Conta-se esta história do mundo dos vinhos em poucas palavras. Um casal nórdico de férias num paraíso mediterrânico, perdeu-se de encantos por um vinho de travo fresco, perfeito na acidez, de aroma cítrico e viçoso. Um néctar de casamento perfeito com a cozinha de latitudes meridionais. Findas as férias, eis que ocorre aos veraneantes comprarem algumas garrafas do estupendo vinho para, no longo inverno a norte, recuperarem frente à lareira a magia dos dias mediterrânicos. A experiência não correu bem. O vinho mantinha todas as características que seduziram meses antes. Mas, faltava aos comensais a motivação e o ambiente: o céu e o mar meridionais, o calor temperado com a brisa marítima, a paixão da cozinha do sul. A neurociência explica o ocorrido. Mas, desta feita, fiquemo-nos pelo campo dos sentidos. Não temos as benesses do verão o ano inteiro, mas, ao contrário do casal nórdico, podemos espraiar o espírito estival durante muitos meses, temperado por uma soberba cozinha. E, convenhamos, mesmo o nosso sol de inverno, expõe-se às invejas setentrionais.

A que temperatura servir um vinho no verão?

A temperatura de serviço do vinho afeta a perceção gustativa que temos dele. Desta forma, servir à temperatura ideal melhora a avaliação do vinho e aumenta a satisfação da sua prova. Vinhos brancos, rosés e espumantes devem estar sempre no frigorífico, com as temperaturas recomendadas. Consulte a temperatura recomendada no contrarrótulo. Tenha sempre um frapé ou champanheira com água e gelo para manter o vinho fresco na mesa.
- Vinho espumante: 4-6 ºC
- Vinho branco: 6-8 ºC
- Vinho rosado: 7-9 ºC
- Vinho branco encorpado: 12-14 ºC

Por ora, haja verão na sua plenitude o que significa afirmar disponibilidade acrescida para convívios com familiares e amigos, boa disposição transbordante e, claro, como ‘filhos’ destas paisagens do sul não havemos de desperdiçar a oportunidade para partilharmos uma mesa bem composta. E, neste particular, o da cozinha, nada como contrapor à canícula uma ementa com os indispensáveis da estação: carnes e peixes assados na brasa ou grelhados, mariscos cozidos no ponto, saladas e afins, petiscos e um sem fim de frutas e vegetais. Mesa que é mesa pede, naturalmente, a alma da festa, um bom vinho, adequado ao momento, ou seja, aromático, fresco e, importante, divertido.

Hão de surgir as inevitáveis perguntas: “sim, mas que vinho a acompanhar a mesa?”; “Há alguma região portuguesa que produza vinhos mais adequados ao consumo no verão?”. Diz a voz popular que “não há fome que não dê em fartura”. O mesmo é dizer que a singularidade deste cantinho luso, com as suas diferenças climáticas, geográficas e humanas – chamemos-lhes terroirs de uma região -, nos tem dado num passado recente “pano para mangas” (mais um jargão popular) no que toca a uma oferta generosa e de qualidade na hora de levar o vinho à mesa.

A Vinalda, a mais antiga distribuidora nacional de bebidas alcoólicas, fundada em 1947, ajuda-nos neste propósito, o de brindarmos aos longos encontros de verão com uma seleção de 12 vinhos, entre brancos, rosés, um espumante e um palhete. Isto, sem que falte a distribuição no território, do Minho, a Trás-os-Montes, Beiras, Lisboa, Setúbal e Alentejo.

Confira, abaixo, a seleção de vinhos que promete enriquecer o seu verão.

Vale dos Ares Alvarinho

Vinho Verde – Monção e Melgaço

A origem: um vinho da casta Alvarinho, ‘filho’ do noroeste português, de uma paisagem de verde viçoso, vales ensolarados encaixados nos perfis montanhosos. Este Vale dos Ares Alvarinho, após a fermentação total em inox, contou com um estágio durante o qual se manteve as borras finas em suspensão. Após engarrafamento passou por um estágio de dois meses em garrafa.

A prova: atente-se na cor cítrica e no aroma a vinho mineral, uma vez mais com a presença dos cítricos e da fruta fresca. No palato, revela-se harmonioso, com boa estrutura e acidez equilibrada. Conta com um final de boca elegante e persistente.

Veredito à mesa: ótimo a acompanhar peixe (mesmo peixes mais gordos), mariscos e uma mesa petisqueira por excelência.

Preço de venda recomendado: 11,49 euros

Vale dos Ares, Alvarinho 2020

Cazas Novas Pure Avesso

Vinho Verde

A origem: da casta Avesso, um néctar que nasce de um território de feição atlântica, de clima de verões brandos e invernos amenos e chuvosos. Um vinho que fermenta em cubas de inox com temperatura controlada durante 18 dias.

