Pode ser amor, mas não foi uma decisão tomada por iniciativa própria. Cerca de 30% dos avós espanhóis que cuidam dos netos fá-lo por decisão dos filhos. A conclusão é de um relatório da Associação de Serviços Integrais para o Envelhecimento Ativo (SIENA), divulgado pelo suplemento de educação do El Mundo.

O estudo foi feito com 750 inquiridos com mais de 60 anos (e até aos 69), 75% dos quais mulheres e 25% homens Cerca de 86% dos participantes afirmou ter netos, os outros 14% ainda não são avós. De entre os primeiros, 73% disse tomar conta deles - 38,7% alguns dias por semana; 23,5% todos os dias.

Sònia Díaz, socióloga e responsável de projetos da SIENA, usou o termo “avós escravos” para classificar aqueles que são obrigados a tomar conta das crianças e não conseguem dizer que não aos filhos”.

E referiu ainda que, se 46,8% dos avós cuidadores confessou ter tomado essa decisão em conjunto com os filhos, 30,8% admitiu terem sido os pais das crianças a decidir. Só 12,6% garantiu que a oferta partiu deles próprios.

Facto preocupante é que cerca de metade dos participantes concordou que o “avô-escravo” faz sentido, ainda que mais de um terço não goste do termo e diga que cuidar dos netos “é um prazer”.

As tarefas dos avós cuidadores são variadas e passam por levar as crianças à escola, tomar conta delas nos tempos livres e dar-lhes as refeições.

A socióloga atribui e fenómeno à transformação evidente do modelo de família e às consequências da crise económica que se instalou na Europa, e naquele país, há quase uma década. E define dois tipos de avós:

  1. Os que cuidaram dos filhos e agora cuidam dos netos como uma herança natural, e que se sentem felizes com isso.
  2. Os que cuidam dos netos e não conseguem impor limites aos filhos.26

Neste último caso, e como defende a especialista espanhola, vários avós dizem sentir-se angustiados devido ao excesso de responsabilidade e à diminuição de energia, havendo quem fale mesmo de “esgotamento”.