Há na capital um novo Jardim, propriedade do Sr. Lisboa, desde 1 de agosto. E que Sr. é este? Um projeto feito a quatro mãos por Francisco Breyner e pelo Chef Pedro Sousa, que também têm a Cozinha do Sr. Lisboa, perto da Avenida da Liberdade.
Desta vez desceram um pouco, mais precisamente para a Rua de São Bento, onde pretendem ser uma lufada de ar fresco no cenário da restauração lisboeta, mesmo a piscar o olho à Assembleia da República.
A esplanada é generosa e o interior do restaurante pretende distanciar-se dos demais pela diferença. Como se de um verdadeiro jardim se tratasse, temos uma árvore a fazer de centro de mesa e uma decoração a rigor, com cadeiras com assentos floridos. São 120 lugares, entre interior e esplanada, onde os pormenores não são deixados ao acaso. Dos guardanapos à loiça de servir, que foi feita artesanalmente e desenhada à medida de cada prato por marcas como Studioneves ou pela artesã Inês Prats, percebemos que este projeto foi pensado ao mais ínfimo pormenor. Algo que nos é confirmado por Francisco Breyner: “Tentamos sempre apelar e pôr um cunho diferente, para que não seja mais do mesmo. Estamos sempre à procura de coisas novas e em outubro estamos já a querer mudar a carta”, explica.
Aqui, as atenções estão viradas para os vegetais, que são os verdadeiros protagonistas da ementa. O Jardim do Sr. Lisboa não é um restaurante vegetariano, até porque a carne e o peixe também têm lugar na carta, mas pretende assumir-se como um agente de mudança na forma como se pensa o consumo atualmente. Aqui querem cozinhar os vegetais aos mesmo nível da carne e do peixe e torná-los cada vez mais uma opção de refeição. E isso está presente, seja na carta de jantar, seja no brunch do fim de semana ou nos cocktails de autor. Mas sem grandes fundamentalismos. A carta foi pensada consoante a sazonalidade dos produtos, provenientes maioritariamente de produtores locais e orgânicos.
A inspiração do Chef Pedro Sousa veio de uma viagem à Dinamarca. “Lá trabalham o vegetal de uma maneira muito sexy. E aqui vamos propor isso mesmo às pessoas de forma a levar o cliente a pensar de outra maneira, focando mais nos vegetais”, explica o Chef que assume a sua identidade culinária como cozinha tradicional portuguesa. “O resultado deixa-nos muito orgulhosos”, conclui Francisco Breyner, que apesar da sua formação em Gestão de Marketing, cresceu no mundo da restauração graças ao negócio da família.
Da horta para a mesa
Entrando de cabeça na carta, o que salta à vista são os nomes diferenciados dos pratos. O primeiro impacto com o menu faz-se com o couvert (5€) composto por pão de fermentação natural da padaria vizinha Marquise, manteiga de levedura e miso e azeitonas do Douro com algas da costa portuguesa. Seguimos para a categoria Bucha, com pratos pensados na partilha, como é o caso do Confronto do mar ao jardim (6,5€), um flatbread de Kombu, mexilhões, tomate de coração de boi semi-desidratado e flores do Jardim, ou o E umas ostras no Jardim (5€), com chilli lacto fermentado, água de tomate fumada e óleo de salsa. Há ainda o Venham mais cinco, mas não paga o Zeca (7€), uns croquetes de beringela com molho de gemas e whiskey, ou o Pede-me isto! (6€), umas tarteletes de cogumelos, manteiga castanha e ervas do Jardim.
Na secção Piquenique, encontramos pratos mais consistentes, onde se destacam o Esta flor não se cheira, frita-se (9€), uma couve-flor frita, o Chora agora! (12€), um tártaro de beterraba semi-desidratada e fumada com emulsão de manteiga queimada, e a Miss Batata (6€), feita com espuma de batata, alcaparras, café, óleo de salsa e de pimenta rosa. O Tomatas-me (10€), peixe da lota em salmoura, texturas de tomate e flores do Jardim, é um dos trocadilhos mais bem conseguidos da carta, ou a refrescante opção Até parece que estou de férias (12€), com melão, framboesas, ameixas lacto-fermentadas e óleo de hortelã.
As sobremesas não podem faltar num restaurante e aqui encontramos uma versão do Pastel de Nata (8€), especialidade da Cozinha do Sr. Lisboa, sob forma de um creme de pastel de nata, molho de canela e gelado de café. Há também a Laranjada (6€ ), uma torta de laranja, gelado de iogurte e pólen de abelha, e o Cuidado que o Figo Pica (6,5€), uma pavlova de maçã verde e catos.
Além dos clássicos, daqui saem vários cocktails de autor resultado de uma consultoria com Constança Cordeiro, da Toca da Raposa. Com nomes de flores, os cocktails usam ingredientes naturais como elementos principais, como é o caso do Orquídea (10€), com rum, gerânio de rosa, morango e espumante, o Dália (10€), com gin, goiaba e cedro, ou o Papoila (10€) com gin, aipo, xerez e tónica. Para tornar a experiência mais especial, o início da refeição pode ser marcado por um cocktail de apresentação em estilo de “couvert líquido” com o Lírio (4€), feito com tequila, pepino e topinambur.
No campo da bebida, cujo responsável é o sommelier Diogo Frade, 70% da carta corresponde a vinhos naturais, portugueses e internacionais, num total de 120 referências. Entre mocktails, digestivos, cervejas artesanais e sumos, há ainda uma seleção de kombuchas.
Aos fins de semana, O Jardim do Sr. Lisboa abre portas um pouco mais cedo para servir um menu de brunch entre as 10h e as 16h. Na carta destacam-se as tostas abertas, mais comuns nos cafés e restaurantes do norte da Europa, com combinações maioritariamente vegetais, mas há também os habituais pratos de ovos, panquecas e bowls. “Tentámos fazer um brunch equilibrado e uma oferta diferente com as nossas tostas abertas, sem nunca esquecer os clássicos”, explica Francisco Breyner.
Há seis opções de tostas abertas, onde se destaca a Tomate (tomate coração de boi, picado de tomate, tomates em pickle e confitados, (12,60€), a Beterraba (beterraba, straciatella, rabanetes fermentados, spice mix do Sousa, pó de beterraba e oxalis, (13,5€) ou a Vegan, com húmus de abacate, espinafre, molho de sementes de girassol e pó de ervas do Jardim (12,5€). Para acompanhar, a proposta é um pairing de cocktails e mocktails (sem álcool).
A complementar este menu estão três pratos de ovos, como são exemplo os Sr. Lisboa, ovo BT, fatias de pão de massa mãe, cogumelos em vinho do Porto, agrião, molho holandês fumado e sementes de papoila (9€), mas também várias opções de panquecas (entre 4 e 6€), doces ou salgadas, bowls de iogurte (5,5€), açaí (6€) ou papas de aveia (5,5€), e até uma proposta “Fora da Cesta”, um esparguete com caviar de algas (12,5€).
Aos almoços, o Jardim tem dois menus, servidos todos os dias úteis até às 15h. O Menu Jardim (15€) inclui sopa, prato, bebida à escolha, sobremesa e café, enquanto o Menu Executivo (12€) dá acesso a sopa, prato, água lisa ou com gás e café.
O SAPO Lifestyle visitou o Jardim do Sr. Lisboa a convite do restaurante.
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