O SAPO Lifestyle nunca foi a um salão erótico como o Eros, mas este ano a curiosidade falou mais alto e quisemos saber mais do que por lá se passa.
Em entrevista, Juli Simón, o diretor do salão, revelou o que faz deste um evento de sucesso em 4 países e levantou um pouco do véu sobre as novidades deste ano.
O salão erótico, que tem lugar entre 10 e 13 de março na Exponor, promete continuar a surpreender e a aquecer as noites de muitos casais.
O Eros é considerado o maior evento erótico em Portugal. Em termos de logística como se prepara um evento desta magnitude?
O ErosPorto é um evento que se prepara durante todo o ano. A nossa função como organizadores é a de incentivar as empresas e pessoas que trabalham com a sexualidade a apresentarem propostas, atividades e projetos no evento. Desde produtoras de cinema pornográfico a fotógrafos, escritores, tatuadores, empresas de tecnologia virtual, canais de televisão, webmasters, dominadoras, entre muitos outros. O ErosPorto pretende ser a casa do erotismo e do sexo em Portugal. A logística de organizar coisas tão diversas é muito complicada. Todos os anos os nossos fornecedores fazem tudo para satisfazer todas as necessidades.
Todos os anos tentam trazer novos nomes e atrações/áreas para o salão. Como se processa esta escolha?
Os grandes eventos de qualquer setor caraterizam-se por apresentar novidades: o automóvel mais recente, o último equipamento ou cosmético. O Sexo e o Erotismo também funcionam com esta lógica. No ErosPorto são apresentados os mais recentes jogos eróticos, publicações, arte, workshops com novas teorias sobre comportamento sexual ou novas áreas relacionadas com a sexualidade (como é exemplo do foot fetish). Tudo o que descobrimos relacionado com o Sexo e o Erotismo tentamos que esteja presente no ErosPorto.
Por falar em foot fetish, uma das atrações deste ano, quais as outras novidades preparadas para os visitantes?
Um cinema onde vão ser projetadas as produções pornográficas realizadas em Portugal nos últimos 10 anos; uma área de iniciação ao sexo tântrico; um SPA erótico onde se poderá desfrutar de uma massagem relaxante; uma loja de artesanato BDSM; uma sexshop exclusiva para gays; a apresentação de dois livros e um cenário privado de fotografia, onde todos poderão fazer fotos nus.
Quais as atrações/áreas que têm mais sucesso e são mais procuradas pelo público?
Cada pessoa é sexualmente distinta da outra. E no ErosPorto esta diversidade está muito presente. Tentamos que haja uma grande variedade de atividades, como acontece com os shows, que são de todo o tipo: lésbicos, striptease, pole dance, shows de porno, trios que incluem dois homens, orgias, bondage, fetichista, porno gay e entre outros. Para além disso temos ainda as atividades relacionadas com a informação (palestras, workshops e consultórios sexológicos), lojas, arte, bodypaint, cinema e muito mais. Cada pessoa visita o ErosPorto de forma distinta e é muito difícil dizer o que tem mais êxito. Mas tendo que identificar algo, penso que os shows são o que mais atraem o público.
Em anos anteriores vocês incorporaram uma componente educativa no evento. Isto é algo fundamental num evento deste género?
Temos dois princípios que nos definem. Primeiro, o respeito pela diversidade sexual e a promoção do sexo seguro. Sexo sim e sempre. Sem tabus mas sempre sexo seguro. Este princípio de defender o sexo seguro faz com que estejamos em contacto com todas as associações que trabalham na prevenção das doenças de transmissão sexual. Outro princípio é do que a sexualidade é algo que se aprende, que pode ser melhorada e que qualquer melhoria na nossa sexualidade nos faz melhores. E é por este motivo que o ErosPorto engloba a transmissão de informação por especialistas sobre todos os temas relacionados com a sexualidade.
A maior parte das pessoas já sabe o que pode encontrar no Eros. Mas há muitas pessoas que também o visitam por mera curiosidade, certo?
É certo e lógico. Muitas pessoas não sabem o que vão encontrar no ErosPorto. São pessoas que gostam de sexo e que vêm para “descobrir” o ErosPorto. Temos consciência desta realidade e parece-nos muito bem porque é através da curiosidade que a humanidade evoluiu. O facto das pessoas se moverem pela “curiosidade erótica” parece-nos positivo. É como ir ao cinema sem ter lido a crítica de um filme… vai-se por dois motivos: porque se gosta de cinema e porque há algo no filme que nos atrai. O visitante “curioso” do ErosPorto (quase 50%) vem porque gosta de sexo e há alguma coisa que ouviu que o convenceu.
O Eros já vai na 9º edição mas a verdade é que os portugueses ainda têm muitas reservas relativamente ao tema da sexualidade. O que é atrai tanto as pessoas?
Etiquetar as sociedades constitui um risco. Nós que organizamos eventos eróticos em Espanha, México, Argentina e Portugal, nunca o fazemos. A sexualidade de cada sociedade é diferente e manifesta-se publicamente de forma diferente. Na minha opinião a sociedade portuguesa é muito tolerante nos temas do sexo. Os meios de comunicação, os profissionais relacionados com o sexo, os artistas portugueses, as autoridades e o público foram, desde o primeiro ano, muito abertos. E uma das coisas que mais me surpreenderam e que me faz aplaudir é que, de todos os eventos que organizámos, o ErosPorto é o que apresenta uma maior assistência feminina.
Como têm corrido as edições anteriores?
Nas primeiras oito edições visitaram o ErosPorto mais de 180 mil pessoas. É um número muito elevado, sobretudo em tempos de crise económica. Estamos muito satisfeitos com a resposta massiva do público português porque ao ErosPorto vêm visitantes de todo o país.
De que forma é que as pessoas se comportam num evento deste tipo? Existem alguns cuidados e restrições por parte da organização?
Este é um evento para maiores de idade e controlamos muito para que não acedam menores de 18 anos. O nosso objetivo é que o visitante do ErosPorto seja representativo de toda a sociedade portuguesa quanto ao género, classe social, cultural e etária.
Querem que este evento seja um espaço onde as pessoas possam perder as suas inibições?
O ErosPorto é um evento que não se pode visitar de forma inibida porque se vai conhecer realidades distintas da nossa, ouvir falar de sexo, conhecer na primeira pessoa artistas que estarão nus ou assistir a shows que excitam. Queremos que o público venha divertir-se, excitar-se, aprender coisas novas e desfrutar de arte… E se sai feliz e tendo aprendido algo que melhore a sua sexualidade, para nós é “objetivo cumprido”.
Quantos artistas vão estar presentes nesta edição?
Mais de 100 artistas que vêm de 18 países distintos. Estes artistas estão há meses a preparar as suas atuações no ErosPorto 2016. São profissionais de primeiro nível mundial, um elenco de luxo. E isto é possível porque o ErosPorto já faz parte dos grandes eventos eróticos da Europa, o que explica o facto de virem empresas de diferentes países para expor, assim como algumas das principais produtoras europeias.
Quais as expectativas para este ano?
Que cada um dos visitantes termine a visita a dizer: “Valeu a pena ter vindo!”
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