O cabelo é um dos fatores de maior importância na nossa imagem. A sua queda em quantidades consideradas elevadas acarreta, na maioria das vezes, um sentimento de baixa autoestima, que acaba por abalar a confiança da mulher. Há que saber, para poder depois agir em conformidade, distinguir entre uma perda de cabelo fisiológica, que pertence à evolução natural do ciclo pilar, da de outro tipo de queda, reativa, mais relacionada, habitualmente, com situações patológicas.
O stresse e a vida agitada dos tempos modernos, uma alimentação nem sempre equilibrada, a menopausa e a gravidez, entre outros fatores, podem levar a uma perda repentina de cabelo na mulher, uma situação esta que deve ser, de imediato, acompanhada por um dermatologista. Neste artigo, explicamos-lhe quais as causas mais comuns por detrás da queda de cabelo, apontamos-lhe os tratamentos mais adequados e ainda indicamos alguns truques de prevenção.
O que afeta o processo de crescimento do cabelo
Cerca de 90% do nosso cabelo cresce ao mesmo tempo. A fase de crescimento pode demorar, em média, entre dois a seis anos. Os restantes 10% encontram-se em fase de descanso, fase esta que tem uma duração de dois a três meses, findos os quais o cabelo acaba por cair. "Se nós considerarmos um número médio de 100.000 folículos pilosos no couro cabeludo, uma queda diária de 50 a 100 cabelos pode considerar-se normal", avisa José Manuel Campos Lopes.
"Se excede esse número, estamos perante uma queda excessiva", alerta o dermatologista. O mais importante é que os cabelos que se perdem sejam recuperados, como muitas vezes sucede. O problema existe quando essa situação não se verifica, uma realidade que nos últimos anos tem vindo a aumentar. Assim, se uma queda em quantidade normal não corresponder a uma reposição igual, irá provavelmente surgir, a médio prazo, um problema de calvície preocupante.
O que distingue os diferentes tipos de queda
A queda de folículos capilares, também conhecida como alopécia, pode ser de dois tipos, cicatricial e não cicatricial. "Nos primeiros, incluímos por exemplo queimaduras, tratamentos de radiações e a consequência de doenças várias, como o lúpus, a tuberculose ou a sarcoidiose, entre outras", esclarece o dermatologista. "Das não cicatriciais, a mais frequente é a alopécia androgenética, com uma origem genética e hormonal", sublinha José Manuel Campos Lopes.
"Há também a considerar o deflúvio telogénico, a alopécia areata, que pode causar peladas de dimensões e número variáveis até à perda total de cabelos em poucos dias em situações mais graves", alerta o especialista, que destaca ainda a tricotilomania, um problema "que ocorre, regra geral, em grupos etários mais novos", como salienta o médico. Cada um destes distintos tipos de queda tem origem num fator diverso, exigindo terapêuticas também elas diferenciadas.
As causas mais comuns
Alguns dos fatores que dão origem à queda de cabelo excessiva estão associados aos estilos de vida e às características de cada indivíduo, enquanto outros dependem de elementos externos, como é o caso da mudança das estações do ano, agravando-se o problema no outono e na primavera. O dermatologista José Manuel Campos Lopes, explica que, "no deflúvio telogénico, o que pode acontecer é o relógio biológico que comanda o ciclo do cabelo estar perturbado".
"Isto acontece devido a uma série de causas muito diversas, que vão desde a toma de alguns fármacos como os anticoagulantes, os betabloqueantes ou antidepressivos, ao stresse, passando por diferentes situações pós-parto, pelas fases de pós-cirurgia e até pelas doenças infecciosas, incluindo a sida", alerta o médico português. Também os ritmos estacionais que alteram a cronobiologia do organismo fazem, como defendem muitos especialistas, nacionais e internacionais, com que o deflúvio telogénico esteja associado a certas estações do ano, como é o caso da estação em que as folhas caem e da estação em que a natureza se renova. Fernando Guerra, também ele dermatologista, tem sido muito confrontado com problemas de queda capilar feminina.
"A alopécia androgenética, causada pelas glândulas hormonais e pelo excesso de hormonas masculinas, vai levar ao aumento da seborreia do couro cabeludo, que pode ser ou não acompanhada de pitiriase capitis, descamação. A alopécia areata tem uma causa imunológica muito relacionada com o stresse. Já a tricotilomania, que pode estar incluída nos distúrbios psíquicos, leva a arrancar cabelo em certas áreas do couro cabeludo", diferencia o especialista.
Os tratamentos que os especialistas recomendam
Tal como sucede nas outras patologias, o tratamento deve depender da causa e pode ser feito tanto a nível hormonal como estimulando o seu próprio crescimento. "Existem produtos tópicos e medicamentos orais, dependendo da gravidade da situação", realça. "Na queda de cabelo androgenética, além da correção com champôs anti-seborreicos, que é fundamental, devem usar-se substâncias que possam minorar a queda, nomeadamente contendo minoxidil", avisa.
"É um vasodilatador também utilizado como anti-hipertensor", esclarece. Nas mulheres, a forma de queda e o tratamento é diverso. Nos casos em que a mulher tenha uma hormona masculina normal, "a toma da pilula como estrogénio ou pílulas em que há estrogénios associados a acetato de ciproterona, um antiandrogénico ou a toma de um antiandrogénio, como a flutamida, pode diminuir essa queda e até mesmo curá-la", afirma Fernando Guerra.
Higiene e prevenção contra a queda
Os conselhos dos especialistas que vão travar a perda de fios capilares:
- Deve lavar a cabeça uma vez por semana com champô anti-seborreico. As restantes lavagens devem ser feitas com um champô neutro, com pH de 5.5, que é o da pele. Não se devem usar produtos básicos mas sim ácidos.
- Se houver uma queda normal e sazonal, devem ser usadas loções simples que existem para atenuar a queda de cabelo e que contêm aminoácidos que vão regenerar topicamente o couro cabeludo, corrigindo essa queda ocasional.
Texto: Mariana Correia de Barros com Fernando Guerra (dermatologista) e José Manuel Campos Lopes (dermatologista)
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