Chama-se Vectra XT 3D e chegou a Portugal pelas mãos de Luísa Magalhães Ramos, médica especialista em cirurgia plástica reconstrutiva e estética. A Ultimate Beauty foi conversar com ela e ficámos a saber tudo sobre este novo equipamento. «Avanços recentes em fotografia tridimensional combinados com um novo software revolucionário permitem às pessoas que estão a pensar submeter-se a um tratamento antever a uma simulação virtual de uma mamoplastia de aumento, procedimentos faciais e outros, antes de realizar a cirurgia», explica Luísa Magalhães Ramos.

O sistema utiliza 12 câmaras digitais que recolhem imagens em 3D do paciente, construindo depois um modelo tridimensional do seu aspeto atual. Estas imagens são depois processadas pelo software e o médico usa as ferramentas de simulação para criar uma imagem do resultado esperado após a cirurgia, permitindo ainda a visualização em vários ângulos.

Como refere a médica especialista em cirurgia plástica reconstrutiva e estética, «utilizando esta tecnologia avançada, o doente pode ficar com uma ideia mais clara dos resultados obtidos após a cirurgia, sendo também mais fácil esclarecer eventuais dúvida. Torna-se também mais fácil explicar detalhadamente o que se pretende com a cirurgia e o médico poderá esclarecer se as expetativas do paciente são realistas.»

Dos EUA para Portugal

A nova tecnologia, já presente em muitos países, foi desenvolvida pela Canfield, uma empresa líder em equipamentos médicos fotográficos. «A comercialização da última versão deste equipamento começou no início de 2014 nos EUA, tendo chegado agora ao nosso país. Este é o primeiro aparelho disponível em Portugal», refere ainda Luísa Magalhães Ramos.

Em que fase é que usa este equipamento com os seus/suas pacientes?

Utilizo o Vectra XT 3D na primeira consulta, sobretudo no caso das mamoplastias de aumento e rinoplastias. Após o momento da captação de imagem, há um momento de análise da imagem que foi colocada em 3D, em que consigo, de uma forma muito clara, explicar às pacientes assimetrias existentes e limitações. Posteriormente, passamos à fase de simulação propriamente dita, em que se podem experimentar diferentes formas e tamanhos e, em conjunto, chegarmos a uma boa solução para cada caso.

Como surgiu a ideia de trazer este equipamento para o seu consultório?

Versões mais antigas deste equipamento são utilizadas há algum tempo em clínicas de referência mundial com as quais já tinha tido contacto aquando a realização de formações e congressos. No entanto, esta última versão, lançada no final de 2013, foi apresentada nessa altura num curso que fiz em Nova Iorque.

Fiquei muito interessada e, em abril do ano seguinte, num congresso em São Francisco, ao conversar com alguns colegas americanos, constatei que estavam bastante satisfeitos com esta última versão. Foi quando tive a certeza e fiz a encomenda. Trata-se de um investimento avultado, o primeiro do género em Portugal, pelo que precisei de ter a certeza que seria uma mais-valia.

Antecipar os resultados da sua cirurgia é uma (nova) realidade
Antecipar os resultados da sua cirurgia é uma (nova) realidade

Veja na página seguinte: As vantagens e as desvantagens desta tecnologia

Quais são as grandes vantagens desta tecnologia?

Acima de tudo, é uma excelente ferramenta de comunicação médico doente, porque vai muito além de uma mera simulação. Trata-se de uma análise detalhada e sistemática dos casos, em que são evidenciados pontos positivos e pontos negativos, que por vezes, por mais cuidadosa que seja a avaliação objetiva podem passar despercebidos. A mim, como cirurgiã, tem-me ajudado a melhorar ainda mais os meus resultados e ajuda-me a explicar às doentes os resultados que são possíveis e os que não são e o porquê de não serem.

Às vezes, quando dizemos a alguém, «Olhe, isso não pode ser», mas não explicamos e não mostramos porquê, as pessoas não compreendem. Com esta tecnologia é possível explicar o porquê de algumas decisões. Para quem faz a simulação, as maiores vantagens são ver no seu próprio corpo as mudanças a que se pode sujeitar e perceber se gosta ou não.

Este equipamento tem alguma desvantagem?

A maior desvantagem que vejo é que, obviamente, trata-se de um simulador e não há uma garantia de resultados, pelo que alerto sempre as doentes para esse fator. Há inúmeros fatores externos que dependem das reações do corpo de cada um e dos cuidados pós-operatórios que vão influenciar o resultado final e algumas complicações que possam surgir.

Pode ser usado em relação a todas as cirurgias estéticas?

Pode, mas por uma questão logística é impraticável realizar em todos os casos, pelo que utilizo sobretudo nas cirurgias relacionadas com mama e com a face.

Como têm sido as reações dos seus pacientes em relação ao que este equipamento lhes mostra?

As reações têm sido extremamente satisfatórias e as pessoas ficam de certa forma aliviadas por poderem ver e decidir algumas coisas antes de avançarem para a cirurgia. Quando veem a sua imagem em 3D e são evidenciados alguns pontos, ouço quase sempre a frase «Nunca tinha reparado nisso»…

Os resultados do depois, fornecidos pelo equipamento, são fiéis quando comparados, a posteriori, com o resultado obtido pela cirurgia?

Acho que, em alguns aspetos, os resultados ficam melhores do que a simulação em muitos casos, o que é preferível.

Veja na página seguinte: As expetativas mais realistas que a tecnologia ajuda a gerir

Esta tecnologia é útil para os médicos na medida em que ajuda os pacientes a terem expetativas mais realistas?

Sem dúvida. Já me aconteceu com duas doentes, quando viram a simulação, dizerem que achavam que iam ficar muito melhores e que não era esse o resultado que estavam à espera. Estes casos são particularmente importantes, pois também não iriam ficar contentes com o resultado da cirurgia. No fundo, fazendo uma certa analogia, é como quando vamos às compras

Antes de comprarmos um vestido, experimentamos para ver se gostamos. Às vezes, não nos fica bem e sabemos porquê. Porque temos uma gordurinha, porque faz um papo, etc… Mas sabemos que é no nosso corpo que estamos a experimentar e que só ficaria igual ao modelo que vimos na revista se tivéssemos um corpo igual.

Com a simulação, é parecido. Por exemplo, no caso da mamoplastia de aumento, são as mamas da própria doente que vão ser aumentadas e é isso que ela vai ver e não outras mamas quaisquer, o que se transmite por expectativas mais realistas e maior segurança na decisão.

Texto: Teresa d’Ornellas