Quando chega a hora dos filhos saírem de casa, é muitas vezes difícil para os pais readaptarem-se e encontrarem sentido na sua nova vivência diária.
A questão é que tentamos preparar-nos de todas as formas para receber os filhos, mas raramente procuramos estar preparados para os deixar sair de casa e seguirem outras direções.
Cada família readapta-se à saída dos filhos de forma diferente, mas, em alguns casos, a sensação de se ter perdido os filhos pode levar a quadros de sofrimento psicológico intenso e sensação de solidão, como se, “agora que não tenho cá os miúdos, que sentido tem a minha vida?”
Quando os filhos saem de casa e o ninho fica vazio, os pais têm vários desafios:
1. Aceitar que os filhos tenham os seus próprios sonhos
Muitas vezes os pais projetam tudo aquilo que sempre desejaram nos seus filhos e, quando os filhos decidem não seguir os sonhos dos pais e fazer de forma diferente, isto é muito difícil de gerir por parte dos pais. Nestas circunstâncias, além da sensação do ninho vazio, gera-se muitas vezes a sensação de que o trabalho enquanto pais não foi feito de forma certa. Por isso, recorde-se o seu filho tem direito a seguir os seus próprios sonhos, mesmo que esses sonhos não estejam a condizer com os pais.
2. Aprender a cuidar de si
Se até aqui cuidou dos seus filhos, agora é altura de cuidar de si! Olhe para esta nova fase como uma oportunidade para conseguir dedicar mais tempo às suas necessidades, aos seus sonhos e a tudo aquilo que até aqui não conseguiu fazer por sentir que o tempo escasseava.
3. Reinventar a relação de casal
Voltarem a ser apenas dois exige mais tolerância, proximidade e diálogo. Muitas vezes são os filhos que criam uma ponte entre o casal. Quanto os filhos saem de casa é importante redefinir essa ponte. Por isso, aproveite para dedicar mais tempo aos interesses que têm em comum, aos projetos conjuntos e ao romance.
4. Permita-se a sentir e a fazer o “luto”
A saída dos filhos de casa é, muitas vezes, próxima de um luto, um luto de uma forma de vida e uma readaptação a uma nova forma de vida. Por isso, é essencial que, numa primeira fase, se permita a estar triste, a fazer o “luto”, a partilhar aquilo que sente quer com os seus filhos, quer com outras pessoas importantes à sua volta. Para que, depois, seja capaz de se adaptar e de, com garra, criar uma nova forma de estar na vida.
Quando o ninho fica vazio, aquilo que é mais importante é lembrar-se que o facto dos seus filhos saírem de casa não significa que não continuam a precisar de uma mãe, ou de um pai, significa apenas que precisam de forma diferente.
Todos precisam de tempo para se adaptar a novas formas de relação e a novos papéis.
A mãe e o pai são sempre fundamentais quer na vida de uma criança, quer na vida de um adulto. Nesta fase, descubra de que forma pode continuar presente na vida dos seus filhos de forma positiva quer para si, quer para os seus filhos.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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