Tinha apenas 18 anos quando, em 1899, no quotidiano do Savoy Hotel, em Londres, em Inglaterra, para onde tinha emigrado, se apaixonou pelas malas de viagens que os hóspedes transportavam e que ele, enquanto carregador de bagagens, tinha de levar para os quartos. Vinte e dois anos depois, em 1921, no regresso a Florença, em Itália, onde nasceu a 26 de março de 1881, decidido a ser empresário e criador de moda, Guccio Gucci abre uma pequena loja de de acessórios em pele, a Azienda Individuale Guccio Gucci.
Inicialmente, vende apenas artigos importados mas, pouco depois, cria uma pequena unidade de produção artesanal com a sua marca. As malas que o florentino confeciona e comercializa despertam a atenção de viajantes e de cavaleiros e o negócio cresce nos anos seguintes. Em 1938, o filho mais velho do empreendedor, Aldo Gucci, convence-o a abrir um espaço comercial em Roma, a capital do país. A maior visibilidade traduz-se em maiores vendas e o pequeno grupo familiar pensa novamente em expandir-se. Milão é o destino óbvio.
Em 1951, há precisamente 70 anos, Guccio Gucci abre a terceira loja da Gucci, em Milão, a capital da moda italiana. O investimento representou um regresso às origens porque, depois do Savoy Hotel e da Compagnie des Wagons-Lits, antes de regressar a Itália, tinha trabalhado na Valigeria Franzi, uma luxuosa fábrica de malas em pele fundada em Milão pelo empresário Rocco Franzi em 1864. Apenas quatro anos antes, em 1947, tinha lançado a Bamboo, a carteira que atraiu atenções internacionalmente e, em 1951, começou a produzir os mocassins que lhe deram fama. Nessa altura, há muito que os seus filhos gerem com ele o negócio e são já eles que, pouco depois da sua morte, a 2 de janeiro de 1953, abrem a primeira loja da marca em Nova Iorque, localizada no luxuoso cruzamento da 5th Avenue com a 58th Street.
Nas duas décadas seguintes, inauguram mais duas na cidade. Em 1961, Londres e Palm Beach também passam a integrar a rede de estabelecimentos comerciais da marca, que chega a Paris em 1963. Grace Kelly, a atriz norte-americana que abdicou da carreira por amor, convertendo-se na princesa do Mónaco, torna-se numa cliente frequente. É a pensar nela que, em 1966, os designers Rodolfo Gucci e Vittorio Accornero criam o lenço Flora, que rapidamente se torna num ícone de moda. Dois anos depois, em 1968, a Gucci chega a Rodeo Drive.
As celebridades internacionais que residem e/ou trabalham em Beverly Hills, na Califórnia, adoptam-na de imediato. O sucesso nos EUA leva os herdeiros de Guccio Gucci a olhar para o continente asiático com outros olhos. A marca chega a Tóquio em 1972 e a Hong Kong em 1974. Divergências familiares levam alguns dos irmãos a servirem-se do nome para lançarem marcas como a Gucci Boutique, a Gucci Plus e a Gucci America. As disputas internas prejudicam o negócio e as vendas ressentem-se. A empresa vive momentos difíceis.
Em 1989, Dawn Mello assume a gestão executiva e a direção criativa da marca. Além de recuperar a carteira Bamboo e os icónicos mocassins da Gucci, contrata Tom Ford. Em 1994, o estilista e realizador norte-americano é promovido a diretor criativo. A marca renasce das cinzas e recupera o fulgor das décadas iniciais. No início da década de 2000, a Gucci volta a viver momentos difíceis. Em 2015, o estilista italiano Alessandro Michele é anunciado como o novo diretor criativo. Em 2019, a empresa faturou 9.600 milhões de euros.
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