Geralmente, quando os casais se sentam em frente a um terapeuta é porque algo já está mal na relação, mas os ensinamentos daí retirados também podem evitar os conflitos antes destes se iniciarem. De acordo com Catarina Lucas, psicóloga, "é importante procurar ajuda profissional enquanto ainda sentem que têm a base [o amor] e enquanto ainda têm vontade para lutar pela relação", recomenda. O que geralmente acontece é que, realça a especialista, muito diferente.
"Esta ajuda é procurada numa fase muito tardia, quando a base já não se encontra presente", critica. Melhorar a comunicação, a resolução de conflitos e encontrar a identidade de cada um na relação são alguns pontos onde esta ajuda, muitas vezes desvalorizada, pode ter um papel importante. "Todavia, é importante lembrar que esta ajuda pode servir também para descobrir que o caminho talvez já não passe por estarem juntos", remata a especialista portuguesa.
Será também esse o vosso caso? Na tentativa de lhe darmos ferramentas para conseguir essa resposta, perguntámos a Catarina Lucas, quais os conselhos que dá aos casais que a procuram para as suas consultas de terapia, que podem servir para que evitar que as relações cheguem, mais tarde, a um ponto de desgaste. Por vezes, há pequenos gestos que acabam por fazer toda a diferença na vida conjugal. Integre estes mandamentos na sua vida a dois e seja mais feliz.
1. Mostrar empatia
Para Catarina Lucas, esta é uma regra de ouro em qualquer relação. "A empatia é por definição, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Fazendo isto, será mais fácil moldar o nosso comportamento e tratar o outro de acordo com a forma como gostaríamos de ser tratados", realça.
A empatia trabalha-se e desenvolve-se, por isso, quanto mais rápido a começar a implementar na relação amorosa, melhor. "Antes de criticar, de gritar ou de ter outra ação negativa, pense. "Se fosse eu, como gostaria que me dissessem isto?", interrogue-se. "Depois, é só agir em conformidade", refere a psicóloga.
2. Dialogar e comunicar
A (falta de) comunicação é um dos problemas dos casais atuais. "É impossível manter uma relação saudável e feliz onde não existe espaço para dialogar", afirma Catarina Lucas. É, por isso, importante, "falar sobre o que nos incomoda, sobre os nossos planos e permitir que o outro também o faça, isso conduzirá certamente a uma maior cumplicidade na relação", acrescenta a especialista.
3. Demonstrar afeto
Uma carícia, ainda que pequena, já faz a diferença. A psicóloga lembra que ,"com o tempo, muitos casais esquecem-se de mostrar aquilo que sentem e a importância que o outro tem na sua vida". Um erro crasso para as relações. E não basta apenas dizer que se gosta, mas sim demonstrar afeto em pequenos gestos e em pequenas coisas.
4. Sonhar a relação
Hoje em dia, tudo é imediato, tudo acontece de forma muito rápida, mesmo nas relações. No entanto, como lembra Catarina Lucas, "o amor precisa de bases sólidas, precisa ser construído e alimentado". A premissa do hoje queremos e amanhã temos faz com que as relações deixem de ser sonhadas. "Contudo, sonhar faz parte do amor e alimenta-o. Façam planos, idealizem, sonhem", ensina a psicóloga.
5. Avaliar a importância das coisas
É outra das falhas. "Muitas vezes, os casais discutem por motivos de pequena importância, contudo, rapidamente, essas discussões se transformam em discussões maiores", refere Catarina Lucas. Para evitar que isso aconteça, é fundamental avaliar a importância das coisas. "Coloque-se em perspetiva. Será que o mais importante é mesmo onde é que o outro colocou as chaves?", exemplifica a psicóloga.
6. Respirar fundo e acalmar-se
A impulsividade não leva a lado nenhum. "Quando agimos impulsivamente corremos o risco de magoar o outro. Por isso, é importante respirar fundo antes de ir ter com o outro. Seja assertivo e não agressivo. Diga o que sente e pensa sem ferir a suscetibilidade da outra pessoa", sublinha a especialista.
7. Não olhar para as discussões como guerras
São muitos os que o fazem no quotidiano. "Muitas vezes, os casais fazem das discussões batalhas que têm que ganhar. O desejo de mostrar que se tem razão sobrepõe-se a tudo e a certa altura as discussões transformam-se em batalhas", conta Catarina Lucas. Não poderiam estar mais errados, critica. Discutir não é uma guerra mas, sim, um debate de ideias.
8. Cultivar a confiança e o amor
É outro dos mandamentos a seguir, faça ou não terapia de casal. A psicóloga conta que, "não raras vezes, deparamo-nos com casais que há muito deixaram de funcionar como um casal e que se limitam a ser duas pessoas que partilham uma casa, filhos e contas". Nesses casos, nota-se, acrescenta, que "o amor se perdeu porque se foi instalando a distância, a falta de cumplicidade e a ausência de carinho".
"As relações precisam de alimento e, às vezes, quando nos apercebemos, já não existe mais nada", observa. "Estivemos distraídos ou demasiado ocupados nas tarefas do dia a dia", justifica Catarina Lucas. "Quando assim é, o risco de entrada de outras pessoas ou de infidelidade acaba por se tornar mais elevada", acrescenta ainda a psicóloga.
9. Respeitar e amar
Muitas vezes esquecido, este mandamento é essencial. Segundo Catarina Lucas, "esta é a base para qualquer relação", assegura. "Sem respeito e sem amor, dificilmente conseguiremos manter uma relação feliz a longo prazo. Sem esta base, até podemos tentar construir as paredes e aguentá-las durante algum tempo, mas mais cedo ou mais tarde elas ruirão", afirma ainda.
10. Motivar e encorajar
Estar lá para apoiar a cara-metade nas suas batalhas é outro conselho para que uma relação seja saudável. "Não critique e também não minimize. Juntos serão mais fortes. Sentirmo-nos minimizados na relação é meio caminho andando para o insucesso", explica a psicóloga.
11. Não desvalorizar a vida íntima
Em terapia de casal, a vida íntima é, sem dúvida, um dos pontos mais fraturantes. "Muitos casais relatam dificuldades a este nível, sobretudo, na frequência das relações sexuais. É importante manter uma vida sexual satisfatória para ambos, fazendo-o com base no diálogo e expressão de necessidades de cada um", afirma ainda.
12. Cuidado ao envolver outras pessoas
É frequente envolver amigos ou familiares nos problemas, pedindo apoio ou conselhos quando há crises no seio do casal, mas haja como prudência, avisa Catarina Lucas. "Quantas mais opiniões, mais difícil será resolver o problema", adverte a especialista. Além disto, recorde-se que, quando tudo estiver resolvido, estas pessoas continuarão a ter toda a informação e a saber a crise por que passaram. Selecione a informação a transmitir", aconselha mesmo a psicóloga.
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