Há clássicos que são isso mesmo por manterem a sua essência durante décadas. Mas, como manter o interesse num espaço em Lisboa, que concorre diretamente e diariamente com novos conceitos, novas cozinhas e novos lugares que fazem publicidade ao Instagramável, na era das redes sociais?

Sabemos que há duas coisas que conquistam qualquer cliente: qualidade do serviço e da refeição. E, acrescentamos nós, um preço justo pelo conjunto.

“Refeição de eleição, até horas tardias”, é a frase que salta à vista quando visitamos o site do Café de São Bento, inaugurando em 1982. Este é um restaurante discreto. O nome denuncia a localização e não é por isso de estranhar que ao longo da sua vida tenha recebido ilustres figuras da política, de Mário Soares a Marcelo Rebelo de Sousa, para uma refeição rápida. Afinal, é só atravessar a estrada e estamos na Assembleia da República.

A discrição começa logo à entrada. É preciso tocar à campainha para entrar no restaurante, o que pode intimidar os menos afoitos, numa primeira visita. Mas depois de passar as portas e o grande cortinado de veludo vermelho, é como se estivéssemos numa viagem no tempo. A génese do espaço foi resgatar o espírito dos cafés Marrare, cafés do napolitano António Marrare, que marcaram a tendência da Lisboa do século XIX, frequentados pela high society e onde se celebrizou a receita de “bife à marrare”
A discrição começa logo à entrada. É preciso tocar à campainha para entrar no restaurante, o que pode intimidar os menos afoitos, numa primeira visita. Mas depois de passar as portas e o grande cortinado de veludo vermelho, é como se estivéssemos numa viagem no tempo. A génese do espaço foi resgatar o espírito dos cafés Marrare, cafés do napolitano António Marrare, que marcaram a tendência da Lisboa do século XIX, frequentados pela high society e onde se celebrizou a receita de “bife à marrare”

A discrição começa logo à entrada. É preciso tocar à campainha para entrar no restaurante, o que pode intimidar os menos afoitos, numa primeira visita. Mas depois de passar as portas e o grande cortinado de veludo vermelho, é como se estivéssemos numa viagem no tempo.

A génese do espaço foi resgatar o espírito dos cafés Marrare, cafés do napolitano António Marrare, que marcaram a tendência da Lisboa do século XIX, frequentados pela high society e onde se celebrizou a receita de “bife à marrare”. E isso, o Café de São Bento entrega. Madeiras escuras, os tons vermelhos e amadeirados, combinados com latão estão lá e mantêm a mesma identidade passados 41 anos – o restaurante completou mais um aniversário no dia 12 de julho. Além do tilintar dos copos e pratos, a música jazz ecoa ao de leve para marcar o tom.

Os habitués do restaurante enchem as mesas à hora de almoço, num espaço onde a consistência é a principal característica. “O chef de cozinha, Manuel [Fernandes], está cá há 37 anos. O Fernando [Teles], que é quem encabeça o serviço e está à noite, está há 38, o Manuel Lobo, que está ali, trabalha cá há 17 anos, o Agostinho há 27 e o Davide [Pinto] outros 20 e tal anos”, explica-nos Miguel Garcia, sócio-gerente do Café de São Bento, que começou a frequentar o espaço precisamente na qualidade de cliente. São eles que marcam presença na chamada “parede dos ilustres”, que faz a ligação à sala do primeiro andar, e onde podemos ver as fotografias dos empregados alinhadas com a escadaria.

Esta é uma das grandes novidades da renovação, que aconteceu com a mudança de gerência recente. O primeiro e segundo nível ficam assim equiparados em termos de decoração, o que dá a ideia de continuidade do espaço. Se antes, muitos ficavam relutantes em subir ao primeiro andar para a sua refeição, hoje, já não há razões para que isso aconteça. “Esse fenómeno acabou, desde que remodelámos o andar de cima, porque justamente, usámos os mesmos materiais que foram usados aqui desde origem. Há uma homogeneidade na decoração e no ambiente”, afirma o sócio-gerente.

