Muitos pais queixam-se de que toda a gente quer ter uma palavra a dizer quando um novo bebé chega à família. E os avós costumam ser particularmente participativos neste processo. Mas será que as suas regras ainda funcionam? “A verdade é que parte do que foi considerado recomendável no que toca à educação e à saúde infantil nos anos 80 e 90, parece uma loucura nos dias que correm”, alerta um artigo da Baby&Cild. “Grande parte do manual dos pais da velha guarda foi desmascarado pelos especialistas em puericultura”.

Desmame precoce

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que os bebés devem ser amamentados exclusivamente nos primeiros seis meses, especialmente em países subdesenvolvidos, onde o acesso à água limpa é problemático. Por outro lado, a geração de nossos pais queria dar sólidos às crianças o mais rápido possível. Nos anos 70 e 80, a maioria das crianças era iniciada nos alimentos sólidos até aos quatro meses e muitas deixavam de mamar aos três. Diversos estudos efetuados nos últimos 40 anos mostraram que o desmame tardio é benéfico para o bebé, e que a introdução de sólidos cedo demais pode aumentar o risco de alergias, problemas cardíacos e obesidade no futuro. Especialistas em saúde sugerem que os pais devem esperar que o bebé seja capaz de se sentar para então dar-lhes comida sólida.

Deixar as fraldas

Na década de 1980, muitos bebés ainda usavam fraldas de pano e, por isso é compreensível que fossem treinados para as deixar antes dos 18 meses. Mas os pais modernos que têm acesso a fraldas descartáveis ​​não estão com tanta pressa para treinar as crianças no bacio. Na verdade, muitos adiam essa transição até aos 3 anos, idade em que muitas crianças vão para a escola pela primeira vez. “Não importa o que a avó pensa, os especialistas dizem que quanto mais esperar, mais rápido será o processo e vários urologistas pediátricos já vieram alertar para os riscos de um treino precoce. Tirar a fralda cedo demais pode dar origem a enurese noturna (xixi na cama até tarde), infeções urinárias e aumento do número de acidentes”, defendem os especialistas.

As poções para as cólicas

Gerações inteiras de pais veneraram uns frasquinhos de líquido mágico contra as cólicas, que, supostamente, atenuavam os sintomas da prisão de ventre. “Essa poção mágica era uma panaceia para tudo”, sublinha o artigo. Lembrando, porém, que “depressa se constatou que o segredo do produto estava no elevado teor alcoólico do mesmo – entre 3,6 e 8 graus”. Claro que os médicos modernos não querem ouvir falar destas poções. Refira-se que muitas marcas adotaram versões sem álcool, o que, “sem surpresa, não foram tão eficazes a acalmar e a adormecer os bebés”.

Crianças no banco da frente

As gerações antigas tinham uma visão bem mais descontraída no que toca à segurança rodoviária. Talvez descontraída demais. “Apesar dos riscos óbvios (62% da mortalidade infantil dos EUA é provocada por acidentes de viação), até há pouco tempo era comum ver crianças pequenas sentadas no banco da frente do carro ou empoleiradas nos joelhos dos pais, muitas vezes sem cinto”. Mas o mundo evoluiu e a lei mudou – felizmente.

A liberdade ontem e hoje

É uma reclamação frequente entre os mais velhos: os pais de hoje são demasiado protetores com os filhos. Afinal, a geração dos adultos que hoje têm 40 anos brincava na rua, e sem supervisão, até ao anoitecer, comia os doces que estivessem ao seu alcance e ficava sozinha em casa muito cedo. Os telemóveis e os GPS eram coisa de ficção científica e não havia problema nenhum em deixar um filho no carro sozinho para ir às compras.  Andava-se de bicicleta sem capacete e apanhavam-se escaldões sem medo. Mas seria isso aceitável nos dias que correm? “Não há nada de errado em dar às crianças um pouco de liberdade, mas elas não precisam de sofrer na pele para aprender”, sublinha o artigo, Aiofe Stuart-Madge.