor agridoce das laranjas mistura-se com a delicadeza da flor de laranjeira e da camomila, a intensidade do alcaçuz, da hortelã-pimenta e do anis.

Veredito à mesa: Um digestivo para ser apreciado gelado. A uma temperatura de -20°C, a menta, o anis, o alcaçuz e todas as ervas incluídas na sua receita exclusiva dão o melhor de si, tornam-se mais fortes, dando corpo e sabor intensos. Este Vecchio Amaro del Capo prepara bebidas simples como um Capo Tónico, à qual se acrescenta o sumo de lima que enaltece o sabor dos citrinos. Uma bebida que também se revela um bom ingrediente para preparar Negroni ou Capo Sour.

Preço de venda recomendado: 19,99€

Vecchio Amaro del Capo
Vecchio Amaro del Capo Foto - Vecchio Amaro del Capo

Vinhos numa sugestão Vinalda, a mais antiga distribuidora nacional de bebidas alcoólicas, fundada em 1947.