No Café de São Bento, onde se servem os “melhores bifes de Lisboa”, há nova vida para celebrar os 41 anos
No Café de São Bento, onde se servem os “melhores bifes de Lisboa”, há nova vida para celebrar os 41 anos

No rés do chão “a remodelação que fiz foi concertar o que estava estragado, recuperar tecidos, para manter este espaço intemporal e sempre igual, seja no ambiente, seja nos bifes e aquilo que se serve, seja nas pessoas”, explica, fazendo questão de destacar que “o Café de São Bento não é uma moda, é algo que continua igual há 41 anos”.

E assim é nos bifes. O restaurante não tem vergonha em afirmar que tem “os melhores bifes de Lisboa”, numa eleição da revista Time Out. Sabemos que “o melhor”, tem sempre muito que se lhe diga, mas se é para puxar pelos galões que seja em bom. O ​bife à café de São Bento tem a mesma receita desde a fundação do espaço, com o molho perfeito para ensopar as batatas fritas, “caseiras, cortadas à mão”, evidencia Miguel Garcia – e a própria carta do restaurante - que partilha uma história engraçada.

“Há uns anos os antigos donos compraram uma máquina para palitar as batatas. Os clientes não gostaram porque diziam que as batatas não eram caseiras. Tiveram de voltar a cortar as batatas à mão”. E assim se mantém, no Café de São Bento. As batatas fritas não são perfeitas, em formato, mas enchem as medidas dos clientes com aquele aspeto e sabor de batatas fritas feitas em casa.

No Café de São Bento, onde se servem os “melhores bifes de Lisboa”, há nova vida para celebrar os 41 anos
No Café de São Bento, onde se servem os “melhores bifes de Lisboa”, há nova vida para celebrar os 41 anos créditos: SALVADOR COLACO

Para compor a trilogia de bifes temos à portuguesa ou o grelhado, que pode ser do lombo, com 200g (28,50€) e 250g (33€), ou da vazia (200g, 24,50€).

Além dos bifes, e ainda nos clássicos, destaque para foie gras de pato (14,50€), com chutney de maçã, pera, tomate e pão torrado ou uns tradicionais camarões al ajillo (13,50€).

Na carta tem ainda entradas para partilhar como steak tartare (13€), que consiste num pedaço de lombo de novilho picado, “temperado como manda a tradição”, servido com tostas, entre outras como presunto Pata Negra (14,50€) ou queijo da Serra da Estrela (11€), que se repete na secção das sobremesas.

Os únicos pratos de peixe são carpaccio de salmão fumado (13€), nas entradas, e bacalhau gratinado (22,50€), nos pratos principais. E há uma opção vegetariana, tarte mediterrânica (18,50€), com legumes estufados, ervas mediterrânicas e tofu em massa folhada, brunhesa de tomate e azeitonas, rúcula e vinagreta de limão. A ementa não é extensa numa prova em que a simplicidade também funciona.

Nas sobremesas o leque de opções é um pouco mais alargado onde destacamos tarte tatin de maçã (9€), servida quente com gelado de baunilha, leite creme (7€), pudim abade priscos (8€), ou “O melhor bolo de chocolate do mundo” (9€).

A carta de vinhos é da responsabilidade do enólogo Rodolfo Tristão que foi também consultor do vinho que comemorou os 40 anos do restaurante. A edição especial, em parceria com a Ravasqueira, traduz-se num tinto com as castas Syrah, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Touriga Franca.

Café de São Bento

Morada

Rua de São Bento 212,
1200-821 Lisboa

Horário

Segunda a sexta-feira das 12h30 às 14h30 e das 19h às 2h

Sábado e domingo das 19h às 2h

Contactos

Mail: cafesaobento@cafesaobento.com
Tlf: (+351) 913 658 343

O Café de São Bento já teve uma versão no Estoril, que, entretanto, fechou, e é uma das presenças desde a reinauguração do Mercado da Ribeira, com um menu adaptado. “Lá temos os croquetes, um prego ótimo ou um entrecôte grelhado”.

Mas as aspirações de Miguel Garcia vão além disso. “Gostava de expandir, mas não com pressa. Pressa é uma coisa que não se pode ter num sítio como este”, explica, sem esconder o desejo de encontrar a localização ideal na zona de Cascais e no Porto. “Num negócio como este, ou se tem paixão, ou é a morte do artista”, conclui.

O SAPO Lifestyle esteve no Café de São Bento a convite do restaurante.