A prova: na cor revela-se atrativo, citrino, brilhante; um branco com uma boa intensidade e concentração aromática, dominado pelas componentes florais e fruta branca, maçã, um ligeiro herbáceo fresco ligado à sua juventude. No paladar dá-nos prova da qualidade da casta Avesso pelo seu volume e cremosidade, equilibrado numa boa acidez o que resulta num bom final vivo e elegante.

Veredito à mesa: não o perca numa mesa de saladas, carnes brancas, tapas e outros pratos discretos e leves. Afoite-se, por exemplo, numa refeição de cozinha japonesa ou, nos antípodas do sabor, num belo cordeiro à moda da região.

Preço de venda recomendado: 14,99 euros

casas

Terras de Mogadouro Gewürztraminer

Trás-os-Montes. Planalto Mirandês

A origem: uma excelente surpresa que nos chega de uma terra de extremos climáticos, o Planalto Mirandês com os seus verões tórridos e invernos agrestes. A casta Gewürztraminer originária da região da Alsácia, França, a fincar-se em Trás-os-Montes para nos dar um néctar com bouquet pronunciado, rico no aroma a líchias e rosas.

A prova: um vinho de cor cítrica brilhante, exuberante no nariz, boca envolvente com fruta de polpa banca, ótimo volume e frescura, com um final intenso, longo e persistente.

Veredito à mesa: gastronómico, ótimo para ter à mesa essencialmente com peixe, risotos, cogumelos selvagens grelhados; queijos fortes curados de ovelha ou cabra. Condiz com especiarias, como caril. Ótimo para saladas ou mesmo sushi.

Preço de venda recomendado: 11,99 euros

terras

Infantado Branco

Douro, sub-região Baixo e Cima Corgo

A origem: um vinho que personifica a alma duriense de estios vigorosos, invernos longos e frios. Blend de cinco castas (Viosinho, Códega, Gouveio, Rabigato, Malvasia Fina) que fermentou em cuba e com potencial de um a quatro anos para evoluir positivamente em garrafa.

A prova: um néctar de boa tonalidade onde impera o verde intenso. No palato sobressaem as notas minerais e frescas, elegantes, florais e tropicais. Apresenta uma acidez volumosa e um final persistente.

Veredito à mesa: considere este vinho para acompanhar peixes, frutos do mar, carnes brancas e legumes.

Preço de venda recomendado: 10,99 euros

quinta do infantado

Quinta da Biaia 750 Síria

Beira Interior – sub-região Castelo Rodrigo

A origem: o carácter e o empenho na produção que pedem os bons vinhos de montanha. Um néctar da casta Síria biológico e vegan, que nasce a 700-750 metros de altitude, num terroir que tem como cenários os rios Douro, Côa e Águeda. Um vinho que fermenta em inox e estagia em barricas usadas de carvalho francês.

A prova: conte com um vinho pleno de carácter, que revela desde o primeiro contacto um sopro fresco (toranja, lima, hortelã) bem casado com finas notas fumadas. Muita frescura, acidez viva, com um lado cremoso e saboroso que se prolonga na boca.

Veredito à mesa: não desmereça este vinho num prato de peixe e carnes brancas grelhadas.

Preço de venda recomendado: 9,99 euros

quinta da biaia

Cabriz Sauvignon Blanc

Dão

A origem: um néctar com assinatura de um nome maior dos vinhos nacionais, o engenheiro Osvaldo Amado. Vinho que conta com uma mínima intervenção, o que se traduz numa bebida limpa, fresca e muito aromática. Sem madeira e muito elegante. Um vinho do Dão, região de invernos frios e verões amenos, altitudes entre os 400 e os 700 metros e exposições solares adequadas.

A prova: a casta Sauvignon Blanc expressa no Dão todo o seu potencial. Néctar de cor citrina definida com ligeiros tons esverdeados. Aroma com distinta intensidade aromática, sendo predominantemente com frutos tropicais, frutos exóticos, flor de citrinos e nuances de frutos secos. Assume um sabor frutado, fresco, notório volume de boca, elegante e distinta persistência.

Veredito à mesa: acompanha muito bem cozinha mediterrânica – peixes, carnes brancas e marisco; assim como a cozinha chinesa e indiana ou como aperitivo.

Preço de venda recomendado: 8,99 euros

Cabriz

Marquês de Marialva Colheita Selecionada Branco

Bairrada

A origem: um vinho que expressa de forma soberba a região de onde provém. Néctares que tendem a ter uma acidez acentuada e interessantes notas minerais. Quando jovens são leves e frescos com aromas de frutas e com a evolução ganham estrutura e complexidade aromática, com notas de resina.

