Não é necessariamente anormal, mas pode salvar a vida saber como agir e actuar de forma mais racional e construtiva. Porem a maioria dos DdoA precisa de aprender a fazê-lo.
A dependência do amor é progressiva, isto é, à medida que a relação se torna mais disfuncional e menos “apaixonada”, reage-se de forma mais descontrolada.
O que começou com uma preocupação e/ou desconfiança com o tempo pode desencadear isolamento, ciúme, ansiedade, depressão e ou fantasias suicidas.
Observo alguns pacientes com comportamentos destrutivos e disfuncionais em relações. Tornam-se hábitos (padrões) adquirindo uma vida-própria.
É um sistema característico de crenças e valores disfuncionais gerador de sofrimento.
Por ex. reagimos frequentemente às pessoas que se auto-destroem drogas, álcool, jogo patológico, trabalho patológico, sexo compulsivo, etc), aprendendo também a autodestruir-nos (adoptando o papel de vitimas e/ou salvadoras).
Estes hábitos podem conduzir ou manter em relações que não funcionam. Comportamentos que podem sabotar os relacionamentos, que de outro modo poderiam funcionar. Obstruem os caminhos da paz de espirito e a felicidade, nas pessoas mais importantes – nós próprios.
Algumas características dos Dependentes do Amor
- Viver em função da própria relação. Não restam energias para outros compromissos.
- Limites débeis nas fronteiras do ego. (Desenvolve-se a noção errada de que os dois devem ser um).
- Abuso físico e/ou emocional.
- Após a perda do amor ficam incapazes de terminar a relação.
- Medo de tomar risco saudáveis e resistência exacerbada à mudança. Sentem-se ameaçados.
- Limitados na evolução/desenvolvimento individual.
- A verdadeira intimidade é percepcionada como uma ameaça. Sente-se exposto e vulnerável.
- Jogos psicológicos (a relação é um palco de representações) – vitima, salvador e perseguidor.
- Falta de espontaneidade na troca de afectos – “Só dou se receber em troca”
- Focar-se nos outros e naquilo que eles precisam de mudar.
-Depender dos outros para se sentir completo, seguro e equilibrado.
- Procurar “milagres” externos para resolver problemas na relação – Ainda acredita no Pai Natal?
- Desenvolver expectativas irreais (exigências) em receber amor incondicional. "Se eu sofrer por ti, amas-me?"
- Assumir uma atitude de auto-controlo e recusa de compromisso na relação.
– “É mais confortável rejeitar do que ser rejeitado.”
- Depender dos outros quanto à própria auto-afirmação e vigor.
- Sentimentos de abandono, solidão e extrema insegurança na relação. Segredos e isolamento.
- Antecipar situações catastróficas e negativas para o futuro.
Evitar aquilo que tememos, por ex. medo da intimidade.
- Esperar que o parceiro/a adivinhe, bem como seja o responsável pelo bem-estar do outro (necessidades, sentimentos, dificuldades)
- Comportamentos manipuladores/controlar (jogos de poder) de forma a manter a desigualdade na relação. “A melhor defesa é o ataque.”
Como Recuperar da Dependência do Amor
Acredito que a recuperação seja um processo de avanços e recuos. Recordo vários casos cujas pessoas procuram, de uma forma genuína, viver segundo padrões saudáveis e construtivos.
Aprende-se a desenvolver competências cognitivas (informação/consciência) que aumente a motivação para a mudança/acção com o apoio de pessoas significativas e/ou profissionais de confiança.
- Adopte uma postura assertiva na gestão dos conflitos na relação. Evite a agressividade, a passividade e/ou a manipulação.
- Aprenda a perdoar-se através de caminhos espirituais.
- Procurar o positivo e largar a rigidez das crenças e os mitos disfuncionais.
- Conheça e examine honestamente a sua historia pessoal, não a do parceiro/a (ex. relacionamentos e sentimentos).
- Faça meditação e oração diariamente. Por ex. frequente aulas de Yôga
- Pratique exercício físico por ex. aulas de grupo.
- Escreva diários pessoais.
- Não recorra a drogas, álcool e /ou tabaco como estratégia de evitar as emoções dolorosas.
- Pratique leitura/informação sobre o tema.
- Aprenda a desfrutar de estar na sua própria companhia. Faça pausas de reflexão.
- Aprecie o contacto com a natureza.
- Aprecie e pratique hobbies (pintura, musica, jardinagem, espectáculos, voluntariado, etc.)
- Faça afirmações positivas diárias (Eu sou uma pessoa...)
- Aprenda a confiar na sua intuição e na criatividade.
- Envolva-se com pessoas positivas e autênticas.
- Peça ajuda e evite os segredos (vegonha, culpa, ressentimento, isolamento)
- Frequente grupos de inter-ajuda.
As relações são como uma dança, com energia visível a correr de uma parceiro para o outro. Algumas relações são uma dança de morte lenta e obscura. Colette Dowling
Técnico de aconselhamento de comportamentos aditivos.
Formação em Inglaterra (Farm Place e Broadway Lodge)
e nos EUA (Hazelden Foundation).
Consultas directas: Tmv 91 488 5546
Comentários