A prova: a combinação das castas Bical, Maria Gomes e Arinto confere a este vinho uma cor citrina definida com ligeiros tons esverdeados. Enaltece o seu aroma frutado jovem, predominante em notas de frutos de polpa branca, citrinos e nuances tropicais. Apresenta sabor frutado, fresco, harmonioso com notória presença final.

Veredito à mesa: acompanha bem massas, peixes cozidos ou grelhados, mariscos, carnes brancas grelhadas e queijos macios.

Preço de venda recomendado: 5,49 euros

Marquês de Marialva, Colheita Selecionada 2020

Marquês de Marialva Espumante Baga Rosé Bruto

Beira Atlântico

A origem: eis a expressão do Atlântico capturada numa garrafa de vinho. Um néctar da casta Baga (a casta por excelência da Bairrada), mimado pela mão do enólogo Osvaldo Amado.

A prova: vinho cristalino com bolha fina e persistente e de cor rosada bem definida. Apresenta-se com um aroma intenso em frutos vermelhos frescos e geleia dos mesmos. Conta com sabor frutado, frescura moderada, agradável volume de boca seguido de mousse elegante e notável persistência.

Veredito à mesa: momentos de lazer, acepipes diversos, pastelaria fina e frutos ao natural.

Preço de venda recomendado: 7,49 euros

Marquês de Marialva, Baga – Rosé Bruto - Espumante

Quinta do Monte d’Oiro Rosé

Lisboa

A origem: num território onde a feição atlântica se manifesta com forte personalidade, a Quinta do Monte d´Oiro beneficia do seu posicionamento ao abrigo dos perfis mais montanhosos da região. Daí, o microclima mediterrânico, com influência marítima, o que proporciona vinhos de carácter distintivo, como é o caso deste Quinta do Monte d’Oiro Rosé, um néctar biológico.

A prova: um rosé versátil e gastronómico com uma bonita cor, levemente rosada, com aroma discreto, mas bem afinado, lembrando frutos do bosque. Mais expressivo na boca, cheio, seco, com muito boa acidez e frescura, perfeito para a mesa.

Veredito à mesa: muito gastronómico e com aptidão para acompanhar uma grande variedade de pratos de verão, como saladas, entradas, peixe e marisco.

Preço de venda recomendado: 10,99 euros

quinta

Porta 6 Rosé

Lisboa

A origem: Fermentação efetuada em depósitos de inox

A prova:  das castas Castelão, Tinta Roriz e Syrah, um vinho com uma bonita cor salmão. Aroma frutado a frutos vermelhos com morangos, juntamente com citrinos e apontamentos florais bastante fresco. Boca com volume, acidez bem equilibrada e final muito agradável.

Veredito à mesa: Acompanha excelentemente entradas, snacks, peixes, carnes brancas, massas e saladas.

Preço de venda recomendado: 6,99 euros

porta 6
créditos: © 2023 DANIELA SOUSA PHOTOGRAPHY, all rights reserved.

António Saramago Colheita

Península de Setúbal

A origem: “toda a minha vida foi dedicada ao vinho e nunca, em momento algum, a minha paixão abrandou” são as palavras de António Saramago, o mais antigo enólogo em atividade em Portugal, mestre da casta Castelão, ex-libris da Península de Setúbal que, aqui, nos presenteia com néctar das castas Antão Vaz, Arinto e Verdelho.

A prova: vinho de cor citrina, aroma com nuances cítricas, flores brancas. No sabor, há a destacar a boa acidez, equilibrado com notas tostadas, provenientes da madeira.

Veredito à mesa: considere este vinho numa refeição de peixe. Revela-se guloso a acompanhar queijos curados.

Preço de venda recomendado: 9,99 euros

antónio saramago

XXVI Talhas Palhete do Tareco

DOC Alentejo – Vinho de Talha

A origem: a gama ‘Do Tareco’, do XXVI Talhas, presta homenagem aos pequenos produtores de vinho de talha da alentejana Vila Alva que têm dado continuidade a esta tradição ao longo dos tempos e produzem vinho em suas casas, através da mesma técnica artesanal do vinho de talha, em pequenos potes de barro, que localmente são designados por “Tareco”. Estes vinhos representam o vinho - novo - de talha no seu estado mais puro.

A prova: proveniente de uma parcela de vinha onde estão misturadas castas brancas e tintas (Aragonês, Trincadeira, Tinta grossa, Antão Vaz, Roupeiro e Diagalves), revela uma cor vermelha salmão suave, aromas complexos com notas de cereja e madeiras. Na boca apresenta grande equilíbrio de acidez e frescura. Um vinho bem estruturado.

Veredito à mesa: acompanha finamente boas carnes vermelhas, rosbife e carnes grelhadas.

Preço de venda recomendado: 13,99 euros

palhete